sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

DECLARAÇÃO

Venho através desta, declarar, que por motivos alheios à minha vontade, não escreverei mais nada neste blogue no presente ano (2010) para não ferir susceptibilidades, nem vos massacrar com patetices. Dentro da disponibilidade que me for possível, contactarei o Dagoberto e o Malaquias para procederem à limpeza das instalações, de modo a que os trastes velhos sejam enviados para a reciclagem! A tempestade que se avizinha exige um Plano de Emergência que a todos deve unir na acção! Porque mais nada há dizer, com os beijinhos e abraços da praxe, faço conta de ainda celebrar 2011, fazendo votos que o mesmo se passe convosco! A LUTA CONTINUA, ANO VELHO PARA A RUA!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

2011......

Voz Activa

Canta, poeta, canta!
Violenta o silêncio conformado.
Cega com outra luz a luz do dia.
Desassossega o mundo sossegado.
Ensina a cada alma a sua rebeldia.

"Miguel Torga"


Um ano de 2011 com tudo de bom e.....

......................................Um abraço do maior que o mundo.

Ana

BOM ANO NOVO

Então, ainda que as perspectivas sejam bastante más (a não ser que haja Petróleo no Beato) façamos votos para que o ano de 2011, seja melhor do que foi o de 2010. Eu e os meus camaradas sindicalistas estivemos em muitas lutas e se no próximo ano estivermos em menos significa que as coisas melhoram! Mas não quero crer!
Para todos incluindo o Dagoberto e o Malaquias, com os tais beijinhos e abraços, votos de um BOM ANO NOVO

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Natal

Um anjo imaginado,
Um anjo dialéctico, actual,
Ergueu a mão e disse: - É noite de Natal,
Paz à imaginação!
E todo o ritual
Que antecede o milagre habitual
Perdeu a exaltação.

Em vez de excelsos hinos de confiança
No mistério divino,
E de mirra, e de incenso e oiro
Derramados
No presépio vazio,
Duas perguntas, regeladas
Como a neve que cai,
E breves como o vento
Que entra por uma fresta, quelizento,
Redemoinha e sai:

À volta da lareira
Quantas almas se aquecem
Fraternamente?
Quantas desejam que o Menino venha
Ouvir humanamente
O lancinante crepitar da lenha?

Miguel Torga

____________________________"____________________________"______________________

Feliz Natal e um abraço, cheio de saudades, do tamanho do mundo.

Ana

É NATAL

É Natal.
Que os Homens não esperem por esta quadra para sentirem o Natal.

HISTÓRIA ANTIGA
Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto: Uma cara de burro sem cabresto E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via Que naquela figura não havia Olhos de quem gosta de crianças.

E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia, O malvado, Só por ter o poder de quem é rei Por não ter coração, Sem mais nem menos, Mandou matar quantos eram pequenos Nas cidades e aldeias da Nação.

Mas, Por acaso ou milagre, aconteceu Que, num burrinho pela areia fora, Fugiu Daquelas mãos de sangue um pequenito Que o vivo sol da vida acarinhou;

E bastou Esse palmo de sonho Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus; E meter no inferno o tal das tranças,S ó porque ele não gostava de crianças.

Miguel Torga

UM FELIZ NATAL CHEIO DE AMIZADE, PAZ E ALEGRIA.

Jaime Matos

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Histórias de Vida - Sentimentos

“Não podes fazer tuas, todas, as dores alheias, e sobretudo não podes desresponsabilizar sempre os outros”

Tinha sido isto que lhe dissera a sua filha mais velha quando a tinha visto com lágrimas nos olhos, por causa da coroa de flores que estava depositada a meia dúzia de metros da porta da sua casa.

No inicio dessa semana tinha havido na sua rua, habitualmente pacata, uma perseguição policial a uns alegados traficantes de droga.

A Eva estava no seu quarto quando ouviu o que lhe pareceu o barulho de tiros e de choques de carros. Já era habitual, no tempo de chuva, na rotunda frente ao seu prédio, alguns carros despistarem-se e irem bater nos que estavam estacionados.

Correu para a sala abriu a janela e deparou-se com uma cena de filme, uma série de carros de pantanas, um grande aparato policial um carro virado em sentido contrário, carros civis a pararem e deles a saírem, homens à civil, a sacarem de armas.

O marido e uma das suas filhas saíram para a rua, mas a Eva limitou-se a ficar a observar da janela.

A filha veio dizer-lhe que era, ou tinha sido uma perseguição policial, que os alegados traficantes estavam algemados a sangrar, deitados no chão e que a polícia já dominava a situação e que afinal os civis armados eram afinal polícias.

Entretanto chegaram três ambulâncias e a preocupação da Eva era porque é que os jovens continuavam no chão, algemados, a sangrar.

A Eva não tinha estômago para ver cenas daquelas sem dizer nada, por isso fechou a janela.

Quando o marido voltou disse-lhe que os jovens já tinham sido levados do local.

No outro dia alguém comentou que o mais novo (18 anos) estava em prisão domiciliária e que o outro de 25 anos estava em prisão preventiva.

No chão onde o mais novo tinha estado algemado as marcas de sangue continuavam visíveis.

A Eva ficou em estado de choque quando reparou que nesse local, passados dois dias, estava uma coroa de flores.

Afinal o mais novo dos alegados traficantes tinha morrido.

Os comentários, nos locais públicos, eram de todo o tipo. Que não se tinha perdido nada, que a coroa era para provocar a polícia etc., etc.

A Eva não conhecia os pormenores do que tinha acontecido mas não podia deixar de pensar que algures, uma mãe chorava por um filho adolescente que tinha morrido antes de tempo, e que nenhum mãe ou pai, por muito bem que eduque os filhos está livre de desgostos.

A coroa entretanto foi retirada mas a Eva continua a pensar, cada vez que passa pelo local, que na sua rua, muito perto da sua casa, um jovem morreu antes de tempo.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Boas Festas


Ramadão
Um muçulmano durante o período do Ramadão senta-se junto a um alentejano no voo Lisboa - Funchal. Quando o avião descola começam a servir as bebidas aos passageiros.

O alentejano pede um tinto de Borba. A hospedeira pergunta ao muçulmano se quer beber alguma coisa. Responde o muçulmano com ar ofendido:

- Prefiro ser raptado e violado selvaticamente por uma dezena de putas da Babilónia antes que uma gota de álcool toque os meus lábios. O alentejano engasgando-se, devolve o copo de tinto à hospedeira e diz:

-Eu também, eu também. Não sabia que se podia escolher!!!


eheheheheheh,


Beijos e abraços dentro das necessidades....

Jaime Matos

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

PARA TODOS

Por vezes poucas palavras dizem muito! Por isso para todos vós, caros amigos aqui deixo os desejos de UM FELIZ NATAL e um NOVO ANO BOM!
Embora todos saibamos das dificuldades que aí vêm!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL...

simplesmente fantástico!
http://www.youtube.com/watch?v=tgtnNc1Zplc
FELIZ NATAL : )
Beijos e abraços dentro das necessidades...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Ídolos - Cromos da Política

Amig@s, desculpem a ousadia mas não resisti à tentação de partilhar convosco!


Quem terá perdido tempo a fazer isto?
* GENIAL*
1 Abraço dos grandes
ef

domingo, 12 de dezembro de 2010

Histórias de Vida - Sensações....

Naquela sexta feira a Eva tinha acordado estranha. Sentia-se a pairar, como se estivesse a observar, à distância, como se estivesse a flutuar como se não participasse no que se passava à sua volta.

Tinha sido assim o dia todo e agora às sete e tal quando se dirigia para a porta do escritório pensou com os seus botões:

- “De certeza que vou ter de cá voltar”

E não é que quando já vinha a descer a rua do Carmo o telefone tocou e lá teve ela de voltar para retirar um cheque do cofre que tinha de ser entregue naquele dia.

Apanhou o comboio mais tarde e como fazia ultimamente escolheu o lugar !!!!

Ao seu lado ia uma senhora a ler e nem quando a Eva pediu licença para se sentar lhe concedeu um simples olhar!

- “Cada um virado mais para dentro que o outro ” - pensou a Eva.

Duas filas à frente reparou numa jovem de cabelo vermelho que se assoava. A senhora da fila ao lado olhou para a Eva e fez um encolher de ombros. A Eva voltou a olhar para a jovem ruiva e reparou que as lágrimas lhe caíam silenciosamente pela cara e que discretamente as enxugava com a mão.

A Eva já tinha estado na mesma situação a chorar num lugar público sem se conseguir conter. A sua vontade foi mudar de lugar, ir sentar-se junto da jovem e perguntar-lhe se podia ajudar mas conteve-se e pensou que se a situação piorasse iria lá oferecer-lhe ajuda.

Foi desviada do problema da jovem por uma serie de vozes femininas que falavam em português do Brasil, mas muito alto. A Eva não tinha nada contra ninguém mas porque raio é que algumas, muitas, brasileiras tinham, sempre de falar tão alto. Era como que dissessem chegámos, vimos e vencemos.

Se lhe perguntassem, a Eva sem olhar era capaz de descrever a maneira como estavam vestidas. Enfim, cada um sobrevive como pode.

E a jovem ruiva continuava a chorar e a mandar mensagens pelo telemóvel.

Na estação seguinte entrou um homem na casa dos trinta anos com uma mala de viagem de um tal tamanho que a Eva deu consigo a sorrir e a pensar que não era ele que trazia a mala mas sim o contrário. Reparou que a mala não estava devidamente fechada e pensou:

- “ Será que saiu de casa à pressa. Que foi uma daquelas separações de que agora tanto se fala por causa de alguma brasileira?” – Será?

Estava quase a chegar à sua estação e a Eva reparou que o homem na casa dos trinta também ia sair.

Olhou uma vez mais para a jovem ruiva e achou-a mais calma.

O homem passou pela Eva arrastando a mala e dirigiu-se para a outra porta mais distante.

A Eva sorriu e pensou:

- “ Vou deixar-me ficar para trás para ver se está alguém à sua espera”.

Na plataforma estava uma mulher com uma saia mais curta do que o habitual com ar de quem estava à espera.

- “Deve ser brasileira pensou a Eva”.

A Eva abrandou o passo, olhou para trás e viu o tal homem beijar a tal mulher.

Abrandou, ainda, mais o passo de forma a deixá-los passar por ela e não é que a mulher falava português do Brasil !!!!

Os beijos que deram até saírem da estação foram mais que muitos.

-“Que sejam felizes” pensou a Eva enquanto passava por eles.

Convivio


Hoje, estive junto de uns amigos de outras caminhadas e fizemos um almoço, juntamente com as famílias, almoço esse onde exorcizamos o que nos vai na alma.

Este grupo de amigos é um grupo de grandes malucos que como não tem nada para fazer, caminha. Não, não são daquelas caminhadas de fazer ver que estão na moda, mas são daquelas que nos fazem bem à alma, e ao espírito.

Todos os anos, e não é por tradição, mas por vontade, juntamo-nos dias 9, 10 e 11 de Maio e pormos-nos ao caminho e vamos a pé a Fátima. Com paragem sempre garantida em Tomar (dia 9/5)Uns por devoção, outros por cumplicidade, outros por amizade, outros por ir e outros porque não?. O motivo não interessa, o que interessa é mesmo a cumplicidade de todos e o bem que isto nos faz e nos aproxima.

Como se ainda não bastasse, juntamos-nos e fomos a S. Tiago de Compostela, fazer, em A

no Jacobeu, uma caminhada para também nos fortalecer como grupo e nos aproximar em quanto pessoas. O motivo esse sim, de partilhar e sentir experiências, ímpares, que só nestas alturas se experimenta e se compartem.

Mas, e estava hoje no almoço e pensei "e o meu grupo de Lisboa", esse grupo que apesar de longe ainda deve manter alguma ligação entre si, ou não? Alguns de nós de certeza que sim, pois além de nos comunicar-mos temos vontade de estar juntos novamente.

E então, pensei que tal fazer-mos um almoçarito de "bom 2011", em que estejamos juntos com a família e partilhemos vontades e cumplicidades.

Aqui em Castelo Branco, com um programa cultural e gastronómico.

pensem nisto, divulguem que passaremos á acção lá para a 2ª semana de Janeiro.

Fiquem bem, grade abraço e beijos, dentro da necessidades...

Jaime Afonso de Matos
Caro Amigo Virgílio.
Nesse mesmo dia em que o Tornado passou por Tomar, disse para comogo, "espero que o Virgìlio esteja bem".
A preocupação ficou, mas infelizmente e por culpa do raio da vida, só hoje quando vi o blog é que vi que falhei, devia ter telefonado.
Amigo Virgílio, DESCULPA.
Espero que tenha recuperado não só do susto, mas acima de tudo a tua casa. Sei que provavelmente já é tarde mas se precisares de alguma ajuda, diz.Abraço, Jaime

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

OBRIGADO ANA!!!

Poucas linhas, que o espírito ainda não se acalmou! Parte do telhado da minha casa... foi nas asas do tornado que passou na minha cidade... ontem com uma série de amigos meus começámos a recuperar as coisas! São preciosos os amigos, e senti lágrimas nos olhos quando numa chamada não consegui identificar a voz dizendo que era a Ana! Mas qual Ana? E do outro lado, "a Ana do Curso!", foi um balsamo porque há sempre alguém mesmo que longe... está muito perto!
Foi um dia intenso de trabalho, quase sem comer nem beber, até recuperar o imprescendível, mas amenizado com uma lufada de esperança transmitida pela mensagem de amizade dada pela Ana!
Obrigado Ana! Beijinhos e abraços para os restantes!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

JÁ ABRI

É certo que há muito que esparávamos por ele, mas por uma razão ou outra o CD não foi aberto de imediato, pelo menos por parte daqueles que por aqui se manifestam, que continuo a sublinhar que são muito poucos, ou porque não sabem escrever (o que não é verdade) ou porque não sabem como actuar num blogue (o que não acredito) ou porque o tempo não lhes permite ( o que é uma desculpa esfarrapada) ou porque não querem ( o que se compreender porque a liberdade individual não deve ser sacrificada à mania de uns maduros aqui quererem escrever umas coisas). Mas não é disso que se trata, mas do CD.
Finalmente ontem à noite lá o abri. Já reparei que traz muito material e até já consultei algum, agora com o tempo, faço questão de ir pesquisando mais qualquer coisa, o que certamente me vai trazer à ideia algumas das situações vividas no nosso curso, desde o atraso dos comboios até aos pequenos-almoço em que os bolinhos e o queijo eram acompanhados de bom vinho e em algumas situações com a delícia do Mouchão. Tudo isto rematado com aquela máquina de café que ficava na ante-câmara da varanda onde se podia fumar um cigarrito (maldito vício!) Vejam lá o que um CD pode fazer, experimentem e recebam abraços e beijinhos segundo os géneros!

domingo, 5 de dezembro de 2010

"Os meus poetas" - Eugénio de Andrade

Os Amigos

Os amigos amei

despido de ternura

fatigada;

uns iam, outros vinham,

a nenhum perguntava

porque partia,

porque ficava;

era pouco o que tinha,

pouco o que dava,

mas também só queria

partilhar

a sede de alegria —

por mais amarga.


"Eugénio de Andrade"

sábado, 4 de dezembro de 2010

COM DESCULPAS... E TUDO!

Ora, qual prenda de Natal antecipada, recebi o CD do nosso Curso! Provavelmente os meus queridos amigos e condiscípulos também. O Dito CD, pode vir atrasado (mas tarde é o que nunca aparece) no entanto vem acompanhado de um ofício com um pedido de desculpas, o que fica sempre bem e acaba por nos satisfazer um pouco o ego!
Para ser sincero ainda não o abri porque só o recebi ontem à noite e ando para aqui atrapalhado com a organização de dois colóquios a realizar nas próximas semanas sobre Direitos dos Consumidores, um destinado ao público em geral e outro que tem como destinatários preferenciais os alunos do secundário. Mas como além disso tenho as responsabilidades na CGTP-IN e as coisas têm de ser preparadas, tenho estado até às tantas a trabalhar, apesar de não receber horas extraordinárias. Aliás nem sequer o reposicionamento devido, facto extensivo aos restantes trabalhadores do município (por da Opção Gestionária) o que originou já um abaixo assinado, pois as verbas foram aprovadas pela Assembleia Municipal e estavam previstas no Orçamento da Câmara. Por isso ontem também houve uma reunião com o STAL (delegados, dirigentes regionais e nacionais) e o Presidenta da Câmara, no final foi-lhe comunicado que perante a sua posição só os tribunais poderiam resolver a questão. Por tudo isto o CD só deve ser visto amanhã! Para todos um bom fim-de-semana, com os beijinhos e abraços do costume!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

"Os meus poetas".....Outono

Outono

Outono.
(A palavra é cansada...)
Tudo a cair de sono,
Como se a vida fosse assim, parada!

Nem o verde inquieto de uma folha!
O próprio sol, sem força e sem altura,
Olha
Dum céu sem luz e levedura.

Fria,
A cor sem nome duma vinha morta
Vem carregada de melancolia
Bater-me à porta.


Miguel Torga - Poesia Completa

sábado, 27 de novembro de 2010

"Os meus poetas"...... Liberdade

Liberdade

- Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te humildemente,
O pão de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.


- Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
- Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome

" MIguel Torga - Poesia Completa"

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

ESTA GENTE

Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco

Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis

Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre

Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome

E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada

Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo

Sophia de Mello Breyner Andresen

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Pensamentos do dia

"Não olhes para trás que te atrasas"

O que eu queria dizer era:

Janeiro de 1974

Abraços
Ana

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Pensamento do dia

"Não olhes para trás que te atrasas"

Tenho tentado fazer disso um lema, mas está a tornar-se dificil.

Em Janeiro de 2004, em pleno regime facista a empresa onde eu trabalhava, fez greve durante três dias.O espirito de luta e de coesão era tal que a "parada" estava cheia de operários de administrativos, enfim, com todos os trabalhadores.

Hoje, em pelo regime "democratico", em vesperas de se fazer uma greve geral o meu entusiasmo é praticamente nulo.

Perguntarão porquê?

E eu respondo com perguntas:

- Quantos jovens irão fazer greve? Quantos trabalhadores?

- Será que não vão ser só os trabalhadores de cinquenta e tal anos que vão ter coragem ?

Vem isto a propósito de alguns comentários que ouvi hoje e que se resumem num deles:

" A Malta tem medo"!!!!!!!

Um abraço
Ana

Pensamento do Dia

Olá caros amigas/os
Quantos de nós por vezes não nos levantamos com um pensamento que nos acompanha ao longo do dia.
Hoje deixo um pensamento que nos deve permitir pensar e talvez sorrir...

"No mundo actual, investe-se cinco vezes mais em medicamentos para a virilidade masculina e silicones para as mulheres do que na cura do Alzheimer. Daqui a alguns anos, teremos velhas de mamas grandes e velhos com pénis duro, mas nenhum se recordará para que servem".

Abraços e beijos dentro das necessidades,
Jaime Matos

domingo, 21 de novembro de 2010

MISSÃO

« Deixem passar...»
Havia sentinelas a guardar
A fronteira do sonho proibido.
Mas ergui, atrevido,
A voz de sonhador,
E passei
Como um rei,
Sem dar mostras do íntimo terror.


E cá vou, a passar,
Aterrado e sozinho,
A lembrar
O santo-e-senha com que abri caminho....

"Miguel Torga - Diário"

- Para o Jaime e para o Luis e para todos aqueles que embora lidando com a morte todos os dias, continuam a acreditar na vida...

Um abraço do tamnho do mundo
Ana
É domingo, para alguns o fim-de-semana terminou, para outros (eu), a semana começou.
Mais uma vez estou a trabalhar, fechado junto dos doentes.
Lá fora frio , muito e alguma chuva, pouca.
As visitas estão para entrar, e já estou a imaginar os pais de uma senhora de 40 anos que está an lutar com vida, a chorarem e a pensar que depois de tanto sofrimento, estarão na eminência de ver partir a filha.
No outro dia em desabafo dizia entre os lábios com as lágrimas a correr "..não sei se terei forças para cuidar dos meus netos...".
Fiquei pensativo, porque também tenho filhos e gostaria de ter netos (ainda longe...), pois a vida realmente resume-se a nada. Há que vivê-la no dia-a-dia, com humildade e com a noção que poderá não haver o amanhã.
Tento sempre estar "up", e no outro dia a ler algo, vi este poema que realmente ilustra este sentimento que sinto quando olho para oa pais da doente.

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.

À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.(…)
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;

Mas acordámos e ele é opaco,
Levantámo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.(…)

Come chocolates, pequena; Come chocolates! Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Fernando Pessoa

Abraços e beijos dentro das necessidades,
Jaime Matos

SILVO

Vou convosco, invisíveis companheiros.
Ouvi o apelo, e sigo nestes versos
Ao vosso encontro.
A noite é um largo leito de renúncias
Adormecidas,
Mas nós não temos sono
E abrasa-nos a fé na madrugada.
Vamos! Vamos, fraternos,
Paralelos nos trilhos do destino,
Dizer bom dia ao sol, o deus menino,
Eternamente loiro e renascido
No presépio dos mundos apagados.
Saudar a esperança é o prémio concedido
Aos acordados!

"Miguel Torga - Diario"

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

REPENSAR AS LUTAS

A Greve Geral está aí à porta, com o extraordinário triunfo de termos obtido a adesão à nossa proposta a central da UGT, o que já não acontecia há mais de 20 anos. Demorou mais foi! Já o disse ou escrevi em outras situações, que contudo há que dar passos na direcção de criar novos meios de luta, alternativas que pesem mais no Estado e na própria economia nacional. Ainda que não falhe uma greve (houve excepções em dias de formação), não sou por princípio um adepto feroz desta arma, até porque se formos a ver o trabalhador perde sempre, pelo menos o salário correspondente ao dia.
Pode pensar-se por exemplo na recusa de pagar imposto (greve fiscal), ou omissão de votar em em eleições (greve eleitoral). Não quero com isto dar soluções, mas somente ver até que ponto estamos abertos ao diálogo e a encontrar outras "armas", se saberemos perspectivar, através do debate, outros caminhos para defender quem trabalha, sem ser o de lhes retirar direitos.
Afinal todos nós somos pessoas inteligentes como já tivemos oportunidade de mostrar, todos nós somos sindicalistas e temos, tivemos ou teremos responsabilidades nesta área de intervenção social e laboral. Então porque não despoletarmos aqui um debate de regeneração que pode ter efeitos no futuro. Fica o desafio, com abraços e beijinhos.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Histórias de Vida – Amorfismo ou Medo?

Um destes dias ouvi um dirigente sindical afirmar em público que tínhamos que acabar com o amorfismo em que os portugueses estão.
Há muito tempo que não ouvia empregar este termo e tive dúvidas se o estava a entender bem. Pensando melhor penso que o que quereria dizer é que os Portugueses precisam de reagir de partir para a luta de não se acomodarem….
Não sei se os Portugueses estão a sofrer de amorfia mas tenho a certeza que a uma boa parte deles o que os impede de falar é o MEDO, MEDO de perderem o emprego, MEDO de serem agredidos. MEDO !!!!! MEDO !!!!! De tudo.
Vem isto a propósito de uma cena a que assisti nos Armazéns do Chiado na cafetaria dum espaço que vende livros, música….
Estava eu sentada a uma mesa, a comer, quando vejo uma jovem com uma chávena de chá numa mão e um prato com um bolo na outra dirigir-se para uma mesa que estava vazia. Volto a olhar e vejo-a a voltar para trás a abanar a cabeça, com um ar indignado.
Moral da história, estava um grupo na fila para pagar os cafés e um dos membros saiu da fila para ir “marcar” a mesa e a jovem que estava à frente ficou sem lugar.
Ofereci-lhe lugar na minha mesa, que aceitou, e fiquei com vontade de a questionar porque é que não tinha dito nada, mas não o fiz. Certamente o que a travou a ela foi o medo de uma discussão em público. O que me travou a mim foi o pudor, não a quis incomodar mais do que já estava.
Será que já não vale a pena reagir? Que já estamos tão esgotados? Que já nos consideramos derrotados?
Quem responde ????

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Sementeira

Sementeira

Foi a mão como um ralo a semear
Que me disse que sim, que acreditasse;
Que a vida era um poema a germinar,
E portanto cantasse

Miguel Torga -Poesia Completa I

domingo, 14 de novembro de 2010

Esta Gente / Essa gente

Esta Gente / Essa Gente

O que é preciso é gente
gente com dente
gente que tenha dente
que mostre o dente

Gente que não seja decente
nem docente
nem docemente
nem delicodocemente

Gente com mente
com sã mente
que sinta que não mente
que sinta o dente são e a mente

Gente que enterre o dente
que fira de unha e dente
e mostre o dente potente
ao prepotente

O que é preciso é gente
que atire fora com essa gente

Essa gente dominada por essa gente
não sente como a gente
não quer
ser dominada por gente

NENHUMA!

A gente
só é dominada por essa gente
quando não sabe que é gente

Ana Hatherly, "Um Calculador de Improbabilidades"

Uma boa semana e .... um abraço do tamanho do mundo

Ana

MORREU O HOMEM DO MOUCHÃO

Cá ando entretido com as minhas coisa. Uma dedicação ao Grupo de Teatro e Convívio da Associação Recreativa das Aboboreiras, no qual já desempenhei papéis em três peças (eu que só no ciclo preparatório tinha feito teatro). Mas o que mais me seduz, e foi para isso que me disponibilizei é a parte organizativa e nesse aspecto realizámos duas Noites de Fado e um Ciclo Cultural (com teatro, música, poesia, artesanato e feira do livro) que se repetirá em 2011. À parte esse aspecto é a escrita que me "embebeda" e duas peças infantis já foram a cena e a terceira vai este Natal, ao mesmo tempo que estou a escrever uma mais complicada e que me levou a descobrir muita coisa da história de Portugal! Mas se tudo isso é bonito e sedutor, também existem os momentos menos bons!
Francisco Vigário, o criador da bebida Mouchão que alguns de vós provaram, faleceu no passado fim-de-semana! Homem integro, um Comunista de elevada dignidade e amizade ao próximo e nem o facto de na década de setenta ter sido nomeado regedor da freguesia, o impediu de esconder em sua casa o grande mestre Fernando Lopes Graça quando este vinha à terra Natal para conviver com os seus! Com o senhor Vigário comecei a ter os primeiros contactos há cerca de 20 anos (mais coisa menos coisa) quando "descobri" o sabor do Mouchão que ele fazia na sua tasca "Casa dos Passarinhos" na rua Gil Avô. Desde que o estabelecimento ardeu, há uma década, passou a fazê-lo em sua casa.
Nos últimos meses estava muito doente e visitei-o com uma frequência de duas ou três vezes por semana, e quando a conversa para isso se encaminhava dizia-me com um sorriso: "olhe Saraiva, só os burros é que não mudam!"
Não me perdoava nem por nada eu não ser membro do PC, mas nem por isso se furtava a uma boa cavaqueira e se a oportunidade surgia lá estava a trave mestra do seu discurso que me deixava sempre sem resposta. Tomar perdeu mais um grande homem, daqueles simples na forma de estar mas magnânimos pela sua entrega a causas. Além de três filhos e uma filha, deixou cá muitas lições... e o sabor inconfundível do Mouchão!

Na Noite...

Boas noites a todos e tudo de bom.
Aqui estou eu no meu trabalho a fazer mais uma noite....
Aqui dentro o ambiente é pesado. Uma pessoa nova, mal e outros um pouco mais velhos acabados, mas quente.
A vida é isto mesmo, um crescendo, queremos que sempre bem, mas às vezes, nem por isso.
Lá fora frio, chuva e vento.
Parece que chegou o Inverno.
Penso naqueles que por infortúnio da vida ou por outros azares estarão ao relento, sem a possibilidade se se aquecerem física, social ou até mentalmente.
Já nem direi que mais uma vez será NAtal, esse tempo que, blá, blá, blá, blá.
Tenho pena que apessar de todas as dificuldades emergentes na sociedade, continuamos a pensar só em nós, no nosso bem estar e pouco preocupados com os outros.

Que apesar de tudo começemos a ser mais solidários e abrangentes com os outros.
Boa preparação para o Natal.

Mas antes, que a solidariedade apareça a 24 mas de Novembro. Que caminhemos todos por mais justiça, igualdade e solidariedade.
Um abraço ou beijinho, dentro das necessidades.
Jaime Matos

sábado, 13 de novembro de 2010

Histórias de Vida - Medo, racismo ou precaução

Naquele dia, contrariamente ao que lhe era habitual a Eva não se sentou no 1º lugar que lhe apareceu pela frente, quando entrou no comboio.

Parou, olhou em volta e escolheu o local onde se queria sentar, sem antes pensar com os seus botões que estava a ficar medricas.

Na semana anterior tinha perdido por pouco o comboio das 20,00 horas e teve de esperar pelo seguinte.

Quando entrou na carruagem esta estava vazia e sentou-se no primeiro lugar que lhe apareceu. Quando o comboio estava quase a partir entraram três mulheres, negras, que se sentaram nos lugares ao pé da Eva.

A que se sentou ao seu lado, quando o fez, deu-lhe uma cotovelada e, nem se dignou pedir-lhe desculpa.

A que se sentou à sua frente ferrou-se a dormir e ninguém a ouviu durante toda a viagem.
O problema foi o comportamento das outras duas. Iam entretidas a comer castanhas, cruas, a cuspirem as cascas e a Eva continuou a levar cotoveladas durante a viagem.

Cada vez que levava uma cotovelada a Eva olhava para a sua companheira de viagem que nunca se deu ao trabalho de lhe pedir desculpa nem de cuidar se quando cuspia as cascas a atingia.

A situação estava a ficar deveras desagradável para já não falar que conversavam animadamente, aos gritos, mas as em crioulo.

A Eva cada vez se encolhia mais no seu lugar até que a outra mulher que estava sentada ao lado da que dormia, disse meio em crioulo meio em português, para a outra ter cuidado que ainda partia a “branquela”.

Quando ouviu isto a Eva olhou em volta e reparou que 90% dos passageiros da carruagem eram de cor negra e pensou com os seus botões que o melhor era aguentar calada porque ninguém viria em seu socorro se o caldo entornasse.

Quando as duas mulheres saíram a Eva respirou de alívio sem deixar de reparar na sujeira que tinham deixado no chão e nos bancos do comboio.

Olhou para a que estava à sua frente e reparou que tinha um bonito penteado entrançado, olhou melhor e, reparou que no dito cabelo se passeava um bichinho.

- Será algum piolho?

- Mau, mau só me faltava agora apanhar piolhos para completar a viagem.

- “Não, não é racismo mas sim medo” - pensou a Eva com os seus botões - “A partir de determinada hora tenho de começar a ter mais cuidado onde me sento, porque isto hoje, podia ter dado para o torto.”

A Eva recordava tudo isto quando se sentou ao lado de uma mulher de cor, com bom aspecto.

- " Hoje a viagem vai correr melhor"- pensou ela.

- Estarei a ficar medrosa? interrogou-se

- Não, não é medo nem sequer racismo, é, apenas precaução. Concluiu a Eva após se ter sentado.
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Bom domingo
Um abraço
Ana

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

"Antes tarde que nunca"


A vida prega-nos partidas. Umas boas, outras assim assim e outra ás vezes menos boas.


Que não sirva de desculpa mas cada um deve-se confessar a quem de direito.


E agora boas tardes /noites a todos.


Desaparecido sim, mas sempre presente.


Há uns tempos, num momento fugaz com o Ulisses, dizia-lhe eu que se o IBJC estava vivo, pois nunca mais deu sinal. Formar também com o intuito de de dar formação, pareceu-me bem, mas...


Exprimi a minha estranheza pela nunca chegada do "CD" prometido que deve ser como D. Sebastião, há-de aparecer numa manhã de nevoeiro. Espero que não e que este apareça como prometido.


Esta sensação de estranheza, de frustração, levou a colocar-me inúmeras questões, umas filosóficas, outras mais pragmáticas.




  • Por onde andariam quase todos os bloguistas e restantes formandos?


  • Porque foi adiado sine die, o almoço de convívio que tanto expectávamos?


  • Será que as pessoas podiam ter mudado tanto?


Hoje e após alguns tempos de reflexão e após a mensagem do Virgílio, decidi voltar novamente, espero mais regularmente, para dizer nem que seja o que me vai na alma.



Para a Ana, coragem sem excepção, não posso de deixar o primeiro beijinho. admito que não sou muito virado para a poesia, nem para a prosa, mas gosto de ler todas as suas histórias e apontamentos. Não tenho muito jeito para escrever, mas gosto de ler e reflectir.



Para o Virgílio, grande Amigo, Homem eternamente grande, um abraço de saudade. Quando penso nesses tempos passados juntos com a maior harmonia e sinceridade, não posso de pensar numa grande pessoa e num amigo sempre coerente e sempre com uma pontinha de reflexão, obrigando-me a questionar .



Para o Egídio"Pai e Mãe" do blogue, grande companheiro de estadia, sempre com o lugar de estacionamento reservado "que saudades deve ter a EMEL de ver esse carrito sempre no mesmo sítio", com a enorme capacidade de conciliar e de espicaçar para motivar, grande impulsionador de um almoço "esquecido". um enorme abraço de amizade, Temos falado "pouco" por mail, mas já tenho saudades de falar pessoalmente.


O Luís, esse companheiro de viagens e do dia-a.-dia, não preciso de dizer nada, pois tenho a sorte de o ver todos os dias e de o abraçar.


Para os outros, o António, ainda me manda mails, mas para todos os outros, um grande beijinho e abraços de saudade.


Já disse que a vida dá voltas, mas uma volta tão grande que não tenham dito mais nada?


Sei que todos temos muito mais vida para além do blogue, mas sem os amigos, a vida não vale de nada. Na minha profissão, e porque vejo muita coisa, defendo e pratico que devemos viver a nossa vida no dia-a-dia, se possível rodeado daqueles que mais queremos .


Zé Rui já és Presidente? grande amigo.


Para terminar e tendo a noção que estive um pouco afastado só fisicamente, queria propor-vos um desafio.


Que tal marcar um almoçarito com comida tipicamente beirã, em Castelo Branco par o início de Janeiro? Pode ser que seja o recomeço de grandes momentos de grandes tertúlias.


Por agora beijos e abraços dentro das necessidades,


Sempre amigo, Jaime Afonso de Matos


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

MAIS UM CRIME EUROPEU!

Olhando assim de relance fica a dúvida se a União Europeia pretende mesmo o desenvolvimento equitativo dos países membros ou apenas o enriquecimento do eixo Paris-Berlim, com algumas benesses a Londres e quiçá ao Benelux.
É que hoje foi proposta mais uma machadada na Economia nacional, quando se colocou a hipótese da redução de captura de pescado nas costas portuguesas, em cerca de 10%. Este facto é não só potenciador de uma redução de receita, como também de aumento da despesa, pelo facto de se ter de adquirir mais ao estrangeiro ao mesmo tempo que se deixa de vender. Mas é igualmente um péssimo contributo social, já que irá originar mais desemprego na actividade profissional das pescas aliada à consequente necessidade de transferir verbas para o apoio aos desempregados.
Ao longo dos anos, os diversos governos portugueses, foram-se "vendendo" por "meia dúzia de tostões de mel coado" que só beneficiaram alguns, mas contribuiu para a destruição completa do tecido empresarial português, nomeadamente no âmbito das pequenas e médias empresas!
Parafraseando o actual Presidente da República, chegou o momento de dizer: "deixem-nos trabalhar"! E já agora que o citei gostaria de ouvir da sua boca um total repúdio por mais este crime da União Europeia, visto ter andado tanto tempo a dizer que o nosso futuro económico estar ligado ao mar! Ou será que tornará outra vez a ser cúmplice de mais um Crime Europeu!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Sabedoria do Mundo

Sabedoria do Mundo

Não fiques em terreno plano.
Não subas muito alto.
O mais belo olhar sobre o mundo
Está a meia encosta.

"Friedrich Nietzsche "

Formação - Saiu-me a Fava

Hoje foi o meu primeiro dia, em que, oficialmente me tornei formador.
Acedi ao convite de uma empresa de formação para "formar" futuros electricistas.
São "putos" sem hábitos de estudo, sem educação básica, oriundos de famílias desestruturadas, sem interesse na formação assumidamente e que por cima, logo no primeiro dia, tiveram que "gramar" 4 horas consecutivas (com os devidos intervalos de 50 em 50 minutos), de uma matéria que para eles, ainda é chinês, A ELECTRICIDADE.
Fiz este "sacrifício" hoje que vai ser prosseguido amanhã e depois.
Não sei ainda (porque não tive o contacto com eles), o que os formadores das outras cadeiras dirão mas, não auguro nada de bom.
Como nos bolos rei de antigamente, a alguns saía o brinde. A outros a fava.
Para mim já adivinharam o que me calhou.
Abraços e beijos
ef

CARTA ABERTA COM SENTIDO...

Caras amigas e caros amigos, formandos do Curso de Formadores de SST no IBJC, e a outros hipotéticos leitores:
Esta carta aberta, não é mais que uma resposta para a angústia da Ana, não pretendendo ser uma crítica a ninguém! É claro que em bom português se costuma dizer que "quem cala consente" e assim se deve tomar como vinculativa a proposta feita no nosso (único) jantar no final do curso! Não me recordo de quem partiu a ideia, mas uns concordaram e outros não se manifestaram e nenhum dos elementos do grupo pôs em causa o facto de ter uma senha para aceder (participar) no blogue, o que por si constitui uma manifestação de aceitação. Durante algum tempo ainda foram surgindo escritos de outros activistas e participantes no curso, mas começaram a escassear, porque talvez os assuntos não lhes interessassem, mas o que se pedia, nesse caso era que trouxessem matérias de interesse. Eu, pela minha parte, deixei de escrever com tanta frequência pela mesma razão porque abandonei a oficina. Participar num espaço onde se lançam dúvidas e questões para o debate e ser o próprio a vir depois desenvolver o tema (por vezes com erros) não me parece muito agradável, depois porque este espaço constitui um meio para pessoas de experiências e opiniões diversas pelo que há matérias que deverão ser tratadas com alguma subtileza no respeito da identidade cultural, social e política de cada um, daí que assuma com outra frontalidade certas questões no meu blogue!
A Ana tem sido sem dúvida a Alma deste espaço, quer nos desafios que tem lançado quer nas propostas e debates provocados, mas infelizmente não tem tido a solidariedade dos outros, e aqui também me incluo, mas não desistiu. Pensei que a proposta da "história comum" criasse uma certa dinâmica o que não aconteceu e esperei sempre que o terceiro ou quarto capítulo fosse escrito por outra pessoa, a Ana avançou, e na minha teimosia continuei a aguardar que outra voz se fizesse ouvir naquela história... mas mais ninguém participou e a história morreu. Ficou muito pouco de um ano de são convívio!!!
Para a Ana: peço desculpa pela ausência, mas sempre que puder e o assunto se enquadre faço conta de aqui deixar algumas palavras, mas para isso é bom que pelo menos uma vez por semana também encontre alguns dos teus desabafos. Para o Egídio: não é por nada, mas também podias dar uma ajudinha maior. Para os restantes: (sem querer ferir susceptibilidades) um homem sem memória não tem história!
Por ora abraços e beijinhos, consoante o género, e solidariedade para o Malaquias e o Dagoberto que pela nossa apatia podem muito bem representar os milhares de desempregados do nosso país!

domingo, 7 de novembro de 2010

Esperança

Esperança

Espremo o sol num poema, e bebo o sumo.
Pode muito esta humana fantasia!
Navegava a direito, no meu rumo,
Qundo nisto,
A monção
Desvia-me das velas a ilusão
E atola-me num mar de calmaria!

Mas resisto,
Embebedo-me assim na solidão,
E aguardo que renasça a ventania....

"Miguel Torga"

Será que vale a pena continuar?

Boa tarde

Ontem, numa conversa sobre o nosso Blog, disseram-me que não fazia sentido, para eles, eu, continuar a escrever num Blog colectivo, em que só eu, praticamente, escrevo ,embora sublinhassem que gostavam do que eu escrevo, e sugeriram-me que criasse o meu próprio Blog.

Lembrei que o Blog tinha sido criado para substituir a Mesa da Poesia que tinha funcionado tão bem durante a nossa formação à distância, e que o nome do Blog se tinha inspirado em duas personagens fictícias que tínhamos criado no nosso bar virtual o Dagoberto e o Malaquias.

Que a ideia de se ter criado o blog, tinha sido minha e do Virgílio para manter os laços que se tinham criado durante a formação que tinha durado quase um ano,e para, sobretudo, mantermos o espírito da Mesa da Poesia.

Adiantaram , ainda, que achavam que o facto de no nosso Blog estar a imagem da sede da CGTP, e de haver links para o site da CGTP e do IBJC, poderia ser inibidor porque as pessoas não gostavam de se expor, melhor de correr riscos ou de serem conotadas com essas organizações. Argumentei que, como era do conhecimento geral, tínhamos frequentado o curso no IBJC, cujas instalações ficam situadas no mesmo edifício e que o facto de o criador do Blog ser dirigente sindical talvez tivesse influenciado esse facto, que a mim não me fazia impressão nenhuma mas se eles achavam isso que participassem no Blog e propusessem a retirada da imagem, que quanto ao risco, os Blogistas podem, se o desejarem, manter o anonimato.

Esclareci que o Blog, pelo menos para mim, não era nenhum espaço de militância política, eventualmente civica, mas uma forma, actual, de comunicarmos uns com os outros, os ex-formandos e os ex-formadores e que tínhamos um espaço mais reservado para debater, em privado, as questões relacionadas com a SST (Segurança e Saúde no Trabalho) mas que, infelizmente, também não estava a funcionar.

Lembraram-me que o Virgílio tem o seu próprio Blog em que escreve regularmente e outros membros do grupo também participam noutros blogs!!!! que se os participantes/membros, têm tempo para espreitar porque é que não dizem nem um olá, um viva, um tudo bem?

Em suma conseguiram criar-me a dúvida se vale a pena continuar a acreditar na existência de um grupo, cujo espírito de pertença, pelo menos, aparentemente já era.

Coloco-vos a questão:

- Será que o grupo ainda existe?
- Vale a pena continuar com o Blog?


Um abraço do tamanho do Mundo
Ana Fernandes

sábado, 6 de novembro de 2010

Histórias de Vida - Solidão!!!!

Naquele início de noite só lhe apetecia andar, deu consigo a calcorrear as ruas da Baixa e a pensar que não era possível em pleno mês de Novembro estar tanto calor.

Quem se deliciava com isso eram os turistas, era vê-los de manga curta a passear pela Baixa com um ar de contentamento, a Eva olhou , em frente, e viu o Castelo de S. Jorge iluminado.

- “Que bonita que é Lisboa” – pensou mais uma vez.

Sem dar conta os seus passos levaram-na para a rua onde a Maria José, a sem abrigo costumava estar, olhou para o relógio da Praça D. Pedro IV e pensou que àquela hora já não era costume encontra-la.

Deu com a Maria José no sítio habitual, mas sentada no chão, com o ar mais triste deste mundo. Aproximou-se e entregou-lhe a moeda habitual e perguntou-lhe como estava.

-Triste. - Respondeu-lhe ela.

- Porquê?

- Ele (cãozinho) está doente.

Efectivamente o cãozinho estava a dormir ao seu colo, e nem quando a Maria José lhe levantou o focinhito, abriu os olhos.

A Eva perguntou-lhe se já o tinha levado ao veterinário e a Maria José mostrou-lhe os medicamentos.

Não quis entrar em pormenores, porque a Maria José dizia, sempre, que o assunto era o cãozinho, que tinha uma senhora sua amiga a quem recorria quando o cãozinho estava doente e de quem recebia sempre ajuda.

Perguntou-lhe se não seria do frio da rua se continuavam a ir dormir ao pé do Aeroporto, no anexo, que lhe tinham dispensado.

O olhar triste e cansado da Maria José desmentiu as suas palavras:

- Que sim que continuavam a ir para lá dormir.

A Eva queria acreditar nisso mas o certo é que a Maria José estava com um ar abatidíssimo, com ar de quem dormia na rua e não num anexo.

A sua, pouca, bagagem, arrumada atrás das suas costas demonstrava a sua condição de sem abrigo.

A Eva não se sentiu com coragem para insistir no assunto. Que direito é que ela tinha de fazer com que a Maria José se sentisse ainda pior.

Perguntou-lhe se continuava a desenhar e a Maria José respondeu-lhe que agora que vinha o Inverno se ia dedicar ao desenho e à pintura.

- Já tem os materiais?

- Não, mas hei-de arranjá-los.

A Eva despediu-se e recomendou-lhe que recorresse à ajuda da Santa Casa, a algum abrigo, enfim que se protegesse.

A Maria José agradeceu-lhe o cuidado e disse-lhe:

- Que Deus a proteja!

E quem é que a protegia a ela? Interrogou-se a Eva, quando se voltou para trás para olhar mais uma vez, a Maria José e o seu cãozinho, e reparou na volta que os transeuntes davam para evitarem aquela mulher, sentada no chão, e de mão estendida.
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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Esperança

Esperança

Sei o teu nome, e chamo-te em silêncio.
Não quero despertar
O rancor assassino
Dos guardas vigilantes
Que te negam....
Vem, se puderes passar
Através do seu ódio secular,
A única tarimba onde sossegam.

Ah, que festa haveria nos meus braços,
Se batesses à porta, como outrora!
Toda a casa acredita nessa hora,
E ouve, em sobressalto,
Cada leve rumor que se aproxima...
Vem, se puderes passar.
Vem, se puderes mostrar
A eterna juventude que te anima.

"Miguel Torga"

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Um abraço
Ana

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Histórias de vida - Sentimento de culpa

A Eva não sabia o que mais lhe doía, se o corpo, de tanta chuva que tinha apanhado, se a alma, pela dor que as memórias avivaram.

Tinha-se levantado naquela manhã com a firme determinação de ir ao cemitério. Não era por se estar a aproximar o dia de finados, mas sim porque era uma rotina que já mantinha há oito anos. Tantos quantos havia desde que o seu pai falecera.

A manhã estava chuvosa, parecia um dia de inverno, mas a Eva não ia desistir dos seus propósitos.

Comprou as flores no vendedor habitual, à porta do cemitério, pediu o balde emprestado e dirigiu-se para o local da campa do seu pai.

O cemitério estava praticamente vazio. Tratou da campa do seu pai e não pôde deixar de se lembrar que o seu pai tinha sido sepultado duas vezes. A primeira aquando do seu falecimento e a segunda decorrido três anos após essa data, porque a gestão do cemitério não tinha atendido ao seu pedido, para aguardar mais algum tempo pois, ainda era cedo demais para proceder à exumação. A Eva gostava de não ter tido razão, mas tinha tido, e o seu pai voltou a ser sepultado no mesmo local.

De seguida dirigiu-se para o ossário da sua mãe, onde colocou as flores habituais sem esquecer a rosa que colocava sempre em nome dos netos.

Chovia torrencialmente e viam-se as pessoas do costume, todas idosas, não se via um jovem no cemitério.

A Eva pensou:

- “As pessoas evitam os cemitérios com medo dos mortos mas dos vivos é que devem ter medo.”

Iniciou o caminho de regresso, continuava a chover torrencialmente, e, não pôde deixar de sorrir. Um motar sénior, com o capacete ainda colocado e, com duas rosas na mão dirigia-se apressadamente para o local onde estas seriam colocadas.
De repente reparou numa senhora muito velhinha, parada, no meio da rua que dividia as campas, a falar sozinha.

Dirigiu-se a ela e perguntou-lhe se precisava de ajuda.

- Que não só não sabia bem onde ficava a campa.

- Veio sozinha?

-Vim com a minha filha, mas como ando devagar ela foi à frente.

- Vá devagarinho, ali à frente estão dois funcionários do cemitério e se não encontrar a sua filha peça-lhes ajuda – recomendou-lhe a Eva antes de se despedir.

Dirigiu-se para o carro e mais uma vez doeu-lhe a alma. Lembrou-se das palavras da sua amiga médica:

-“ Fizeste tudo o que era possível era impossível tê-los em casa.”

Seria! Mas o sentimento de culpa de os seus pais terem passados os últimos meses de vida internados, numa casa de saúde, nome pomposo para o lar e de não terem falecido em casa, não a havia de abandonar enquanto fosse viva.

Entrou no carro limpou a cara da muita chuva e das lágrimas da tamanha saudade que sentia dos pais.

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domingo, 31 de outubro de 2010

Frustação /abandono

Bom dia,

Não sei se é da chuva se da triste telenovela a que fomos sujeitos com a "história " do orçamento para 2011, mas este verso não me sai da cabeça.

Hora de abandono

Não dizer nada, chorar.
Chorar como uma criança
Que já não tem confianaça
No próprio Deus da doutrina.
Não dizer nada, chorar
Até o pranto coalhar
Na lucidez da retina.

Miguel Torga

Um abraço do tamanho do mundo e por favor, deixem-se ouvir.

Ana

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Histórias de Vida -" Náusea"

A Eva andava há alguns dias a acordar com uma sensação estranha. Sentia-se mal disposta mas não fisicamente era da alma. Sentia-se “nauseada”.

Tinha começado a sentir-se assim logo a seguir a ter assistido a um debate num estação de televisão, em que os “analistas” riam que nem uns alarves quando o tema era a situação do país. Ainda por cima o debate era moderado por uma jornalista.

Foi o deboche total riram a bandeiras despregadas e terminaram a sessão a comentar os últimos livros que tinham lido e a presentearem-se mutuamente com eles.

A Eva fazia um esforço enorme para continuar a acreditar que o nosso País tinha solução e aquilo tinha sido demais. Tinha-lhe “mexido” com os nervos.

Naquela quinta feira, às sete da manhã, na sua viagem de comboio para Lisboa, tentou concentrar-se na leitura mas não conseguiu, no banco à sua frente, ia sentada uma criança que não devia ter mais do que três anos a tentar comer uma sandes mista. Ao seu lado a mãe comia tranquilamente, também uma sandes, nada preocupada com o facto de o comboio não ser o local mais indicado para uma criança tomar o pequeno-almoço. A sensação de náusea que a Eva sentia aumentou.

Escusado será dizer que a criança nada comeu e quase no fim da viagem os pontapés que a Eva levou, estava sentada frente a ela, foram mais que muitos, porque a criança fez uma birra e a mãe não esteve com meias medidas e deu-lhe umas palmadas.

Não foram os pontapés que a Eva levou que a fizeram sentir-se mal. Foram sim as palmadas que a criança levou.

- “Estupor de País que trata tão mal as crianças.” Pensou a Eva ao dirigir-se à Praça do Rossio.

Era demasiado cedo para ir para o seu emprego, iria atrapalhar as senhoras da limpeza, e resolveu ir dar uma volta para fazer tempo.

No Rossio foi alertada pelos gritos estridentes de uma gaivota, a chamar o seu bando e deu consigo a pensar que até os animais tinham espírito de grupo, só no nosso País é que o espírito de grupo, de equipa, era cada vez menor.

Olhou em frente e ficou espantada com a fila que já estava à porta da “Casa da Sorte” à espera que abrisse. O desespero era tanto que as pessoas pensavam que a Lotaria o Totoloto, etc., lhes iria resolver a crise pessoal. – “Pobre País - pensou a Eva - ou melhor pobres de nós”.

Às nove e tal da noite, na viagem de regresso a casa, a Eva sentia-se “mortalmente” cansada quando o seu telemóvel tocou era uma das suas filhas, preocupada, a perguntar se não vinha jantar.

O comboio ia praticamente vazio, - “Pudera quem é que trabalha até tão tarde” pensou a Eva.

A sensação de náusea tinha-a atormentado todo o dia e parecia que não iria conseguir livrar-se dela.Tentou concentrar-se, na leitura, mas não conseguiu.

Perto da sua estação o telemóvel voltou a tocar. Era a sua filha mais velha a pedir-lhe que saísse por determinado lado da estação porque estava à sua espera. A sensação de náusea começou a dissipar-se.

Quando chegou a casa toda a família estava à sua espera para jantar.

Pensou: - Se este País tivesse espírito de família, de comunidade talvez a crise não fosse tão grande.

Sentou-se à mesa, olhou em volta, sentiu a ternura que andava no ar e, a sensação de náusea passou-lhe.

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Um abraço do tamanho do mundo.
Ana

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

NEGOCEIA-SE A FOME!!!

Lá para a Assembleia da República tem sido um corropio. Foi no sábado, no domingo (deve ser para convencer os trabalhadores que têm de começar a trabalhar a esses dias), foi a manhã de hoje e promete prolongamento para a parte da tarde (depois das 17 horas). PS e PSD, andam numa azáfama a negociarem "o melhor Orçamento para o país" muito embora seja o "pior para os portugueses". Negoceia-se a fome em São Bento, a fome que os mais necessitados terão de passar, e ao contrário de outro senhor de outros tempos que nos prometeu a paz em troco da fome, estes dão-nos a fome a troco de encher a barriga aos "comparsas", que nunca nos irão deixar em paz se ninguém lhes fizer frente. Não tardarão muitos meses até começarmos a ouvir dizer que A ou B morreu de fome, não tenhamos dúvidas que isso vai acontecer!
Por França uma ministra qualquer veio mostrar-se alarmada com o prejuízo que as greves têm dado (por cá também já há uns arautos dessa filosofia), esquecendo-se do que a coberto de certas politica e medidas governamentais se tem roubado aos trabalhadores, exactamente para distribuir também pelos tais "comparsas". Também por lá o sentido é o de encaminhar parte da sociedade para um beco sem saída... para a fome, se calhar sem negociatas!

domingo, 17 de outubro de 2010

Histórias de Vida ..... Tão pouco que era preciso

A Eva avistou a sua amiga sem abrigo a do cãozinho.Considerava-a amiga nem ela sabia bem porquê. Talvez devido à maneira como lhe desejava sorte e saúde quando lhe dava alguma moeda e da disponibilidade que tinha para conversar quando a Eva tinha tempo.

Institivamente abriu a mala e retirou do porta moedas uma moeda de 2 euros.

Quando chegou ao pé da sem abrigo entregou-lhe a moeda sem esta ter de lha pedir.

- "Olha ......(Nome do cãozinho) esta é das grandes. Grande amiga. Que Deus lhe dê saúde e muito boa sorte."

A Eva estava cansada, continuava a sentir-se triste, mas parou e perguntou-lhe se continuava a viver "a dormir " no tal anexo perto do aeroporto.

- Quando tenho dinheiro para voltar no dia seguinte sim, senão durmo aqui mesmo na rua.

- Mas porque é que não pede ajuda à Santa Casa, à Segurança Social?

- Roubaram-me o cartão de cidadã e os documentos dele (Cãozinho) mas já tive apoio para os substituir. Eu já tentei obter apoio, vou para lá e estou horas à espera que me atendam. Sabe eu descontei para a Segurança Social. Já me dava por satisfeita se me pagassem o passe.

A Eva ganhou coragem e perguntou-lhe o nome e, mais uma vez, ouviu a história da sua viuvez e de como é que tinha vindo parar à rua.

- Drogas não,nunca, mas às vezes bebo uma cervezinha a mais. Sabe tenho vergonha de pedir e assim arranjo coragem, e forças, para continuar na rua, não consigo arranjar trabalho e se não pedir não como.

A conversa continuou durante mais alguma tempo e de repente a MªJosé, é assim que se chama, retirou, do seu saco, umas páginas de um livro, com pinturas e disse:

- Precisava de arranjar papel e aguarelas para fazer desenhos, sabe eu desenho bem e tenho cada vez mais vergonha de pedir. Agora, com a crise as pessoas cada vez dão menos.Se tivesse materiais em vez de pedir, vendia os desenhos.

A Eva despediu-se a pensar onde iria arranjar um estojo de pintura para oferecer àquela sua amiga.

Nos dias seguintes deu consigo a olhar para as montras das lojas da especialidade e a constatar o preço elevado desses materiais.

Não viu a Mª José qaundo voltou a passar pelo mesmo local e pesnou:

-Será que arranjou dinheiro para os transportes e já foi para casa?

- Quem sabe!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

VINTE E DOIS ANOS

Foram vinte e dois anos em contramão! Durante a maior parte da sua existência a UGT andou em contramão com os interesses dos trabalhadores, o que não quer dizer que em dadas ocasiões a CGTP-IN também não tenha cometido os seus erros, mas cometeu-os em menor número e sempre na perspectiva de fazer o melhor para os trabalhadores.
Vinte e dois anos depois, a UGT deixou o discurso do "pode ser" para dizer também "tem de ser" e se a sua predisposição para se juntar à greve geral, de 24 de Novembro, é importante, não é de ignorar a vontade dos seus sindicados representativos da Administração Pública quererem participar na Manifestação da AP, levada a efeito pela Frente Comum no próximo dia 6 de Novembro!
Pode ser que algo esteja a mudar, ... depois de vinte e dois anos!

sábado, 9 de outubro de 2010

HISTÓRIAS DE VIDA - Uma pequena esperança.

A Marta acordou naquela manhã com uma frase que não lhe saía da cabeça;

- "Uma pequena esperança, mesmo uma esperança sem esperança, não prejudica ninguém."

Lera-a há muito tempo num livro de um dos seus autores favoritos John Steinbeck e ,não lhe saía da ideia, será devido ao estado do nosso País pensava ela nessa manhã chuvosa.

Voltou a lembrar-e dela quando, às sete horas da manhã reparou que já estava um vendedor, na estação de caminhos de ferro, a oferecer guarda chuvas.

Veio-lhe à memória durante o dia quando reparou na quantidade de vendedores de guarda chuvas que tinham "invadido" a Baixa.

Lembrou-se dela à noite quando respondeu, com um sorriso, às nove da noite, que não obrigada, não precisava de chapéu de chuva, ao mesmo vendedor que tinha encontrado nessa manhã.

É apesar desta " crise" enquanto à vida há esperança pensou a Marta pouco antes de adormecer.

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Bom fim se semana
Ana

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Não há Inocentes... são todos culpados!

No Centenário da República...

Isto foi dito hoje por um Ex-Presidente!

Durante as entrevistas de circunstância na fase que antecedeu as "cerimónias" de hoje em Lisboa , a propósito do centenário da República, há uma frase curiosíssima, a meu ver, proferida por um ex-presidente que diz, a propósito do estado actual da República Portuguesa:

SOMOS TODOS CULPADOS!

À primeira vista e no momento, cresceu em mim uma onda de indignação que me levaria naquele impulso a dizer: De onde veio este tipo, em que hospital ele esteve?

Pensando melhor no assunto, e ponderando aquela frase, é de concluir que, embora a Semântica da frase não tenha sido esta, MUITOS DE NÓS, SOMOS DE FACTO MUITO CULPADOS pelo que acontece hoje com a vida social e política do nosso País.

Mas SOMOS CULPADOS como já disse, não em função obviamente, da semãntica da frase daquele "EX".
O País chegou ao que estamos a sentir, não pela "malandragem" de quem trabalha mas pelo mesmo adjectivo atribuído sem dúvida à Classe dirigente - SÃO FACTOS!

Cavaco diz: Abandonem o clima de crispação, Apelando aos entendementos ao Diálogo

Cavaco defende a coesão nacional para enfrentarmos as dificuldades...

POIS... já todos percebemos.

Voltando ás "vacas" frias, o tal "ex" acaba por ter toda a razão porque afinal, vivendo nós numa Democracia Representativa, e que se saiba, Cavacos, Sócrates, Coelhos, Portas, Constâncios, Barrosos, Teixeiras dos Santos, Santanas, Marcelos, e tantos outros, não tomaram os diversos poderes pela força ou por qualquer golpe de estado - Foram Eleitos!

Daí, a culpa deste estado de coisas tem que, forcosamente ser repartida.

sábado, 2 de outubro de 2010

HISTÓRIAS DE VIDA

Depois de uma noite de insónia, e de praticamente não ter dormido, a Eva acordou a chorar.

Na véspera tinha ido lanchar com uma amiga, a Marta, que lhe tinha dito que a achava muito triste e perguntado se estava com algum problema para além da crise em que todos estávamos mergulhados.

A Eva tinha-lhe respondido que os últimos meses não tinham sido nada agradáveis a nível profissional e para resumir tinha dito que se a desilusão matasse já teria certamente caído redondinha para o lado.

Enxugou as lágrimas para que a família não a visse naquele estado enquanto pensava no que tinha passado nos últimos meses.

Tinha aceitado um novo desafio profissional que se lhe tinha apresentado como a possibilidade de ter uma vida mais tranquila e sobretudo mais próxima de casa, o que lhe permitiria passar mais tempo com a família. Puro engano, ainda tinha menos tempo para a família do que quando trabalhava a centenas de quilómetros de Lisboa. Era "obrigada" a trabalhar muito para além do horário normal tal a sobrecarga de trabalho. Cada vez que marcava férias tinha de as alterar porque lhe marcavam compromissos para os períodos em que deveria estar de férias.

Andava esgotada e sobretudo muito magoada com a falta de ética de trabalho que cada vez vinha mais ao de cima.

Pensou numa frase que a sua mãe lhe dizia frequentemente:

- “ A dissimulação é uma qualidade quando o excesso de franqueza nos põe em perigo”.

- “Não se trata de excesso de franqueza, não sou capaz de ser dissimulada, de dizer que concordo quando se está a cair em erros sucessivos”. Pensava a Eva enquanto se lembrava de uma cena deveras desagradável que tinha vivido, na última semana, e no seguimento da qual tinha redigido a sua carta de demissão.

Não a tinha, ainda, entregado, porque alguém da entidade para a qual trabalhava se tinha apercebido da situação e lhe tinha pedido calma e mais algum tempo.

Era-lhe difícil manter a calma perante tanta tacanhez de espírito, mas a Eva sentia-se mais tranquila, apesar da noite não dormida, ia deixar passar mais algum tempo, mas se as coisas não mudassem quem se mudava era ela. Nunca tinha tido medo de ir à luta e não era agora que ia começar a ter medo de dizer o que pensava.

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Um abraço do tamnaho do mundo e deixem-se ouvir.
Ana

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Para onde vamos, Quem assume o Leme?

Temos assistido há já algum tempo, a um tempo a que chamo de “faz de conta que somos um povo livre, civilizado, evoluído e bem governado”. Mas continuamos a fazer de conta.

Se alguns tiverem a memória para conseguirem fazer um “rewind” na sua “fita” magnética alguns anos, talvez seja possível encontrarem frases no ar tais como: A Europa dos cidadãos, A Europa dos direitos e oportunidades, a Europa da economia social e do progresso, a Europa Solidária, a Europa da Paz e da cooperação, entre outras. Se puxarmos mais atrás a bobine, talvez alguns se lembrem de frases como Sociedade sem classes, Sociedade Solidária, Educação gratuita, Igualdade de oportunidades, Serviço Nacional de Saúde Tendencialmente gratuito e universal, Trabalho para todos com direitos e deveres, Justa distribuição da riqueza produzida, entre outras também.

Tudo isto, inscrito na constituição da República, não necessariamente com estas ordens e frases, constituía para os cidadãos alguma segurança quer nos valores, quer nos direitos.

Penso para mim que 2003 depois de uma era “cavaquista” de aproveitamentos de dinheiros públicos e/ou mal utilizados, é o tal ano de viragem de muitos dos conceitos sociais aceitáveis e que muitos dos países civilizados os resguardam ainda “religiosamente” não sendo por isso que as suas economias sejam diminuídas, antes pelo contrário.

A partir do ano em que um tal primeiro-ministro tem a “lata” de dizer na sede da Democracia Portuguesa que o nosso país estava de “tanga”, nunca mais a esperança com que cada um tem o direito de viver, sorriu, antes pelo contrário.

Nessa altura, dão-se mudanças estruturais radicais no “puzle” Português e Europeu que conduziram sem qualquer margem para dúvidas ao estado actual de esmagamento dos mais pobres ou remediados pelos muito ricos. A Luta de classes põe os poderosos com cada vez mais força à custa de incoerentes sectores e organizações que, cognominando-se de organizações de esquerda, nos seu actos, facturam vitórias para a direita mais conservadora ou mais retrógrada que age como uma Monarquia fossilizada.

Chegamos assim, a uma altura da nossa vida, em que a generalidade dos cidadãos, deixa de acreditar perigosamente nos políticos e nas políticas perseguidas.

A verdade é mesmo essa – A propósito de relançar a economia, relançar o emprego e desenvolver as empresas, há um tal “Iluminado” que inventa (?) a criação de um tal Código do Trabalho que com as sucessivas remodelações e contestações, mesmo do Partido que hoje é Poder que diga-se o agravou, não conseguiu nenhum dos objectivos a que se tinham proposto e argumentado quanto aos seus benefícios. Pelo contrário, a desregulamentação do trabalho já de si com regras na prática de aplicação duvidosa, com a Autoridade para as condições de trabalho praticamente imobilizada, com o incentivo á criação das Empresas de Trabalho Temporário que colocam todos os dias trabalhadores temporários nas empresas em trabalho efectivo, agrava-se o tecido laboral com todas estas implicações no tecido social. O desemprego, o desrespeito pela sociedade e o descrédito no futuro está de facto instalado na sociedade sem dúvida nenhuma. É um facto que estamos a perder a luta por melhores condições de vida e cuja volta ou luta pela volta só se conseguirá com lutas profundas, sérias e aguerridas dos sectores democráticos (Associações, Sindicatos, Movimentos, Partidos, etc).

Portugal tem definitivamente e há muito tempo um problema que me recuso ainda, a considerá-lo como intrinsecamente Português: A tendência para desenvolver desigualdades e para distribuir a riqueza produzida de forma disforme. É inaceitável este estado de coisas.

Sabemos que o Estado só pode proporcionar os bens sociais impreteríveis e outros, se tiver dinheiro, se tiver fundos e se tiver política séria. Para a prossecução dos objectivos sociais, os impostos dos contribuintes são assaz importantes. É inaceitável que Um banco ou um qualquer empreiteiro de obras públicas ou outro, pague menos impostos do que os seus trabalhadores – Falo de Justiça e neste caso, de Justiça fiscal.

Creio com todas as bases que o problema de fundo deste País não está nas pessoas. Durante mais de 30 anos, tivemos à frente das finanças e da economia deste país (segundo dizem), os melhores “mestres” nas matérias, catedráticos que ainda hoje “botam faladura” como que não fossem eles também os responsáveis por este estado de coisas. O Problema principal como dizia, está nas POLÍTICAS adoptadas. Mudem de políticas que este Estado mudará certamente.

Acho mesmo assim, que o País tem futuro, porque remadores não faltam para levar esta “grande barcaça” a bom porto. O que falta são timoneiros e homens do leme que não enganem os remadores e que não estejam do lado dos “Adamastores”. Há muito mais vida para além do deficit que o capitalismo mundial nos impõe a cumprir rapidamente e que o Partido Socialista de Portugal com a ajuda dos seus companheiros de viagem se mantém refém. Os trabalhadores não são madraços.

ef

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

SEGREDOS DO DESTINO VIII

A Esperança olhava para o grupo das amigas, sentadas a almoçar, sem as ver, entregue aos seus pensamentos.

Quem diria que a vida lhe reservaria ainda esta surpresa e que seria a sua amiga Sofia a responsável.

“Não há dúvida que a Sofia é muito generosa, sempre foi, não é de agora “pensava a Esperança para com os seus botões.

- Esperança atende o telemóvel, está a tocar. Avisou a Matilde.

Depois de sossegar a filha de que estava tudo bem e de que estava a gostar de Londres, a Esperança continuou entregue aos seus pensamentos.

Mesmo antes de ter recebido a herança, dos pais, a Sofia já era generosa, na disponibilidade de partilhar o seu tempo com as amigas, na disponibilidade para ficar com os filhos das amigas para elas poderem ir trabalhar aos sábados, dia em que não havia escolas abertas, na disponibilidade para despender tempo á procura da prenda certa, na disponibilidade para adoptar uma criança negra,nos anos setenta, o filho de quem ela muito se orgulhava, na disponibilidade para emprestar dinheiro sempre que o mês era mais comprido, etc. etc.

Tão diferentes e todas tão solidárias, a Esperança não sabia dizer quem era a melhor amiga, para ela eram todas iguais.

A Sofia tinha feito sessenta anos e a prenda que dera a si própria tinha sido organizar uma visita a Londres, para si e para as quatro amigas.

- Obrigada Sofia – disse a Esperança.

- Obrigada porquê - retorquiu a Sofia.

- Por nos teres permitido realizar o nosso sonho de adolescentes. Visitar Londres.

A Catarina que até ali tinha estado calada atirou-lhe, provocando-a:

- Não terá sido, antes o teres encontrado o Joaquim no zoo de Londres?

A Esperança sorriu e caiu novamente nos seus pensamentos.

É, tinha sido uma agradável surpresa. Quem diria que o Joaquim podia ser uma boa companhia. Tinham-se encontrado à porta do zoo de Londres, inesperadamente, e tinham feito a visita na companhia um do outro. Tinha sido uma grata surpresa ao fim de tantos anos o Joaquim revelara-se-lhe um óptimo conversador fazendo-a esquecer-se do Joaquim deprimido, que só falava de desgraças e, diga-se de verdade ela evitava encontrar para não ficar deprimida.

-Esperança, chamou a Sofia – Vá, ainda é cedo, anda vamos dar uma volta.

- Não vale a pena Sofia, está noutra, está na Lua, parece uma adolescente apaixonada. Disse a Catarina.

- Quem sabe! Respondeu-lhe a Esperança e continuando:

- São os Segredos do Destino.

FIM

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

SEGREDOS DO DESTINO (VII)

A Teresa respirou fundo antes de responder à Catarina.

- Não, não fui ao cinema e se tivesse ido?

A vontade dela era dizer à Catarina que o melhor era arranjar outros interesses para além das amigas, pois às vezes cansava, e o pior é que se alguma delas fazia algum programa sem ela amuava.

- Vá lá conta. Voltou a pedir a Matilde.

- No outro dia à saída do cinema, à porta do cinema, na rua, encontrei uma antiga colega dos tempos da escola que me contou que está a participar num projecto muito interessante.

- Que projecto? – Perguntou a Catarina, interrompendo a amiga.

A Esperança tinha vontade de a mandar calar, mas o pontapé que a Matilde lhe deu por debaixo da mesa fê-la parar.

- É um projecto que ela baptizou de regresso à escola. È voltar a estudar.

- Já tenho pensado nisso - disse a Esperança - mas não me vejo com paciência para voltar aos bancos da escola.

A Teresa disse-lhes que já se tinha ido informar e que por agora ia só tentar concluir o 12º ano, que até já se tinha escrito num Centro de Novas Oportunidades e que tinha gostado da entrevista e do “percurso” que teria de fazer para obter o diploma.

A Catarina, não se contendo, disse-lhe:

- Ah, agora já queres voltar a estudar mas quando eu e a Esperança te falámos nisso há uns anos, não quiseste, que não que não tinhas tempo. De onde te vem tanto entusiasmo agora? E, não dando sequer tempo à amiga para responder:

- Vamos mas é escolher para comermos que estou cheia de fome.

- A Sofia ainda não chegou, disse a Matilde, não esperamos por ela?

A Sofia não conseguia nunca cumprir um horário. Ou chegava, muito antes ou muito depois da hora combinada de modo que ninguém tinha estranhado a sua ausência.

Já estavam no café quando a Sofia entrou ofegante.

- Foste correr a Maratona? disparou a Catarina

- Não, respondeu-lhe a Sofia que personificava a calma em pessoa, fui tratar da nossa viagem. Vamos viajar as cinco.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

SEGREDOS DO DESTINO (VI)

O Joaquim olhou e não queria acreditar no que via. Não podia ser quem ele estava a pensar. Não, não podia ser.
Ainda incrédulo perguntou:

- És o Octávio não és?

- Sou – respondeu-lhe o Octávio dando-lhe um grande abraço - e estou tão contente por te encontrar Joaquim.

- Já jantaste?

- Não, ainda não. Respondeu-lhe o Joaquim

- Anda daí.

O Octávio não deu tempo ao amigo para reagir e dando-lhe o braço encaminharam-se para o primeiro restaurante que encontraram

A meio do jantar, o Octávio que não via o amigo há mais de trinta anos e não cabia em si de contente disse:

- Quem havia de dizer que nos havíamos de encontrar à saída do cinema passados tantos anos e ambos já reformados.

O Octávio confidenciou-lhe que se tinha divorciado há pouco tempo e o Joaquim não conseguiu reprimir o espanto:

- Ao fim de quarenta anos, porquê?

- Casámos muito novos, nunca tivemos filhos e na prática já só partilhávamos a mesma casa. Não fazia sentido os interesses não eram comuns, nem sequer as amizades. Acabámos por crescer cada um para seu lado. Vendemos a casa, que era grande demais e cada um comprou a sua casa, mais pequena e continuamos a ser amigos.

- E como é que te organizas no dia-a-dia?

- Como é que tu te organizas sendo viúvo?

- Mal o que me vale é a lavandaria, sobretudo desde que a minha filha foi para França.

- Por falar em França não queres ir fazer um cruzeiro pela Europa?

Os olhos do Joaquim arregalaram-se:
Um cruzeiro era a sua viagem de sonho mas a sua mulher, sempre adoentada, nunca lhe tinha permitido concretizar esse sonho, e depois sozinho nunca tinha tido coragem.

- Não é muito caro? Perguntou o Joaquim sem saber como esconder o seu entusiasmo

O seu problema nunca tinha sido o de gastar o dinheiro que tinha poupado para uma aflição, mas sim a falta de companhia, pensou ele.

O Octávio continuou a dar detalhes, sobre o cruzeiro, e o entusiasmo era tanto que não se aperceberam que todos os outros clientes do restaurante já tinham saído e que por delicadeza ainda não lhes tinham pedido para sair.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

SEGREDOS DO DESTINO V

- Não pode ser Esperança, não podes continuar assim, se a vida não muda tens de ser tu a mudar - respondeu-lhe a Catarina.

Estavam nisto quando chegaram as outras amigas e uma delas a Teresa vinha particularmente contente.

A conversa continuou e às tantas a Catarina não se conteve e disse:

- Olhem-me para estas duas almas, a Teresa parece que lhe saiu a sorte grande e à Esperança parece que nem a terminação.

- O que queres - respondeu-lhe a Teresa. Estou mesmo, mas mesmo, muito contente.

- Mau… Há mouro na costa? - Perguntou a Catarina.

- Porque é que para estarmos contentes tem de haver mouro na costa? Perguntou-lhe a Esperança já a começar a ficar irritada.

- Não vejo outra razão para tanto entusiasmo! Respondeu-lhe a Catarina

- Não vês? Ou não consegues deixar de ser Maria Casamenteira respondeu-lhe a Esperança, já irritada.

A Teresa não atava nem desatava, continuava com um sorriso de orelha a orelha sem partilhar com as amigas a razão para tanto entusiasmo.

Vá lá conta - Pediu a Matilde, que até aí se tinha mantido calada a observar as amigas.

- No outro dia à saída do cinema.

- Foste ao cinema e não nos convidaste, disse a Catarina interrompendo-a.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

SEGREDOS DO DESTINO iv

Naquele dia, o Joaquim, viu um anúncio de um filme e o título mexeu com ele: “Lembra-te de mim”.

- “ O meu problema é lembrar-me demais”. Pensou ele.

-“ Não parar de lembrar-me do passado e não me entusiasmar com o presente esse sim é o meu problema”.

De que tratará o filme? Perguntou ele a si próprio.

Vou? Olhou em volta e decidiu-se. Já estava farto de andar às voltas no Centro Comercial a ver tudo o que já tinha visto.

Dirigiu-se à bilheteira e comprou um bilhete para a sessão que estava quase a começar, a das seis.

Entrou e ficou à espera do arrumador. Olhou em volta e não viu nenhum.

Lá encontrou o seu lugar pensando com os seus botões. – “Já não há arrumadores? Que antigo que eu sou….”

Gostou do filme, uma história de encontros e desencontros. Custou-lhe a aceitar o fim. E, voltou a sentir a mesma mágoa que tinha sentido quando reviu algumas das imagens do 11 de Setembro.

Vinha a sair do cinema quando ouviu chamar:

- Joaquim ó Joaquim.

- Bem me parecia que eras tu.

domingo, 5 de setembro de 2010

SEGREDOS DO DESTINO (III)

- Passou-se. Fiquei em casa a ler e vi as marchas na televisão. - Respondeu a Maria Esperança quando a sua amiga Carolina lhe perguntou como tinha sido o seu Santo António.

- Nem foste dar uma volta? Perguntou-lhe a Catarina, ainda incrédula.

- Onde e para quê? Respondeu-lhe a Maria Esperança.

A Catarina era amiga de infância da Maria Esperança e ultimamente fazia de tudo para que ela voltasse a ter objectivos. Mas, a Maria Esperança não correspondia, não estava preparada para enfrentar esta fase da vida, a reforma juntamente com a viuvez, andava desanimada e triste.

A Maria Esperança tinha pensado que ao chegar a esta fase da vida estaria acompanhada, mas a vida ou quem sabe o destino não quis assim, nem mesmo os netos cá estavam, estavam todos no estrangeiro com os pais.

Pensar ela que sempre tinha tido como adquirido que os filhos iriam ter uma vida mais fácil por terem mais habilitações. Qual quê, três dos seus quatros filhos estavam no estrangeiro e a única rapariga a Ana, também estava a pensar ir para Itália.

Tudo isto passava pela cabeça da Maria Esperança enquanto ouvia a sua amiga a falar, sem escutar absolutamente nada do que ela dizia.

- Acorda Esperança! Estás a pensar em quê? – Perguntou a Catarina.

Em nada. Respondeu-lhe esta.

Tal como acontecia todos os meses, tinham-se encontrado para o seu almoço habitual e estavam, à espera que chegassem as outras três amigas que, ainda, faltavam.

- Que se passa Esperança? Perguntou a Catarina. – Tu não estás bem.

- Sinto-me sem alento, sem vontade para nada. – Respondeu-lhe a Maria Esperança.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Abraço...


Abraço...

É demonstração de afecto
Carinho e muito amor
É saudade e lágrima
Mas também o calor

Abraço é amar
É querer aconchego
É sentir um amigo
Com todo o seu apego

Podemos abraçar
Uma causa uma pessoa
Abraço é abraço
É cingir e cercar
É não sentir espaço

Abraçar uma causa
É o que nos faz sentir
Que quem luta acredita
E nunca deve desistir

Abraçar uma criança
Transmitir-lhe carinho
É dizer-lhe com os braços
Que nunca estará sozinho

Abraçar um amigo
Com toda a fraternidade
E como dizer estou aqui!
Para a toda a eternidade

Abraçar um amor
Com toda a compreensão
É desatar todos os nós
E fazer um laço de união

Vamos assim abraçar
Uma criança, uma causa
Um amigo e o nosso amor?
Custa tão pouco abraçar...
Acreditem não dá dor!

"Se pudéssemos ter consciência do quanto nossa vida é passageira, talvez pensássemos duas vezes antes de deitar fora as oportunidades que temos de ser e de fazer os outros felizes!"

Então, vamos lá! ….

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

SEGREDOS DO DESTINO (II)

Naquela manhã de Santo António a Maria Esperança acordou meia tristonha.
Estava assim a modos que desalentada.
Pensou:
"Hoje acordei virada do avesso"
Não tinha preocupações de maior, os filhos estavam criados, e graças a Deus
tinham a sua vida organizada.
A sua reforma não era grande mas tinha-se reformado, ainda, a tempo.
Lembrou-se que era dia de Santo António e que a sua rua ia ficar virada do avesso,
também.
Sorriu, e lembrou-se da agitação de anteriores noites de Santo António, lembrou-se
do seu marido e pensou que o tempo não apaga a dor. Há dias melhores e dias em que
a saudade aperta mais.
Bom pensou ela:
- Vou ligar à minha filha a ver se ela quer cá vir jantar e depois vamos a duas dar
uma volta pelo bairro.
Se bem o pensou melhor o fez.
Mas se já não estava bem pior ficou, a sua Ana já tinha programa combinado.
Disse-lhe que não dava mas para ela ficar descansada que no domingo iria lá jantar.
Não lhe levou a mal mas não lhe apetecia nada passar a noite de Santo António, mais uma vez sózinha, à janela a ver os jovens a passar.

SEGREDOS DO DESTINO (I)

Aceito o repto, duas a três escritas por semana. Tomei a ousadia de já atribuir um título "Segredos do Destino". Se houver melhor proposta... avante com ela! Para já vou começar:
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Viviam, e conheciam-se há muitos anos, no mesmo bairro típico lisboeta! Andavam pelos 60 e poucos anos, eram compadres... e ambos viúvos, a Maria Esperança e o Joaquim Infortúnio. Enviuvaram pela mesma altura, ela perdeu o marido num acidente de automóvel, e ele perdeu a mulher em situação idêntica. O marido da Maria Esperança fora à terra (na província) há cerca de dez anos e no regresso despistou-se por causa da geada, perdeu o controlo do carro... e iniciou outra viagem! A mulher do Joaquim ia descansada pelo passeio, depois de ir às compras e foi abalroada por um indivíduo que nem se preocupou em saber como ela tinha ficado. Foi há oito anos!
Maria Esperança, desempenada e de bons dotes físicos ainda sonhava encontrar um companheiro para o resto da vida, pois se a felicidade a tinha acompanhado no casamento, certamente voltaria a encontrar um homem que não a desiludisse. Joaquim Infortúnio, passava o dia a pensar na sua desdita, a mulher fora sempre muito doente e apesar de ser boa dona de casa e boa mãe, não havia dia que não o fizesse ir a correr para a farmácia: "Coitadinha até na morte foi infeliz"!
Um dos rapazes da Maria era casado com uma filha do Joaquim, e tinham um casalinho todo vivaço entre os três e os cinco anos, viviam em França que lhes dava para ganharem alguma coisa de jeito. Quando vinham de férias, desafiavam os dois a segui-los até à terra do Astérix, mas ali continuavam teimosamente naquele bairro, separados por cinco portas! Irredutíveis também eles eram uns resistentes!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Desafio ou.....

Viva,

Vou-vos lançar um desafio, vamos escrever uma texto, uma história, a vários mãos.

Se cada um de nós escrever cinco ou seis linhas não custará nada.

Adianto ou melhor proponho para começar dois personagens: A D. Maria Esperança e o Snr. Joaquim Infortúnio.


Quem começa?

Abraços
Ana

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A História do Ratinho

Citando o Virgilio:

" Os direitos existem para ser exercidos na sua plenitude e não apenas quando nos interessa, ou quando quem está no poder é um adversário político."



Citando Miguel Torga (Diário -11/1964):

- Sim vivemos na ambiguidade. Mas é preciso distinguir a que nos é imposta da que escolhemos por cálculo"


Passados 36 anos do 25 de Abril ainda é preciso coragem para lutarmos por aquilo em que acreditamos, tanta ambiguidade, tanto faz de conta, tanto deixa andar... os outros que resolvam,.... não te envolvas que te prejudicas.... não reclames que te prejudicas .. enfim.... tanta .... tanta hiprocrisia.... tanto jogo de interesses, tanta desistência..... tantas cedências....tanto Abril por cumprir.


Abraços
Ana

A HISTÓRIA DO RATINHO

Parece que o tempo está a mudar! Hoje o dia foi muito cinzento, mas amanhã promete ser mais animado, pelo menos para os lado de S. Bento. Uma vigília do STAL, às portas do primeiro-ministro, ali para fazer eco do descontentamento dos trabalhadores da administração local.
Muita gente julga todo esse esforço não tem qualquer valor e que é inconsequente a participação dos diversos sindicatos neste tipo de iniciativas. Mas ainda que não se vejam frutos no imediato, eles irão de certo modo aparecer. Bem pior seria não fazer valer os nossos direitos, pois estou em crer que muitos dos que nos retiraram, só o fizeram porque não eram exercidos por todos com a frequência que deveria ser.
Aliás é mais ou menos o que se passa com a história do ratinho... se todos os animais se tivessem preocupado com a existência da ratoeira... não teriam caído "na ratoeira"! Os direitos existem para ser exercidos na sua plenitude e não apenas quando nos interessa, ou quando quem está no poder é um adversário político. Tenho por hábito, dizer (e também praticar) que sou um grevista militante, pois antes de ser filiado em qualquer partido, já era trabalhador e como tal um direito que me assiste é o direito à greve, como tal faço-as sempre. E para não deixar aqui mentiras, devo dizer que só falhei uma porque nesse dia tinha uma frequência no ISCSP e não havia greve dos professores... foi a excepção à regra!
O ratinho é que tinha razão... até à próxima!

O problema de um é problema de todos

Viva Egidio gostei muito.

Há muito tempo que não lia nada tão actual e ao mesmo tempo tão ternurento.

O problema é que a natureza humana só olha para o próprio umbigo.

A semana passada ia-me "passando" estava num local público e alguém em voz alta, dizia que se fosse governo acabava com o subsidio de desemprego porque se o subsidio não existisse as pessoas procuravam emprego, como se os empregos fossem de geração espontânea, estão ali ao virar da esquina, como se fosse uma questão apenas de vontade própria.

Deu-me vontade de lhe chamar de estúpido para cima, mas contive-me.

Pobres ignorantes que nem sabem que todos os meses nos descontos, que nós fazemos, para da Segurança Social, uma parte se destina ao Fundo de Desemprego e que anteriormente esse fundo estava separado e que só posteriormente foi agregado.

Enfim... perdoai- lhes senhor porque não sabem do que falam

Beijos
Ana

Passeio BTT Aboboreiras