sexta-feira, 29 de julho de 2011

Os meus Poetas..........Esperança..."


Esperança


Canto,

Mas o meu canto é triste.

Não sou capaz de nenhum outro, agora.

Em cada verso chora

Uma ilusão,

Tolhida na amplidão

Que lhe sonhei…

Felizmente que sei cantar sem pressa.

Que sei recomeçar…

Que sei que há uma promessa

No acto de cantar…


"Miguel Torga - Antologia Poética

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domingo, 24 de julho de 2011

Os meus Poetas...... Tristeza


"Anunciam os sociólogos o advento próximo de uma humanidade sem alma, de superfície, fútil, a viver despreocupadamente o quotidiano, feliz, liberta de inquietações de qualquer ordem, politicas, morais, religiosas ou cívicas. Cada qual contente da sua condição singular, alheio ao poder, à autoridade, aos problemas do mundo. E fico-me a pensar no qual será o amanhecer desse feriado egotista no longo calendário agitado do tempo. É que pergunto a mim mesmo se, depois dele, os pesadelos que agora nos afligem não voltarão redobrados. Quanto mais profundamente se dorme, mais estremunhado se acorda com a realidade. Ninguém vive indefinidamente entre parêntesis"

Miguel Torga - Diário 1988


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Será que não é por a Humanidade estar cada vez mais voltada para si mesma que acontecem desgraças como a que aconteceu na Noruega?

Um abraço do tamanho do Mundo e sejam felizes.
Ana

segunda-feira, 18 de julho de 2011

"Os meus Poetas ......... Sátira"

Sátira


Disse então aos tiranos!

Que pequena e mesquinha humanidade

A vossa!

Horas dias e anos

De crueldade,

Para que ninguém possa

Gritar que passais nus pela cidade!


Miguel Torga – Antologia Poética

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Um abraço
Ana

Ps - Se virem por aí alguma lista dos produtos que os reformados e pensionistas estão a fazer para gastar os 4 euros do aumento, enviem-ma sffavor !!!!!!

Como Vão!!!

Olá caros Amigos, como vão?
Há já muito tempo que não vinha a estas paragens. Sem desculpas, mas com a noção que faltava algo que me completasse, pois, apesar do tempo e distância os sentimentos mantêm-se.
Não tenho a sorte do Egídio ou da Ana, do Zé Rui e do Virgílio ou até mesmo do Nuno, que se vão vendo com frequência lá para os lados da CGTP, vou vendo o Luís...
No outro dia ia para o sul, rolando, quando passei pela placa que dizia Sines e lembrei-me do meu Amigo Egídio. Também a ver a televisão vi o Zé Rui, da comissão dos utentes por causa do comboio....
Desta vez, só para dizer que por cá continuo. Com saudades dos Amigos e com imensa vontade de vos ver

domingo, 17 de julho de 2011

Os meus Poeta... Para um amigo......"

Para um Amigo Tenho Sempre



Para um amigo tenho sempre um relógio

esquecido em qualquer fundo de algibeira.

Mas esse relógio não marca o tempo inútil.

São restos de tabaco e de ternura rápida.

É um arco-íris de sombra, quente e trémulo.

É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.


António Ramos Rosa - "Viagem Através de uma Nebulosa

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Lembram-se da Mesa 6?
Um bom domingo e um abraço do tamanho do mundo para todos, com muitas, mas mesmo muitas saudades.

Ana

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Os meus Poetas .... Os Grandes Indiferentes


Os Grandes Indiferentes

Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia
Tinha não sei qual guerra,
Quando a invasão ardia na cidade
E as mulheres gritavam,
Dois jogadores de xadrez jogavam
O seu jogo contínuo.


À sombra de ampla árvore fitavam
O tabuleiro antigo,
E, ao lado de cada um, esperando os seus
Momentos mais folgados,
Quando havia movido a pedra, e agora
Esperava o adversário.
Um púcaro com vinho refrescava
Sobriamente a sua sede.


Ardiam casas, saqueadas eram
As arcas e as paredes,
Violadas, as mulheres eram postas
Contra os muros caídos,
Trespassadas de lanças, as crianças
Eram sangue nas ruas...
Mas onde estavam, perto da cidade,
E longe do seu ruído,
Os jogadores de xadrez jogavam
O jogo de xadrez.


Inda que nas mensagens do ermo vento
Lhes viessem os gritos,
E, ao reflectir, soubessem desde a alma
Que por certo as mulheres
E as tenras filhas violadas eram
Nessa distância próxima,
Inda que, no momento que o pensavam,
Uma sombra ligeira
Lhes passasse na fronte alheada e vaga,
Breve seus olhos calmos
Volviam sua atenta confiança
Ao tabuleiro velho.


Quando o rei de marfim está em perigo,
Que importa a carne e o osso
Das irmãs e das mães e das crianças?
Quando a torre não cobre
A retirada da rainha branca,
O saque pouco importa.
E quando a mão confiada leva o xeque
Ao rei do adversário,
Pouco pesa na alma que lá longe
Estejam morrendo filhos.


Mesmo que, de repente, sobre o muro
Surja a sanhuda face
Dum guerreiro invasor, e breve deva
Em sangue ali cair
O jogador solene de xadrez,
O momento antes desse
(É ainda dado ao cálculo dum lance
Para o efeito horas depois)
É ainda entregue ao jogo predilecto
Dos grandes indif’rentes.•
Caiam cidades, sofram povos, cesse
A liberdade e a vida.
Os haveres tranquilos e avitos
Ardem e que se arranquem,
Mas quando a guerra os jogos interrompa,
Esteja o rei sem xeque,
E o de marfim peão mais avançado
Pronto a comprar a torre.


Meus irmãos em amarmos Epicuro
E o entendermos mais
De acordo com nós -próprios que com ele,
Aprendamos na história
Dos calmos jogadores de xadrez
Como passar a vida.


Tudo o que é sério pouco nos importe,
O grave pouco pese,
O natural impulso dos instintos
Que ceda ao inútil gozo
(Sob a sombra tranquila do arvoredo)
De jogar um bom jogo.


O que levamos desta vida inútil
Tanto vale se é
A glória, a fama, o amor, a ciência, a vida,
Como se fosse apenas
A memória de um jogo bem jogado
E uma partida ganha
A um jogador melhor.


A glória pesa como um fardo rico,
A fama como a febre,
O amor cansa, porque é a sério e busca,
A ciência nunca encontra,
E a vida passa e dói porque o conhece...
O jogo do xadrez
Prende a alma toda, mas, perdido, pouco
Pesa, pois não é nada.


Ah! sob as sombras que sem querer nos amam,
Com um púcaro de vinho
Ao lado, e atentos só à inútil faina
Do jogo do xadrez
Mesmo que o jogo seja apenas sonho
E não haja parceiro,
Imitemos os persas desta história,
E, enquanto lá fora,
Ou perto ou longe, a guerra e a pátria e a vida
Chamam por nós, deixemos
Que em vão nos chamem, cada um de nós
Sob as sombras amigas
Sonhando, ele os parceiros, e o xadrez
A sua indiferença.


Ricardo Reis - "Odes"

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Desculpem a repetição, mas é como sinto que os politicos (leia-se europeus) estão em relação aos países ditos "periféricos".


Um abraço do tamanho do mundo

Ana

PS - Deixem-se ouvir. Onde para o grupo?

segunda-feira, 11 de julho de 2011

"Os meus Poetas......Depoimento

Depoimento


Deponho no processo do meu crime.

(Sou testemunha

E réu

E vítima

E juiz.)

Juro

Que havia um muro,

E na face do muro uma palavra a giz.

MERDA ! – lembro-me bem.

- Crianças……- disse alguém

Que ia a passar.

Mas voltei novamente a soletrar

O vocábulo indecente.

E de repente,

Como quem adivinha,

Numa tristeza já de penitente,

Vi que a letra era minha.


Miguel Torga – Antologia Poética


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Egidio
A tristeza do o que se passa no País põe-nos doentes.
Um abraço do tamanho do mundo.
Ana

Na Sexta fui à CGTP e Estive com a Ana

De facto!
Tive que passar na CGTP para trazer uns documentos que o Hugo Dionísio tinha para me entregar e, à Saída (hora do Almoço), encontrei a minha Amiga Ana Fernandes.
Estavas um pouco triste, dizias doente...
Desejo-te o ânimo que sempre tens demonstrado ter e que de algum modo vais puxando outros para cima.
Um abraço.
PS: Ah...Imperdoável. Na CGTP estive também com o Nuno Paulo. Um abraço para ele também

Passeio BTT Aboboreiras