domingo, 28 de fevereiro de 2010

OH AMIGO MALAQUIAS...

Então amigo Malaquias que raio de algazarra vem a ser esta?

.....

Ah! Está bem, vem a chegar de Alvalade! Está eufórico heim?

....

Tem razão, esta semana o seu Sporting esteve em cheio! Mas já agora dei-me puxar a brasa à minha sardinha, é que o Sporting ganhou duas vezes por 3-0, o Benfica ganhou duas por 4 bolas!

.....

Mas esta de pôr o cheira a Lisboa aqui em altos berros não lembrava a ninguém!

....

Isso nem se pergunta! Claro que estou satisfeito por o meu Benfica ganhar um bocadinho mais de fôlego com a vitória do Sporting! Mas olhe que o Benfica é que tem que fazer por ele, não pode estar à espera de ajudas dos outros!

.....

Ah, claro que o acompanho na celebração, afinal há tanto tempo que não tínhamos uma conversa assim além de celebrar até molhamos a palavra!

.....

Ora bebamos às vitórias e à nossa saúde e dos nossos amigos "malaquianos" que por aqui vão aparecendo! À saúde de todos e eu que até sou benfiquista, hoje faço coro consigo caro Malaquias. Viva o Sporting!

......

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

NA HORA DE ALMOÇO

Mais uma passagem, mais uma leitura, mais um comentário feito texto. Mais meia dúzia de palavras, feitas mensagens para os meus amigos! Tudo bem aproveitado na hora de um almoço que se devora a correr!

Pedia-me a Ana que publicasse neste nosso espaço os artigos (post) do meu blogue! Desculpem caros amigos mas não posso fazê-lo porque estamos perante duas realidades diferentes! Desculpa Ana se te faço andar "a saltar" de um lado para o outro!

Os textos, e não só, que aqui vamos deixando pretendem ser elos de uma cadeia de amizade que nos ficou de determinada experiência e vivência. Com mais ou menos contributos, são nossos! O que escrevo noutro local é apenas meu (ou seja da minha responsabilidade) ainda que o partilhe com quem visita aquele espaço. Isto é, em cada momento devemos saber em que posição nos encontramos: o individual ou o colectivo! Se o colectivo aceita o individual, com todas as diferenças que são inerentes a cada um dos seus membros, o individual não deve tentar impor-se pelas suas ideias e práticas ao colectivo, pois este deve ser sobretudo um campo de interrelação e solidariedades. Por isso quando alguém visita o meu blogue sempre poderá comentar : "... lá está este tipo a....", mas por outro lado se alguns dos textos que lá se encontram aqui fossem inseridos, poderiam resultar em comentários do tipo: "... mas quem pensam estes sujeitos que são", deixando todo o colectivo em causa!

Vai longo o texto, mas não posso parar sem deixar um agradecimento especial ao Égidio pela bela música do Zeca que aqui nos deixou, acompanhada de excelentes notas biográficas, autênticas relíquias. Por agora acabo com os beijinhos e abraços do costume, mais uma vez solicitando que me confirmem a data de Peniche... acho que terá ficado para princípios de Maio... (???).

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Zeca Afonso - Saudades

23 Anos depois da sua morte deixo-vos uma das músicas que me deixam saudades.



1 Abraço fraterno
ef

Peditórios & Cª......

Hoje aconteceu-me mais um daqueles episódios.....e não consegui passar sem dar dinheiro:

Ainda não vos tinha dito que ando a ver se consigo deixar de dar dinheiro sempre que me pedem e na Baixa pedem muito.

- Ele é o latinhas, o sem-abrigo a quem a polícia tinha tirado as ferramentas,e que agora arranjou um cachorro, ainda para apelar mais aos meus sentimentos, ele é a sem abrigo na 1º de Dezembro, a do cãozinho com o casaquinho, ele é o sem abrigo que está sempre perto do Rossio, que mesmo que não lhe deem nada agradece sempre!!!

Resolvi começar a dizer que não, hoje não tenho moedas mas .... não resulta, acabo por dar. Um deles agora trata-me por amiga. Diz: - cá vem a minha amiga........

Ontem na Rua Ivens chegou-se um individuo ao pé de mim dizendo:

- Faz favor

Como sou educada, parei:

- Pode-me comprar alguma coisa para comer.....
Não tinha aspecto de sem abrigo e mais uma vez dei, dei-lhe 2 euros para ir comprar uma sandes!!!!!

E disse para mim própria:

- Voltaste à mesma.......

Hoje eram quase oito da noite estação dos comboios do Rossio.

A cena repete-se:

- Faz favor

Parei pensando que era para me perguntar alguma informação sobre os comboios.
Era um jovem que me pediu não uma informação mas uma moeda para a ajuda do bilhete.

Passei sem dar, mas não consegui lembrei-me que se alguma das mnhas filhas estivesse nessa situação gostaria que a ajudasse.

Resultado voltei pra trás e dei-lhe 50 cêntimos.

Já durante o percurso do comboio prometi a mim mesma que para a próxima vou comprar o bilhete e entrego-o.

Começo a pensar será que tenho o tal ar que as minhas filhas dizem que atrai os sem abrigo? Será?

Bom já é tarde.

Um abraço,

PS: Virgilio gostei muito, mais uma vez, do texto do teu blog. Porque é que não os publicas aqui?

EU... TEIMOSO

Como somos sempre os mesmos... fico apreensivo pois as capacidades demonstradas por todos durante o nosso curso deixavam a expectativa de que com meia dúzia de linhas cada um conseguia pôr nesta "casinha" umas ideias engraçadas, mais ou menos sérias consoante a maré mas sempre capazes de nos lembrar um rosto, um sorriso, uma piada, um gosto, e até uma capacidade culinária.
Não sendo assim... e como sou teimoso vou continuando a fazer frente à Ana (qualquer dia julga-se dona disto... é a brincar;) tal a debandada dos restantes). Nem sempre o faço segundo o modelo que mais gosta, a poesia, mas a poesia é como a música está no nosso interior! Aliás como está a amizade. Folgo por saber que estão todos bem e para vos aconselhar a visitar o meu blog para lerem o "post" mais recente "O General e o Filósofo" para verem que por vezes a história se repete em padrões algo diferentes mas como algumas semelhanças. É certo que conhecem bem a minha linha por isso não se sinto ofendidos com alguma palavra ou comentário a despropósito!
Ora beijinhos e Abraços!
Nota: Oh Ana em Peniche temos de receber uma medalha, por mantermos isto vivo!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

As catrástrofes naturais ...... ou a precaridade da vida....

Colhe o Dia, porque És Ele

Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem: outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.

Por que tão longe ir pôr o que está perto —
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.

Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.

Ricardo Reis, in "Odes"


Um abraço
Ana Fernandes

Confiança

Nestes dias tristes para todos nós, embora o Sr Presidente da República tenha dito, na sua mensagem, que os portugueses não se esquecem dos madeirenses, como se não fôssemos todos portugueses, aqui fica:

Confiança

O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura....
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova

Miguel Torga - Poesia Completa I

Um abraço
Ana Fernandes

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Saudade

Para os amigos que estão longe:

Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos e vazios

Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados e doridos

Sorri, vai mentindo à tua dor
E ao notar que tu sorris
Todo o mundo irá supor
Que és feliz

"Charles Chaplin"

Há saudades que duram o tempo das nossas vidas, essas só as podemos mitigar com as lembranças dos que já partiram, as outras, as que são devidas às distâncias que a vida interpõe entre amigos, vão desaparecendo, não com a maré cheia mas com os reencontros.

Um abraço do tamanho do mundo

Ana Fernandes

Saudade...

A saudade é como um rio
Corre sempre sem parar
Em seu leito,choram as pedras
Na vida somos nós a chorar.

A saudade é uma ilusão
Uma escada sempre ocupada
Não há um espaço vazio
Onde não haja uma mágoa.

Magoas de amor, quem não teve
Talvez porque nunca amou
Por ter medo de sonhar
Ou porque nunca acordou.

É sempre tempo de acordar
E sonhar uma vez na vida
Mesmo que deixe uma mágoa
Nunca é saudade perdida.

(autor desconh.)








Bjinho e abraço...ambos com saudade... :)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Mar

Viva

Só depois de adulta senti a dôr de ver partir os meus ente queridos. Não consigo imaginar a DOR de uma criança ao perder o avô.

É tão revoltante que passados 55 anos ainda continuem a morrer pescadores portugueses no mar, que ainda se arrisque tanto por necessidade de sobreviver, que com tanto plano tecnológico, tanta tecnologia, se corram tantos riscos......

Lembram-se daquela conversa que vos contei que ouvi em Alcaçer do Sal?

"a minha mãe não tinha um pedaço de chão para plantar uma couve,éramos ....muitos, tínhamos de ir ao mar senão não comíamos...........e o meu irmão tão pequenino sempre a chorar ....."

Para o Nuno Paulo:

Mar

Mar!
Tinhas um nome que ninguém temia:
Era um campo macio de lavrar
Ou qualquer sugestão que apetecia...

Mar!
Tinhas um choro de quem sofre tanto
Que não pode calar-se, nem gritar,
Nem aumentar nem sufocar o pranto....

Mar!
Fomos então a ti cheios de amor!
E o fingido lameiro a soluçar,
Afogava o arado e o lavrador!

Mar!
Enganosa sereia rouca e triste!
Foste tu quem nos veio namorar,
E foste tu que depois nos traíste!

Mar!
E quando terá fim o sofrimento!
E qundo deixará de nos tentar
O teu encantamento!

Miguel Torga - Poesia Completa II

Um abraço
Ana Fernandes

AINDA NATÁLIA

Cara amiga, a amizade que tinha com a Natália e o Dórdio cingia-se às questões das letras, pois o Dórdio era também poeta, romancista e até, julgo, cineasta. Tanto quanto soube, mas só anos mais tarde, após o falecimento da Natália (se não erro em 1993), ela até foi casada quatro vezes a última das quais a partir de 1990 exactamente com o Dórdio. Quando foi daquela história que contei ela até era casada com Alfredo Machado (só soube isto posteriormente) mas como era muito mais velho e estaria muito debilitado, então ela teria supostamente uma relação com o Dórdio, mantendo o anterior casamento até 1989 (data em que morreu o marido).
Por aqui se vê que aquela afirmação "eu não tenho nem quero marido" não correspondia à verdade, e que isso teria só o objectivo de causar sensação junto da juventude, de mostrar a sua rebeldia que todos conhecemos, ou porque quanto a essa circunstância achasse preferível dar-lhe outra designação. Aliás Alfredo Machado fora mesmo o grande amor da sua vida.
Quanto ao Dórdio voltei a estar com ele em Leiria onde fui ver uma exposição, para a qual me convidou (não fui á inauguração, mas dois dias depois, um sábado) sobre a vida da Natália (após a sua morte) talvez em 1994 ou 1995. Lanchámos juntos e falou-me da Natália por quem era mesmo muito apaixonado.
Sei que tentei trazer essa exposição a Tomar, mas primeiro por dificuldades económicas da autarquia e numa segunda fase porque o responsável da cultura era contra a fazerem-se iniciativas acerca de defuntos, nunca consegui convencer a quem de direito para concretizar esse objectivo, apesar de trabalhar no Gabinete da Cultura do Município nesse momento.
Acresce aqui também a minha inexperiência e confiar demasiado em certas pessoas, mas isso são outras contas, contudo fiquei com uma mágoa muito grande.

Pescadores

Dos jornais de hoje, 19 de Fevereiro de 2010:
Quatro pescadores de Peniche estão desaparecidos desde ontem à noite. Vão ser iniciadas buscas...

Dos jornais de 15 de Setembro de 1955:
Naufragou na barra de Aveiro, junto a S. Jacinto, uma traineira de Peniche com 17 pescadores a bordo.

Dos jornais de 19 de Setembro de 1955:
António Paulo, conhecido como Sardinha Arinca e que era o mestra da traineira Graça de Deus que naufragou no passado dia 14, deu à costa na praia de Buarcos, Figueira da Foz. Os restantes 16 pescadores continuam desaparecidos.

O que nenhum jornal noticiou:
Desde 14 de Setembro de 1955, nunca mais um menino ouviu o seu avô chamá-lo pela rádio marítima como o fez, pela última vez, nesse dia ao final da tarde:
Nuno Paulo...Nuno Paulo...Nuno Paulo...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Auto retrato de Natália Correia

Auto-retrato

Espáduas brancas palpitantes:
asas no exílio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.

Natália Correia


Virgilio, li algures que a Natália Correia e o Dordio Guimarães afinal sempre eram casados. Que tinham casado em 1990, dado que os conhecestes confirmas?

UM abraço
Ana Fernandes


Um abraço
Ana Fernandes

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Natália Correi

Queixa das almas jovens censuradas

Dão-nos um lírio e um canivete
e uma alma para ir à escola
mais um letreiro que promete
raízes, hastes e corola

Dão-nos um mapa imaginário
que tem a forma de uma cidade
mais um relógio e um calendário
onde não vem a nossa idade

Dão-nos a honra de manequim
para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos um prémio de ser assim
sem pecado e sem inocência

Dão-nos um barco e um chapéu
para tirarmos o retrato
Dão-nos bilhetes para o céu
levado à cena num teatro

Penteiam-nos os crâneos ermos
com as cabeleiras das avós
para jamais nos parecermos
connosco quando estamos sós

Dão-nos um bolo que é a história
da nossa historia sem enredo
e não nos soa na memória
outra palavra que o medo

Temos fantasmas tão educados
que adormecemos no seu ombro
somos vazios despovoados
de personagens de assombro

Dão-nos a capa do evangelho
e um pacote de tabaco
dão-nos um pente e um espelho
pra pentearmos um macaco

Dão-nos um cravo preso à cabeça
e uma cabeça presa à cintura
para que o corpo não pareça
a forma da alma que o procura

Dão-nos um esquife feito de ferro
com embutidos de diamante
para organizar já o enterro
do nosso corpo mais adiante

Dão-nos um nome e um jornal
um avião e um violino
mas não nos dão o animal
que espeta os cornos no destino

Dão-nos marujos de papelão
com carimbo no passaporte
por isso a nossa dimensão
não é a vida, nem é a morte

Natália Correia, in "O Nosso Amargo Cancioneiro"

POIS É XAVIOTA

Pois é, apesar de alguns remoques a despropósito gostei do comentário, Xaviota! Gostei porque eu admirava a Natália Correia, a sua imponência e impertinência! A passagem que vou contar expressa bem a sua forma de estar no mundo, desabrida e provocante. Como antes referi existiu aquela associação de escritores a quem ela dedicava especial carinho. Nesse ano de 1985 resolvemos fazer um Encontro Nacional, que decorreu no Paço dos Duques em Guimarães e até contou com a presença do então Secretário de Estado da Juventude, nada mais nada menos que o Marques Mendes... era a época apoteótica do Cavaquismo!
É certo que para esse efeito teve imenso peso o vice-presidente da Associação pertencer à JSD, mas políticas à parte foram três dias de grande animação intelectual, com muitos jovens portugueses e outros das países de expressão portuguesa.
Ora a estadia foi no Hotel Conquistador e íamos chegando aos poucos! Eu estava com uma amiga de Évora, que andaria pelos 22/23 anos, a trocar impressões e a Natália ao balcão a fazer o registo (chek-in), já nos tínhamos cumprimentado uns aos outros e ali estávamos. Entretanto o Dórdio chamou pela Natália, uma e outra, e ainda outra vez. Ela não lhe deu resposta e a amiga com quem eu estava chegou-se junto da Natália e disse-lhe: "Olhe D. Natália o seu marido está a chamá-la!"
Resposta pronta, naquele vozeirão que fazia tremer tudo à sua volta, na ponta da língua da Natália: "O meu marido não! O tipo com quem eu durmo e que eu autorizo que durma comigo, que eu cá não tenho nem quero maridos!"
Um silêncio abateu-se por completo na recepção, ninguém se atrevia a dizer uma palavra, a minha amiga e eu fizemo-nos da cor de um tomate! A Natália impávida e serena concluiu o registo, virou-se e gritou: "Dórdio, já podemos subir para o quarto!" Pegou na mala saiu em direcção aos aposentos com a a maior das naturalidades.
Pouca gente sabia, e eu também não, que eles não eram casados, mas não foi isso que nos afectou mas o aparente desprezo com que a nossa "ídolo" disse aquelas palavras!
Já agora Ana desculpa a mania das escritas e fazer-te andar de blogue para blogue! Para os outros, contem umas coisas engraçadas... eu deixo beijos e abraços e quero saber a data de Peniche, pois tenho Maio muito ocupado e não quero faltar!
(Este "post" foi alterado em 18/02/2010 por especial deferência de Xaviota que alertou para a existência de um erro num dos nomes referidos)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Assim não dá....

Assim não dá Virgilio, não tenho tempo para andar a ver dois blogs.
Estou a brincar... gosto muito do teu blog e parabéns pelas bodas de prata do teu primeiro livro.

A ver se o nosso blog não fica reduzido às nossas participações e às "provocações" do nosso amigo Xaviota.

Onde andam os outros? Só espero que as ausências não sejam por motivos de saúde.

Um abraço
Ana Fernandes

TAMBÉM GOSTO DO TORGA

Que não seja por isso, se o gosto pelo Torga é razão para alguns dos seus poemas, pois eu também gosto do Torga.
Aliás conheci em vida o Dr. Adolfo Rocha por volta de 1985 quando por via de uns certos amigos que estudavam na Universidade me deslocava amiúde a Coimbra e frequentava a república "Kimbo dos Sobas"! Uma amiga, de quem vou manter o anonimato, que era uma daquelas pessoas extremamente desinibida e de imaginação fértil e lá arranjou forma de irmos ao seu consultório! O doutor é que não achou graça nenhuma quando ela disse que não havia problema de saúde mas sim curiosidade minha em conhecê-lo! O homem ficou pior que uma barata e quase nos dava dois tabefes, mas eu fiquei feliz, e ainda hoje me lembro do seu olhar faiscante que nos dirigiu. Apesar da sua poesia "Os Contos da Montanha" e "Os Novos Contos da Montanha" são as obras que mais me seduzem!
Mas outra história engraçada, mais ou menos pela mesma época, vivia-a com Natália Correia, Jorge Amado e Zélia Gatai. Este casal vinha a Portugal fazer a apresentação um livro de cada um e a apresentação tinha lugar na Livraria Barata, ali para os lados da Avenida de Roma. Nessa ocasião tinha uma relação de alguma amizade com a Natália e Dórdio Guimarães, pois tinha sido criada uma associação de escritores (AJEP-Associação dos Jovens Escritores Portugueses), da qual a "pitonisa" era a "alma mater", e telefonei ao Dórdio para saber se a Natália (nunca atendia telefonemas) tinha modo de me pôr em contacto com o Jorge! A Natália simpatizava comigo - embora me estivesse sempre a alertar que para se ser escritor não bastava querer, tinha de se trabalhar muito (ler e rascunhar como dizia) - e dispôs-se a tal.
O Jorge e a Zélia iam ficar no Hotel Roma e para lá ficou combinado o encontro e á hora marcada lá estava eu. Depois de uns momentos, meio encavacado, perante a conversa dolente de ritmo baiano do Jorge as risadas vivas da Zélia, as fumaradas da Natalia, na sua elegante e provocadora boquilha, e comentários pacientes do Dórdio, ofereci-me para pagar os cafés. E assim paguei por cinco cafés qualquer coisa como 75$00 (setenta e cinco escudos) quando um café andava por volta dos 3$50/4$00. Nem quero dizer como fiquei atrapalhado... o que vale é que desde muito cedo quando me deslocava (e desloco) a Lisboa sempre tive o hábito de tirar bilhete de ida e volta (no comboio)... mas sem demonstrar a minha aflição... paguei, o que vale é que tive os livros oferecidos e autografados pelos autores. Tive sorte... pois fiquei sem dinheiro para o pagar... estou convencido que a Natália se terá apercebido e terá segredado ao Jorge... de seguida feliz e muito aliviado acompanhei-os à Livraria Barata!
Pois a literatura sempre me seduziu, portanto que venha Torga, Ary, Mourão-Ferreira, que cá estarei para apreciar!
(Este "post" foi alterado em 18/02/2010, por especial deferência de Xaviota que alertou para a existência de um erro num dos nomes referidos)

Cântico da consciência

E porque parece que, o nosso amigo Xaviota, também gosta de Miguel Torga, aqui vai:

Cântico da Consciência

Olho daqui o mundo e o ponto negro
Que sou na sua crosta esbranquiçada,
E não perco a coragem da jornada,
Nem me iludo.
Numa esfera animada
Rola tudo,
E tudo chega ao fim da sua estrada

MIgueel Torga - Poesia Completa I

Um abraço
Ana Fernandes

Indiferença

Viva

Respondendo ao nosso amigo Xaviota:

" O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem carácter, nem dos sem ética.
O que mais preocupa é o silêncio dos bons"


Martin Luther King

Um abraço
Ana Fernandes

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Insensibilidade & Cª

Olha Virgilio, hoje, nem a lembrança do 1111 me faz alegrar...

Depois de ter feito cento e muitos Kms debaixo de um chuvada e com um frio daqueles, chego a casa, sento-me à secretária para acabar uns trabalhos e ligo a televisão ao acaso.

De repente não posso crer no que ouço:

- Estavam a debater, num qualquer canal de notícias, as medidas quanto à descida da temperatura, a moderadora, um representante de uma associação,que se dedica a ajudar os sem abrigo, da qual não fixei o nome ,e um representante da protecção civil, e entretanto alguns telespectadores iam debitando uns quantos comentários.... ele era a falta de qualidade na construção em Portugal, ele era a professora rouca, a dizer que na escola dela em Lisboa se "morre" de frio, ele era o cidadão a dizer que se preocuparam tanto com o fumo nos cafés , mas que agora não se preocupam com a temperatura nos mesmos....

- O representante da protecção civil depois de ter dito que só quando a temperatura chegar a 4º negativos é que tomam medidas,( e as idosas que morreram em casa, em Lisboa, devido ao frio??? pergunto eu)
- acrescentou que os sem abrigo não são preocupação da protecção civil, não pertencem ao seu âmbito de actuação!!!!!......pois não são cidadãos acrescento eu, e as cidadãs que morreram nas suas casas devido ao excesso de frio????

Será que não faz parte das incumbências da protecção civil a protecção a quem não se pode defender/mover?

-Onde param os serviços sociais da Câmara Municipal de Lisboa? Foram todos/as brincar ao Carnaval?


Cada vez que chove mais um bocadinho são as imundações, quando faz mais frio são as mortes por hipotermia.

Já chega de insensibilidade e de desleixo.

Quando é que se defende a sustentabilidade das cidades e da vida???

Para que servem os bairros tipicos se lá dentro não há qualidade de vida. Será para turista ver?????

Já não há paciência para tanta falta de planeamento para tantas desculpas de mau pagador....

Há dias em que dou comigo a pensar que tínhamos tantas esperanças, lutámos tanto, sacrificámo-nos tanto e ainda está tanto por cumprir.........

Um abraço
Ana Fernandes

1111 - AI QUE SAUDADES

Quando passei por aqui, à hora de almoço reparei que era o visitante 1111! Ora isto fez-me correr a ideia para o ex-quarteto com o mesmo nome, uma tentativa arrojada de quatro rapazes de imitarem os Beatles! Ainda fizeram furor devia eu andar pelos meus nove ou dez anos! É nisso que o ser humano é diferente (segundo parece) dos outros animais, saborear com requintado prazer as coisas boas que lhe ficaram do passado, mais ou menos distante!
A isso chamo Saudade... como é belo ter saudades!
Das coisas más nem vale a pena recordar a sua existência!
As saudades que já tenho daqueles nossos convívios depois de duas ou mais horas de abnegado trabalho no 1º andar da Vitor Córdon! Já agora recordem-me em que dia de Maio ficou combinado o encontro em Peniche! O "maitrê" é o Zé Raposo... não é verdade?
Divirtam-se amanhã!
Abraços e beijinhos....

domingo, 14 de fevereiro de 2010

NAMORADOS NO CARNAVAL

Nem sempre há tempo para escrever meia dúzia de palavras ou para vir em romaria ao nosso blogue, no entanto quando é possível, cá dou uma espreitadela... ou aventuro-me mesmo a deixar umas linhas, ora num registo mais sério, outras mais poético ou então irónico!
Hoje é dia dos namorados e como tal venho desejar aos meus amigos casados ou em vias disso um dia agradável. Mas este dia dos namorados é como muitos outros, que certas máquinas pensantes da economia resolveu transformar em momentos de hiperconsumismo sem terem dele qualquer visão social, ética ou humana... ainda assim desfrutem-no com felicidade e muito romantismo e carinho.
Com o último parágrafo vou exarcebar os princípios do Xaviota, mas querem que vos diga não estou nada preocupado, porque se eu já o disse ele (ela) não vai comentar! Além disso estou mais que convencido que o Xaviota é um dos nossos e até gosta e concorda com algumas coisas que escrevemos mas esconde-se atrás do "pseudónimo" só para nos "chatear"!
Estranho por exemplo que o João Vidigal ou a Deolinda não se tenham inscrito... será que algum deles pôs a mascara de "Xorro" e anda aqui de florete em punho a colocar a sua assinatura "X"!
Seja como for depois de amanhã é dia de Carnaval e embora o tempo não esteja para folias, "prantemos um sorriso nas ventas" e esqueçamos os dias tristes... não é Xaviota?
Rir e Amar ... é que está a dar!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Murmúrios.....Memórias.....Orgulho

Tal como a maioria dos portugueses que utilizam os transportes públicos eu também já estou a começar a criar rotinas.

Tento "apanhar" o comboio no mesmo horário e entro quase sempre na mesma carruagem.

Hoje dei comigo a constatar que já começo a identificar os passageiros:

É o bancário, estremamente bem vestido e que aproveita a viagem para ler, é a mãe e a filha que aproveitam a viagem para dormir, são os putos que frequentam a escola profissional na Reboleira e que deixam vagos uns quantos lugares, é a senhora que aquela hora já vem muito bem maquilhada, etc.

Normalmente eu venho de pé porque não há lugares ,entretida, a escutar os murmúrios das conversas e a tentar perceber qual o estado de espirito daquelas pessoas.

Hoje olhei para uma das paredes da carruagem e li a marca:

SOREFAME - SIEMENS 1997

Pensei : Este comboio foi construído pela minha equipa, a equipa das UQEs

Entretanto o comboio parou na estação da Reboleira e olhei para o espaço onde a SOREFAME existiu durante tantos anos.

Não sei se posso dizer após estes anos, que já não sinto mágoa pelo encerrramento da empresa que quando foi encerrada se chamava Bombardier.

Sempre estive ciente de que a deslocalização da empresa daquele local era inevitável, aqueles terrenos valiam e valem uma fortuna, nunca pensei é que fosse tão cedo e que fosse encerrada.

Voltei a pensar no tema que o Virgilio trouxe para a mesa, o desemprego, e pensei nas pessoas que como eu fizeram parte da equipa que construiu aquele comboio e tantos outros.

Pensei:
Tanta competência desperdiçada, tanto reforma antecipada de pessoas que tanto tinham ainda a dar, a transmitir, tanto sofrimento de toda uma comunidade.

E sim, senti mágoa, pelo destruição de toda uma indústria,pelos nossos governantes tratarem dos assuntos do nosso país "com os pés", expressão que as minhas filhas tanto usam.

Ainda agora na questão da divida externa..... a não saberem defender convenientemente o nosso país entretidos, envolvidos constantemente em tricas......

E pensei que, talvez, alguns dos trabalhadores da Sorefame, sintam o que eu sinto quando ando no Metro, quando atravesso a Ponte sobre o Tejo, quando ando de comboio, quando olho para as barragens espalhadas por todo o país e pelo mundo, que apesar de terem destruído a nossa empresa, tal como fizeram com tantas outras no nosso país não conseguiram nem conseguem destruir o orgulho que eu e certamente tantos outros sentem por termos deixado, TODOS, mas TODOS, um bocadinho de obra feita, por termos feito parte da equipa.

Um abraço do tamanho do mundo.

Ana Fernandes

Reflectir...


Olá AMIGOS, mais uma vez para divagar e afogar os constrangimentos.

Farto-me de rir com alguns comentários que aqui vejo, mas como já referi, "no coments".

Esta problemática do emprego/desemprego, é algo que nos merece meditar, perder, ganhando algum tempo. Merece reflexão.

Às vezes dou comigo a meditar como é que uma família com dois miúdos, como os meus, que andam na escola, desempregados, conseguem olhar para as crianças e explicar-lhes que não podem dar-lhes o que eles precisam. Que só têm dinheiro para a alimentação e, para essa, é muito à conta.

Como se consegue dizer que não podem ir ao cinema com os amigos, pois não há dinheiro. Como se consegue explicar às crianças que não podem ter alguns "mimos", pois é sempre à conta.

Deve ser complicado. é por isso que nos cabe a todos, não como dizia um "parvo", celebrar o "dia dos pobres", mas sim, tentar que acabem.

Utópico? Talvez. Mas se ficarmos colado à nossa cadeira e só olharmos para o nosso umbigo, assim, é claro que não chegamos lá.

Obrigada Virgílio e Ana, pelos momentos em que nos fazem pensar e reflectir sobre temáticas que não convêm ser faladas ou sequer mexidas.

Fiquem bem. Beijos e abraços dentro da necessidades.

P.S.

Falta a ginginha de Óbitos, mas está quase a chegar a sardinha de Peniche.

Abraço, Jaime MAtos

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Desemprego......Desespero.....

Viva

Fiquei a pensar no poema do Virgilio e no drama que é o desemprego.

Costumo dizer que só quem por lá passa sabe a angústia que se vive quando se enfrenta uma situação de desemprego.Os altos e baixos , a esperança, a desesperança, o desânimo. É preciso uma grande força de vontade para resistir a metermo-nos na cama e aguardar que a "crise passe".

Vivi de perto o drama de colegas que não tiveram coragem para enfrentar o despedimento......

Não me venham dizer que, para quem tem habilitações não é tão grave, É SEMPRE GRAVE, é preciso uma grande força de vontade para nos levantarmos e enfrentarmos o dia a dia.

Falo de Cátedra porque em 2003 passei por essa situação.

Houve uma altura em que eu olhava para as caras das pessoas que passavm por mim e já dava por mim a pensar:

-Para estarem aqui a esta hora é porque estão desempregados.

Penso que não deve haver nenhuma família no nosso país que não tenha um membro no desemprego. Eu tenho e não é por falta de habilitações antes pelo contrário. As habilitações em "excesso, também pesam e muito.........!!!!!!!

No outro dia dei comigo a pensar que haverá vários niveis de "desemprego". O desemprego efectivo, de maior ou menor duração e aquele de que a nossa juventude é vitima, o subemprego. O terem de aceitar empregos que nada têm a ver com aquilo para que se preparam, por uma questão de sobrevivência.

A jovem advogada que trabalha num qualquer Calcenter. O psicólogo que é caixa num supermercado,a jovem professora com um Mestrado a trabalhar como Caixeira numa qualquer loja...... se começar a narrar os casos que conheço a lista nunca mais acaba.

No outro dia a minha filha mais nova dizia-me que alguns dos colegas dela mudaram de escola porque os pais tiveram de mudar de casa... e que noutros casos um dos pais ficou desempregado e teve de emigrar.

Outro dia ouvi alguém a argumentar:

- "De que é que se queixa tem emprego que mais quer"


Não era nada comigo mas tive vontade de intervir. É como se fosse um favor o termos emprego.

Será que não é um direito de todos?

Bom já é tarde

Um abraço
Ana Fernandes

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

DESEMPREGADO

Hoje é um poema ... para os que não gostam de poesia poderem protestar. Um poema que enche as nossas ruas, um poema real que nos sangra a consciência humana. Um poema que não deveria de existir. É uma ferida no meu egoísmo por não poder fazer mais nada:
........
Tinha casa, carro modesto
e emprego, mais ou menos,
e amealhava sempre um resto
para momentos menos serenos.
Ganhava com suor o seu pão
que comia, com a mulher e filhos
mas eis que o desalmado patrão
resolveu arranjar-lhe sarilhos.
Porque havia a crise mundial
mandou-o para casa, embora,
e se tinha pena não havia sinal
pois começaria a pagar á hora.
O carro já vendeu, a casa quase,
o mísero pé-de-meia já gastou
pois dizem que é a malvada crise
que até os sonhos lhe assaltou.
O patrão carro novo já tem
foi comprar lagosta e sapateira
porque tem de tratar-se bem
e viver de qualquer maneira!
Tem o duro pão para comer
mas em lágrimas remolhado
apenas para os filhos convencer
que é um alimento abençoado.
Meia dúzia de farrapos é a roupa
que lhe vão servindo de agasalho
come água fervida como sopa
e deambula à procura de trabalho.
..............
É um contributo, um grito de revolta por aqueles que não pode gritar porque têm a garganta seca de tanta promessa traída... mentiras que ferem a dignidade. Enfim desculpem o desabafo, mas continuarei... esta luta!
Para todos um bem haja... mesmo com as minhas asneiras

Surdez.....emocional

Viva amigos

Ontem, à tarde, domingo, fui à farmácia, e como é meu costume dei as boas tardes ao entrar.
A farmácia estava cheia, mas penas uma pessoa me respondeu.
À noite fui ao café dei as boas noites,e, ninguém me respondeu.
Hoje ao pequeno almoço, no café, apenas o dono me respondeu aos bons dias.
Anda tudo surdo?
A surdez emocional virou epidemia nacional? Sim porque se trata de surdez mas... emocional....
Custa alguma coisa responder?
Custa darmos um puco de nós aos outros?

Entretanto aqui fica:

Diálogo

Pergunto...
Mas quem me poderia responder?!
Tu não, rio sem asas,
Que permaneces
A passar...
Nem tu, planeta alado,
Que pareces
Parado
A caminhar....

Humano, só de humanos meus iguais
Entendo a fala,
Os gestos
E o destino.
E esses, como eu,
Olham a terra e o céu,
Os rios e os planetas,
E perguntam também.....

Perguntam, mas a quem?

Miguel Torga in Poesia Completa II

Um abraço do tamanho do mundo.
Ana Fernandes

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Cumpre-te hoje, não Esperando

Viva amigos

Embora seja dirigido a uma mulher penso que este poema do Ricardo Reis se pode aplicar hoje, a todos nós.

Temos de nos cumprir hoje:


Cumpre-te Hoje, não Esperando

Não queiras, Lídia, edificar no espaço
Que figuras futuro, ou prometer-te
Amanhã. Cumpre-te hoje, não esperando.
Tu mesma és tua vida.

Não te destines, que não és futura.
Quem sabe se, entre a taça que esvazias,
E ela de novo enchida, a sorte não te
Interpõe o abismo?

Ricardo Reis, in "Odes"

Um bom domingo e um abraço do tamanho do mundo para todos.

PS - Que bonito poema Luis e Zé onde tens andado?
Virgilio as verdades nunca são asneiras.
Beijos

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Lenda do Enfermeiro

Quando Deus criou o enfermeiro, teve de fazer horas suplementares. Era o 6º dia.

Disse-lhe um anjo: Senhor, há muito que trabalhais para fazer este modelo!

Já pensaste na longa lista de simbolos especiais inscritos nesta encomenda? A obra tem de ser entregue sob a forma masculina e feminina, facil de desinfectar, sem despesas de conservação e não pode ser de plástico. Deve ter nervos de aço, costas que resistam a toda a provação, sendo ao mesmo tempo dócil e gracioso para se poder sentir à vontade nos quartos de serviço demasiado pequenos. Deve poder fazer cinco ou seis coisas ao mesmo tempo, tendo o cuidado de manter sempre uma mão livre - respondeu Deus.

O anjo abanou a cabeça e disse:
- Seis mãos, isso é coisa impossível.

A dificuldade não está aí. O que me preocupa são os três pares de olhos que deve ter o modelo padrão; dois para ver de noite através das paredes, durante as velas e para vigiar duas unidades; dois olhos atrás da cabeça para ver aquilo que não gostariam que ele visse, mas que tem que ter absoluto conhecimento e, seguramente, dois olhos de frente, que olham para o paciente e lhe dizem "Compreendo-vos, estou aqui, não se preocupe." - respondeu Deus

O anjo puxou-lhe gentilmente pelo braço e disse:
- Ide Senhor, amanhã de manhã continuareis.

Não posso - respondeu Deus - Já consegui que raramente adoeça e se saiba tratar a si mesmo. Aceita que dez quartos duplos recolham quarenta doentes, mas nunca que dez postos de trabalho sejam apenas providos com 5 enfermeiros. Gosta muito da sua profissão, que exige muito dele e não é muito bem pago. Sabe viver com horários irregulares e aceita ter poucos tempos livres.

O anjo andou lentamente à volta do modelo do enfermeiro e suspirou:
- O material é demasiado mole.

Deus replicou: Mas é tenaz. Tu não imaginas tudo o que ele pode pensar! Não somente pensar, mas avaliar uma situação e tomar compromisso.
O anjo reclinou-se mais sobre o modelo, passou-lhe o dedo pela face e disse:
- Vejo aqui uma fenda.

Esta fenda é feita por uma lágrima - disse Deus.

Porquê?

Ela corre nos momentos de alegria, de tristeza, de decepção, de dor e desamparo. - explicou Deus. É a lágrima que serve de tubo de escape para o excedente.

"Os anjos estão no céu e os enfermeiros na terra"

(autor desconhecido)

Um mimo apertado de saudades para vocês!

Ò Xaviota: estás-te a pôr a jeito

Ò Xaviota
Porque por agora me falta o tempo e já explico porquê, só te digo que te estás a pôr a jeito. Logo, a gente conversa.Por agora, estou mais preocupado com os quejandos como tu, que por estas bandas são autarcas e que são autênticos autores morais, pela passividade que têm, de crimes com a natureza.A Lagoa de Óbidos, só a maior lagoa natural no litoral português, por força da incúria, do desleixo e dos interesses económicos, está em risco. As coisas têm nomes e os responsáveis também: sucessivos governos do PSD e do PS, acompanhados ou não pelo CDS que prometeram ao longo de anos a requalificação da Lagoa e não fizeram. E, autarcas de Óbidos e Caldas da Raínha que fingem estar preocupados, que inventam candidaturas à classificação de maravilha natural para a Lagoa, mas que nada fazem nem exigem. Ontem o mar fez das suas e o resto da praia da Foz do Arelho, de luitas infâncias ali passadas, praticamente desapareceu. Mas como se não chegásse, um emissário de esgotos mal tratados proveniente de toda a cidade das Caldas da Raínha e de alguns lugares limitrofes, que corre enterrado na areia e entra pelo mar dentro, está em risco de partir pela força do mar e passar a despejar para a Lagôa, provocando um desastre ecológico de consequências ainda imprevisíveis para ecossistema local.Isto, Xaviota, tem nome: política de classe - a dos que só pensam no lucro e em encherem os bolsos, mesmo à custa da qualidade de vida de muitos.E quanto ao "sempre houve ricos e pobres e sempre haverá"estás redondamento enganado. Isso só será assim, enquanto quisermos.Como muitas outras coisas.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

GRIPÁ, POIS CLARO

Ora já que alguém se desviou para o satírico, também vou deixar o registo mais sério e passar a dar uma de entendido. E começo por dizer que tudo se resolve com o vírus da GRIPÁ (eu sei que não é assim que se escreve... mas soa bem). Exactamente a GRIPÁ, deu um contributo fabuloso a algumas farmacêuticas, também pode dar ao problema da pobreza.
Como afinal as vacinas não serviram para nada... parece que serviram para ser devolvidas, pode ser que agora sirvam para alguma coisa. Aplicando a dita cuja a cada pobre deste país não passaremos a vergonha de as devolver e sempre podemos afirmar que temos mais de 40% da população abrangida pela vacinação. Como segundo parece não se morre da GRIPÁ, mas se pode morrer com maior probabilidade da vacina, corríamos o sério risco de ver a nossa população indigente a diminuir catastroficamente e o Teixeira do Santos (todo ele sorrisos) aos pulos porque só com cidadãos activos, produtivos e pagadores de impostos, sem necessitarem de apoio social, o déficite baixaria para números nunca antes imaginados. Quanto à Santa Madre Igreja e outros quejandos da mesma laia, estou convencido que o presidente Cavaco convocaria um Conselho de Estado para os aconselhar a irem para a Madeira (se o Alberto João deixasse, claro está) porque lá agora vai haver dinheiro a rodos.
Agora mais a sério... o negócio da gripe A não foi bom só para as farmacêuticas... foi também para os Estados, pois qual era o cidadão que em risco de morrer de gripe se ia preocupar que tinha o estômago vazio!
Irra que este tipo só diz asneiras!

CARIDADE

Sempre houve ricos e pobres e sempre haverá. Se a questão for qual a relação dos ricos , nós, em relação aos pobres, eles, acho que deve ser centrada na caridade, tal como aponta a Santa Madre Igreja. Além disso, os pobres dão jeito para a criação de associações de ajuda humanitária onde militam muitos dos nossos melhores concidadãos e concidadãs: Conferência de S. Vivente de Paula, Banco Alimentar contra a Fome, Caritas, etc. Se não houvessem tais instituições, seria bem maior o ócio, pai de muitos vícios, razão pela qual devemos agradecer aos pobres o facto de o serem. Pergunto-me até, porque não criar o DIA DO POBREZINHO? Nesse dia, em vez dos 40 cêntimos, daríamos 40€ a cada pobre o que, embora pouco, seria certamente bem recebido pelos indigentes e não nos faria falta nenhuma. De qualquer maneira, não estou nada de acordo com a situação actual em matéria de pedinchince, razão pela qual penso que deveriam ser criadas zonas de pedintes fora das quais não seria permitido dar esmola.
Em jeito de desabafo, digo-vos que já tarda o campeonato do Mundo de Futebol para se deixar de falar em temas tão deprimentes como a pobreza, o déficite, o ataque ao Alberto João que é, apenas, o melhor político nacional. Falar-se-á, então, em portugueses de gema como o Cristiano Ronaldo, o Liedson, o Deco, o Pepe, o Simão, etc, e não de misérias que nos afligem como a dívida, o desemprego, o sub-emprego, os baixos salários, o Socras, o Vara, a Justiça, etc.
Venha, pois, a bola que, somada à caridade, farão a felicidade dos luso-portugueses, esse povo de heróis, santos e santinhas. E venha o Papa, representante certificado de Deus Nosso Senhor Jesus Cristo, para que exalte os nossos Pastorinhos e a Virgem Maria.

Perguntarão vocês: qual o melhor dia para se celebrar o Dia do Pobrezinho?
Aqui fica a minha sugestão: dia 31 de Abril, esse mês tão especial para nós.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Responsabiliddade Social

Viva

Continuando o debate que o Virgilio tão bem agarrou e dado que hoje estou sem tempo, vou apenas lançar mais umas achas para a fogueira:

- O que é a Responsabilidade Social? Onde começa e onde acaba?

- As entidades do 3º sector são entidades sem fins lucrativos ou são empresas prestadoras de serviços isentas de impostos (a maioria)??

Vamos minha gente deixem-se ouvir.

Um abraço do tamanho do mundo
Ana Fernandes

PS - Hoje a policia municipal correu com os Sem Abrigo todos. A baixa estava muito "CLean"

MUITA PARRA ... POUCA UVA

Ora bem... mais uma reflexão! Caros amigos (obrigado Ana pela referência), o que se passa verdadeiramente é que, como diz o povo, isto é muita parra e pouca uva. Não tenho pretensões de mudar as coisas, mas continuarei a remar...
A questão, referida pela Ana, centra-se essencialmente no desejo doentio da morte do Welfare State, já tantas vezes preparada e anunciada. Os grandes políticos (isto é os governantes), em todo o mundo, inclusive neste cantinho depauperado, dos últimos 30 anos deixaram-se corromper! São todos, sem excepção, uma corja de corruptos, uns prostitutos da política que se venderam a meia dúzia de traficantes de influências! Se acabar o Estado-Providência ou Estado Social, como todos eles andam para aí a propagandear, surgem as empresas do terceiro Sector (não estou a falar de organizações sociais)... Empresas que estabelecerão grandes contractos com os Estados para diminuir as injustiças sociais, e com esse negócio vão correr milhões de euros ou dólares para o bolso de uns quantos que são os mesmos de sempre.
Por alguma razão se diz que estas vão ser as grandes empresas do futuro, os cidadãos irão pagar impostos, não para que os Estados os canalizem num processo de redistribuição para aqueles que se encontram mais debilitados, mas sim para engordar as contas bancárias daqueles que pela sua acção fomentam, criam e ampliam as injustiças!
Bem parece-me que já disse... mais umas asneiras!!!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Partir ou Ficar e Remar Contra a Maré????

Viva amigos,

Tenho andado particularmente cansada e, como ontem estive a trabalhar até às tantas e, hoje às 7 e pouco já estava a caminho de Lisboa tenho-me sentido particularmente irritada e com a sensibilidade à flor da pele.

Isto não é para me justificar pelo que senti com duas cenas passadas no centro de Lisboa no nosso Chiado, mas viver também cansa....e daí que às vezes dê comigo a falar sózinha!!!!!
Saio do Banco, depois de ter ido pagar uma conta e chega-se ao pé de mim um individuo, jovem, penso eu, já não tenho a certeza da idade dos sem abrigo, que me pediu algumas moedas para ir tomar o pequeno almoço.

-As minhas filhas dizem que eu atraio as pessoas que pedem esmola, que devo ter um sinal de que dou sempre.
É verdade dou mais ou menos mas dou sempre. Talvez seja culpa da minha educação católica, por muito que nos afastemos da prática religiosa, fica cá, sempre, qualquer coisa. "Dar de beber a quem tem sede, dar de comer a quem tem fome e vestir...........

Dei-lhe 40 cêntimos e disse-lhe que tinha de pensar em mudar de vida.

Resposta dele:
- Eu até estava ocupado a trabalhar nas latinhas, mas a polícia levou-me a tesoura e o x-ato e agora estou sem ferramentas para trabalhar!!!!!!

Mais à frente, despojado em cima de um banco, ao lado de uma grande igreja, que cobra 40 cêntimos por cada vela!!!!! e que apela à generosidade dos cidadãos, outro sem abrigo a dormir em cima de um banco sem qualquer manta ou cobertor,com o frio que se faz sentir.
Será que o "pessoal" da igreja não vê?????? Pergunto eu a mim mesma.

No outro dia explicaram-me que, qaundo podem, dormem de dia porque é mais seguro!!!!

Dei comigo a falar sózinha:
- Tantas campanhas para angariar fundos para o exterior, não tenho nada contra, os portugueses são tão solidários. Dizem!!!! Será que são? E nunca mais se faz uma campanha para dar dignidade a estas pessoas. É só no Natal que se lembram delas?

Não sei não Jaime. Ás vezes também tenho vontade de "agarrar" na família e de partir, mas para onde? Será que não é igual em todo o lado? Será que somos utópicos em desejar uma sociedade mais justa onde não existam sem abrigos e em que a solidariedade não seja só de portas para fora, leia-se para fora do país?
E que afinal cá dentro resolvemos o problema desviando o olhar?Ignorando? Fazendo de conta que os sem abrigo não são gente como nós? Qua não passam de drogados e de marginais?

Eu sei que dar algumas moedas não resolve o problema e que 40 euros não dá sequer para tomar um café..... e não me venham com "é para droga"......seja lá para o que for. Como cidadãos também somos responsáveis por não reagir à falta de politicas de recuperação da toxicodependência ou melhor ao falhanço sistemático de muitas delas.

Bom já desabafei.

Um abraço do tamanho do mundo.
Ana Fernandes

PS - Esta semana vi o Virgilio na nossa escola que bem que me soube rever um dos nossos amigos.É sempre um contentamento.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Partir



Minha gente, um grande beijinho e um grande abraço, dentro das necessidades.


Porquê "Partir" .


Hoje, dia de S. Mercado (como se diz no hospital), pois como é dia de feira semanal por cá, é hábito as pessoas das aldeias vizinhas, aproveitarem a vinda à feira e fazer uma visitinha ao hospital. Por isso, dia de trabalho reforçado, estava eu a ver as notícias quando vejo dizer que este ano o orçamento de estado, crescia na parcela de gastos com os ministérios, para viagens e gastos de representações.


Só me apeteceu dizer M_ _ _ _. Chega de falta de respeito, chega de injustiças, chega de falta de vergonha. Anda uma pessoa farta de trabalhar e depois depara-se com estas notícias, que nos indignam. Ainda nos dizem que temos que ter "bom senso" e ser razoáveis.

Só me apeteceu partir para outro lado, onde não haja corrupção e onde os políticos fossem honestos e sensíveis às necessidades reais das pessoas.

Se isto não fosse um espaço aberto apetecia-me dizer:


"Comer, coçar e roubar, o mal é começar".




beijos e abraços dentro das necessidades. Saudades


jaime matos


Passeio BTT Aboboreiras