sábado, 27 de novembro de 2010

"Os meus poetas"...... Liberdade

Liberdade

- Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te humildemente,
O pão de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.


- Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
- Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome

" MIguel Torga - Poesia Completa"

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

ESTA GENTE

Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco

Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis

Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre

Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome

E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada

Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo

Sophia de Mello Breyner Andresen

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Pensamentos do dia

"Não olhes para trás que te atrasas"

O que eu queria dizer era:

Janeiro de 1974

Abraços
Ana

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Pensamento do dia

"Não olhes para trás que te atrasas"

Tenho tentado fazer disso um lema, mas está a tornar-se dificil.

Em Janeiro de 2004, em pleno regime facista a empresa onde eu trabalhava, fez greve durante três dias.O espirito de luta e de coesão era tal que a "parada" estava cheia de operários de administrativos, enfim, com todos os trabalhadores.

Hoje, em pelo regime "democratico", em vesperas de se fazer uma greve geral o meu entusiasmo é praticamente nulo.

Perguntarão porquê?

E eu respondo com perguntas:

- Quantos jovens irão fazer greve? Quantos trabalhadores?

- Será que não vão ser só os trabalhadores de cinquenta e tal anos que vão ter coragem ?

Vem isto a propósito de alguns comentários que ouvi hoje e que se resumem num deles:

" A Malta tem medo"!!!!!!!

Um abraço
Ana

Pensamento do Dia

Olá caros amigas/os
Quantos de nós por vezes não nos levantamos com um pensamento que nos acompanha ao longo do dia.
Hoje deixo um pensamento que nos deve permitir pensar e talvez sorrir...

"No mundo actual, investe-se cinco vezes mais em medicamentos para a virilidade masculina e silicones para as mulheres do que na cura do Alzheimer. Daqui a alguns anos, teremos velhas de mamas grandes e velhos com pénis duro, mas nenhum se recordará para que servem".

Abraços e beijos dentro das necessidades,
Jaime Matos

domingo, 21 de novembro de 2010

MISSÃO

« Deixem passar...»
Havia sentinelas a guardar
A fronteira do sonho proibido.
Mas ergui, atrevido,
A voz de sonhador,
E passei
Como um rei,
Sem dar mostras do íntimo terror.


E cá vou, a passar,
Aterrado e sozinho,
A lembrar
O santo-e-senha com que abri caminho....

"Miguel Torga - Diário"

- Para o Jaime e para o Luis e para todos aqueles que embora lidando com a morte todos os dias, continuam a acreditar na vida...

Um abraço do tamnho do mundo
Ana
É domingo, para alguns o fim-de-semana terminou, para outros (eu), a semana começou.
Mais uma vez estou a trabalhar, fechado junto dos doentes.
Lá fora frio , muito e alguma chuva, pouca.
As visitas estão para entrar, e já estou a imaginar os pais de uma senhora de 40 anos que está an lutar com vida, a chorarem e a pensar que depois de tanto sofrimento, estarão na eminência de ver partir a filha.
No outro dia em desabafo dizia entre os lábios com as lágrimas a correr "..não sei se terei forças para cuidar dos meus netos...".
Fiquei pensativo, porque também tenho filhos e gostaria de ter netos (ainda longe...), pois a vida realmente resume-se a nada. Há que vivê-la no dia-a-dia, com humildade e com a noção que poderá não haver o amanhã.
Tento sempre estar "up", e no outro dia a ler algo, vi este poema que realmente ilustra este sentimento que sinto quando olho para oa pais da doente.

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.

À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.(…)
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;

Mas acordámos e ele é opaco,
Levantámo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.(…)

Come chocolates, pequena; Come chocolates! Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Fernando Pessoa

Abraços e beijos dentro das necessidades,
Jaime Matos

SILVO

Vou convosco, invisíveis companheiros.
Ouvi o apelo, e sigo nestes versos
Ao vosso encontro.
A noite é um largo leito de renúncias
Adormecidas,
Mas nós não temos sono
E abrasa-nos a fé na madrugada.
Vamos! Vamos, fraternos,
Paralelos nos trilhos do destino,
Dizer bom dia ao sol, o deus menino,
Eternamente loiro e renascido
No presépio dos mundos apagados.
Saudar a esperança é o prémio concedido
Aos acordados!

"Miguel Torga - Diario"

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

REPENSAR AS LUTAS

A Greve Geral está aí à porta, com o extraordinário triunfo de termos obtido a adesão à nossa proposta a central da UGT, o que já não acontecia há mais de 20 anos. Demorou mais foi! Já o disse ou escrevi em outras situações, que contudo há que dar passos na direcção de criar novos meios de luta, alternativas que pesem mais no Estado e na própria economia nacional. Ainda que não falhe uma greve (houve excepções em dias de formação), não sou por princípio um adepto feroz desta arma, até porque se formos a ver o trabalhador perde sempre, pelo menos o salário correspondente ao dia.
Pode pensar-se por exemplo na recusa de pagar imposto (greve fiscal), ou omissão de votar em em eleições (greve eleitoral). Não quero com isto dar soluções, mas somente ver até que ponto estamos abertos ao diálogo e a encontrar outras "armas", se saberemos perspectivar, através do debate, outros caminhos para defender quem trabalha, sem ser o de lhes retirar direitos.
Afinal todos nós somos pessoas inteligentes como já tivemos oportunidade de mostrar, todos nós somos sindicalistas e temos, tivemos ou teremos responsabilidades nesta área de intervenção social e laboral. Então porque não despoletarmos aqui um debate de regeneração que pode ter efeitos no futuro. Fica o desafio, com abraços e beijinhos.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Histórias de Vida – Amorfismo ou Medo?

Um destes dias ouvi um dirigente sindical afirmar em público que tínhamos que acabar com o amorfismo em que os portugueses estão.
Há muito tempo que não ouvia empregar este termo e tive dúvidas se o estava a entender bem. Pensando melhor penso que o que quereria dizer é que os Portugueses precisam de reagir de partir para a luta de não se acomodarem….
Não sei se os Portugueses estão a sofrer de amorfia mas tenho a certeza que a uma boa parte deles o que os impede de falar é o MEDO, MEDO de perderem o emprego, MEDO de serem agredidos. MEDO !!!!! MEDO !!!!! De tudo.
Vem isto a propósito de uma cena a que assisti nos Armazéns do Chiado na cafetaria dum espaço que vende livros, música….
Estava eu sentada a uma mesa, a comer, quando vejo uma jovem com uma chávena de chá numa mão e um prato com um bolo na outra dirigir-se para uma mesa que estava vazia. Volto a olhar e vejo-a a voltar para trás a abanar a cabeça, com um ar indignado.
Moral da história, estava um grupo na fila para pagar os cafés e um dos membros saiu da fila para ir “marcar” a mesa e a jovem que estava à frente ficou sem lugar.
Ofereci-lhe lugar na minha mesa, que aceitou, e fiquei com vontade de a questionar porque é que não tinha dito nada, mas não o fiz. Certamente o que a travou a ela foi o medo de uma discussão em público. O que me travou a mim foi o pudor, não a quis incomodar mais do que já estava.
Será que já não vale a pena reagir? Que já estamos tão esgotados? Que já nos consideramos derrotados?
Quem responde ????

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Sementeira

Sementeira

Foi a mão como um ralo a semear
Que me disse que sim, que acreditasse;
Que a vida era um poema a germinar,
E portanto cantasse

Miguel Torga -Poesia Completa I

domingo, 14 de novembro de 2010

Esta Gente / Essa gente

Esta Gente / Essa Gente

O que é preciso é gente
gente com dente
gente que tenha dente
que mostre o dente

Gente que não seja decente
nem docente
nem docemente
nem delicodocemente

Gente com mente
com sã mente
que sinta que não mente
que sinta o dente são e a mente

Gente que enterre o dente
que fira de unha e dente
e mostre o dente potente
ao prepotente

O que é preciso é gente
que atire fora com essa gente

Essa gente dominada por essa gente
não sente como a gente
não quer
ser dominada por gente

NENHUMA!

A gente
só é dominada por essa gente
quando não sabe que é gente

Ana Hatherly, "Um Calculador de Improbabilidades"

Uma boa semana e .... um abraço do tamanho do mundo

Ana

MORREU O HOMEM DO MOUCHÃO

Cá ando entretido com as minhas coisa. Uma dedicação ao Grupo de Teatro e Convívio da Associação Recreativa das Aboboreiras, no qual já desempenhei papéis em três peças (eu que só no ciclo preparatório tinha feito teatro). Mas o que mais me seduz, e foi para isso que me disponibilizei é a parte organizativa e nesse aspecto realizámos duas Noites de Fado e um Ciclo Cultural (com teatro, música, poesia, artesanato e feira do livro) que se repetirá em 2011. À parte esse aspecto é a escrita que me "embebeda" e duas peças infantis já foram a cena e a terceira vai este Natal, ao mesmo tempo que estou a escrever uma mais complicada e que me levou a descobrir muita coisa da história de Portugal! Mas se tudo isso é bonito e sedutor, também existem os momentos menos bons!
Francisco Vigário, o criador da bebida Mouchão que alguns de vós provaram, faleceu no passado fim-de-semana! Homem integro, um Comunista de elevada dignidade e amizade ao próximo e nem o facto de na década de setenta ter sido nomeado regedor da freguesia, o impediu de esconder em sua casa o grande mestre Fernando Lopes Graça quando este vinha à terra Natal para conviver com os seus! Com o senhor Vigário comecei a ter os primeiros contactos há cerca de 20 anos (mais coisa menos coisa) quando "descobri" o sabor do Mouchão que ele fazia na sua tasca "Casa dos Passarinhos" na rua Gil Avô. Desde que o estabelecimento ardeu, há uma década, passou a fazê-lo em sua casa.
Nos últimos meses estava muito doente e visitei-o com uma frequência de duas ou três vezes por semana, e quando a conversa para isso se encaminhava dizia-me com um sorriso: "olhe Saraiva, só os burros é que não mudam!"
Não me perdoava nem por nada eu não ser membro do PC, mas nem por isso se furtava a uma boa cavaqueira e se a oportunidade surgia lá estava a trave mestra do seu discurso que me deixava sempre sem resposta. Tomar perdeu mais um grande homem, daqueles simples na forma de estar mas magnânimos pela sua entrega a causas. Além de três filhos e uma filha, deixou cá muitas lições... e o sabor inconfundível do Mouchão!

Na Noite...

Boas noites a todos e tudo de bom.
Aqui estou eu no meu trabalho a fazer mais uma noite....
Aqui dentro o ambiente é pesado. Uma pessoa nova, mal e outros um pouco mais velhos acabados, mas quente.
A vida é isto mesmo, um crescendo, queremos que sempre bem, mas às vezes, nem por isso.
Lá fora frio, chuva e vento.
Parece que chegou o Inverno.
Penso naqueles que por infortúnio da vida ou por outros azares estarão ao relento, sem a possibilidade se se aquecerem física, social ou até mentalmente.
Já nem direi que mais uma vez será NAtal, esse tempo que, blá, blá, blá, blá.
Tenho pena que apessar de todas as dificuldades emergentes na sociedade, continuamos a pensar só em nós, no nosso bem estar e pouco preocupados com os outros.

Que apesar de tudo começemos a ser mais solidários e abrangentes com os outros.
Boa preparação para o Natal.

Mas antes, que a solidariedade apareça a 24 mas de Novembro. Que caminhemos todos por mais justiça, igualdade e solidariedade.
Um abraço ou beijinho, dentro das necessidades.
Jaime Matos

sábado, 13 de novembro de 2010

Histórias de Vida - Medo, racismo ou precaução

Naquele dia, contrariamente ao que lhe era habitual a Eva não se sentou no 1º lugar que lhe apareceu pela frente, quando entrou no comboio.

Parou, olhou em volta e escolheu o local onde se queria sentar, sem antes pensar com os seus botões que estava a ficar medricas.

Na semana anterior tinha perdido por pouco o comboio das 20,00 horas e teve de esperar pelo seguinte.

Quando entrou na carruagem esta estava vazia e sentou-se no primeiro lugar que lhe apareceu. Quando o comboio estava quase a partir entraram três mulheres, negras, que se sentaram nos lugares ao pé da Eva.

A que se sentou ao seu lado, quando o fez, deu-lhe uma cotovelada e, nem se dignou pedir-lhe desculpa.

A que se sentou à sua frente ferrou-se a dormir e ninguém a ouviu durante toda a viagem.
O problema foi o comportamento das outras duas. Iam entretidas a comer castanhas, cruas, a cuspirem as cascas e a Eva continuou a levar cotoveladas durante a viagem.

Cada vez que levava uma cotovelada a Eva olhava para a sua companheira de viagem que nunca se deu ao trabalho de lhe pedir desculpa nem de cuidar se quando cuspia as cascas a atingia.

A situação estava a ficar deveras desagradável para já não falar que conversavam animadamente, aos gritos, mas as em crioulo.

A Eva cada vez se encolhia mais no seu lugar até que a outra mulher que estava sentada ao lado da que dormia, disse meio em crioulo meio em português, para a outra ter cuidado que ainda partia a “branquela”.

Quando ouviu isto a Eva olhou em volta e reparou que 90% dos passageiros da carruagem eram de cor negra e pensou com os seus botões que o melhor era aguentar calada porque ninguém viria em seu socorro se o caldo entornasse.

Quando as duas mulheres saíram a Eva respirou de alívio sem deixar de reparar na sujeira que tinham deixado no chão e nos bancos do comboio.

Olhou para a que estava à sua frente e reparou que tinha um bonito penteado entrançado, olhou melhor e, reparou que no dito cabelo se passeava um bichinho.

- Será algum piolho?

- Mau, mau só me faltava agora apanhar piolhos para completar a viagem.

- “Não, não é racismo mas sim medo” - pensou a Eva com os seus botões - “A partir de determinada hora tenho de começar a ter mais cuidado onde me sento, porque isto hoje, podia ter dado para o torto.”

A Eva recordava tudo isto quando se sentou ao lado de uma mulher de cor, com bom aspecto.

- " Hoje a viagem vai correr melhor"- pensou ela.

- Estarei a ficar medrosa? interrogou-se

- Não, não é medo nem sequer racismo, é, apenas precaução. Concluiu a Eva após se ter sentado.
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Bom domingo
Um abraço
Ana

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

"Antes tarde que nunca"


A vida prega-nos partidas. Umas boas, outras assim assim e outra ás vezes menos boas.


Que não sirva de desculpa mas cada um deve-se confessar a quem de direito.


E agora boas tardes /noites a todos.


Desaparecido sim, mas sempre presente.


Há uns tempos, num momento fugaz com o Ulisses, dizia-lhe eu que se o IBJC estava vivo, pois nunca mais deu sinal. Formar também com o intuito de de dar formação, pareceu-me bem, mas...


Exprimi a minha estranheza pela nunca chegada do "CD" prometido que deve ser como D. Sebastião, há-de aparecer numa manhã de nevoeiro. Espero que não e que este apareça como prometido.


Esta sensação de estranheza, de frustração, levou a colocar-me inúmeras questões, umas filosóficas, outras mais pragmáticas.




  • Por onde andariam quase todos os bloguistas e restantes formandos?


  • Porque foi adiado sine die, o almoço de convívio que tanto expectávamos?


  • Será que as pessoas podiam ter mudado tanto?


Hoje e após alguns tempos de reflexão e após a mensagem do Virgílio, decidi voltar novamente, espero mais regularmente, para dizer nem que seja o que me vai na alma.



Para a Ana, coragem sem excepção, não posso de deixar o primeiro beijinho. admito que não sou muito virado para a poesia, nem para a prosa, mas gosto de ler todas as suas histórias e apontamentos. Não tenho muito jeito para escrever, mas gosto de ler e reflectir.



Para o Virgílio, grande Amigo, Homem eternamente grande, um abraço de saudade. Quando penso nesses tempos passados juntos com a maior harmonia e sinceridade, não posso de pensar numa grande pessoa e num amigo sempre coerente e sempre com uma pontinha de reflexão, obrigando-me a questionar .



Para o Egídio"Pai e Mãe" do blogue, grande companheiro de estadia, sempre com o lugar de estacionamento reservado "que saudades deve ter a EMEL de ver esse carrito sempre no mesmo sítio", com a enorme capacidade de conciliar e de espicaçar para motivar, grande impulsionador de um almoço "esquecido". um enorme abraço de amizade, Temos falado "pouco" por mail, mas já tenho saudades de falar pessoalmente.


O Luís, esse companheiro de viagens e do dia-a.-dia, não preciso de dizer nada, pois tenho a sorte de o ver todos os dias e de o abraçar.


Para os outros, o António, ainda me manda mails, mas para todos os outros, um grande beijinho e abraços de saudade.


Já disse que a vida dá voltas, mas uma volta tão grande que não tenham dito mais nada?


Sei que todos temos muito mais vida para além do blogue, mas sem os amigos, a vida não vale de nada. Na minha profissão, e porque vejo muita coisa, defendo e pratico que devemos viver a nossa vida no dia-a-dia, se possível rodeado daqueles que mais queremos .


Zé Rui já és Presidente? grande amigo.


Para terminar e tendo a noção que estive um pouco afastado só fisicamente, queria propor-vos um desafio.


Que tal marcar um almoçarito com comida tipicamente beirã, em Castelo Branco par o início de Janeiro? Pode ser que seja o recomeço de grandes momentos de grandes tertúlias.


Por agora beijos e abraços dentro das necessidades,


Sempre amigo, Jaime Afonso de Matos


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

MAIS UM CRIME EUROPEU!

Olhando assim de relance fica a dúvida se a União Europeia pretende mesmo o desenvolvimento equitativo dos países membros ou apenas o enriquecimento do eixo Paris-Berlim, com algumas benesses a Londres e quiçá ao Benelux.
É que hoje foi proposta mais uma machadada na Economia nacional, quando se colocou a hipótese da redução de captura de pescado nas costas portuguesas, em cerca de 10%. Este facto é não só potenciador de uma redução de receita, como também de aumento da despesa, pelo facto de se ter de adquirir mais ao estrangeiro ao mesmo tempo que se deixa de vender. Mas é igualmente um péssimo contributo social, já que irá originar mais desemprego na actividade profissional das pescas aliada à consequente necessidade de transferir verbas para o apoio aos desempregados.
Ao longo dos anos, os diversos governos portugueses, foram-se "vendendo" por "meia dúzia de tostões de mel coado" que só beneficiaram alguns, mas contribuiu para a destruição completa do tecido empresarial português, nomeadamente no âmbito das pequenas e médias empresas!
Parafraseando o actual Presidente da República, chegou o momento de dizer: "deixem-nos trabalhar"! E já agora que o citei gostaria de ouvir da sua boca um total repúdio por mais este crime da União Europeia, visto ter andado tanto tempo a dizer que o nosso futuro económico estar ligado ao mar! Ou será que tornará outra vez a ser cúmplice de mais um Crime Europeu!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Sabedoria do Mundo

Sabedoria do Mundo

Não fiques em terreno plano.
Não subas muito alto.
O mais belo olhar sobre o mundo
Está a meia encosta.

"Friedrich Nietzsche "

Formação - Saiu-me a Fava

Hoje foi o meu primeiro dia, em que, oficialmente me tornei formador.
Acedi ao convite de uma empresa de formação para "formar" futuros electricistas.
São "putos" sem hábitos de estudo, sem educação básica, oriundos de famílias desestruturadas, sem interesse na formação assumidamente e que por cima, logo no primeiro dia, tiveram que "gramar" 4 horas consecutivas (com os devidos intervalos de 50 em 50 minutos), de uma matéria que para eles, ainda é chinês, A ELECTRICIDADE.
Fiz este "sacrifício" hoje que vai ser prosseguido amanhã e depois.
Não sei ainda (porque não tive o contacto com eles), o que os formadores das outras cadeiras dirão mas, não auguro nada de bom.
Como nos bolos rei de antigamente, a alguns saía o brinde. A outros a fava.
Para mim já adivinharam o que me calhou.
Abraços e beijos
ef

CARTA ABERTA COM SENTIDO...

Caras amigas e caros amigos, formandos do Curso de Formadores de SST no IBJC, e a outros hipotéticos leitores:
Esta carta aberta, não é mais que uma resposta para a angústia da Ana, não pretendendo ser uma crítica a ninguém! É claro que em bom português se costuma dizer que "quem cala consente" e assim se deve tomar como vinculativa a proposta feita no nosso (único) jantar no final do curso! Não me recordo de quem partiu a ideia, mas uns concordaram e outros não se manifestaram e nenhum dos elementos do grupo pôs em causa o facto de ter uma senha para aceder (participar) no blogue, o que por si constitui uma manifestação de aceitação. Durante algum tempo ainda foram surgindo escritos de outros activistas e participantes no curso, mas começaram a escassear, porque talvez os assuntos não lhes interessassem, mas o que se pedia, nesse caso era que trouxessem matérias de interesse. Eu, pela minha parte, deixei de escrever com tanta frequência pela mesma razão porque abandonei a oficina. Participar num espaço onde se lançam dúvidas e questões para o debate e ser o próprio a vir depois desenvolver o tema (por vezes com erros) não me parece muito agradável, depois porque este espaço constitui um meio para pessoas de experiências e opiniões diversas pelo que há matérias que deverão ser tratadas com alguma subtileza no respeito da identidade cultural, social e política de cada um, daí que assuma com outra frontalidade certas questões no meu blogue!
A Ana tem sido sem dúvida a Alma deste espaço, quer nos desafios que tem lançado quer nas propostas e debates provocados, mas infelizmente não tem tido a solidariedade dos outros, e aqui também me incluo, mas não desistiu. Pensei que a proposta da "história comum" criasse uma certa dinâmica o que não aconteceu e esperei sempre que o terceiro ou quarto capítulo fosse escrito por outra pessoa, a Ana avançou, e na minha teimosia continuei a aguardar que outra voz se fizesse ouvir naquela história... mas mais ninguém participou e a história morreu. Ficou muito pouco de um ano de são convívio!!!
Para a Ana: peço desculpa pela ausência, mas sempre que puder e o assunto se enquadre faço conta de aqui deixar algumas palavras, mas para isso é bom que pelo menos uma vez por semana também encontre alguns dos teus desabafos. Para o Egídio: não é por nada, mas também podias dar uma ajudinha maior. Para os restantes: (sem querer ferir susceptibilidades) um homem sem memória não tem história!
Por ora abraços e beijinhos, consoante o género, e solidariedade para o Malaquias e o Dagoberto que pela nossa apatia podem muito bem representar os milhares de desempregados do nosso país!

domingo, 7 de novembro de 2010

Esperança

Esperança

Espremo o sol num poema, e bebo o sumo.
Pode muito esta humana fantasia!
Navegava a direito, no meu rumo,
Qundo nisto,
A monção
Desvia-me das velas a ilusão
E atola-me num mar de calmaria!

Mas resisto,
Embebedo-me assim na solidão,
E aguardo que renasça a ventania....

"Miguel Torga"

Será que vale a pena continuar?

Boa tarde

Ontem, numa conversa sobre o nosso Blog, disseram-me que não fazia sentido, para eles, eu, continuar a escrever num Blog colectivo, em que só eu, praticamente, escrevo ,embora sublinhassem que gostavam do que eu escrevo, e sugeriram-me que criasse o meu próprio Blog.

Lembrei que o Blog tinha sido criado para substituir a Mesa da Poesia que tinha funcionado tão bem durante a nossa formação à distância, e que o nome do Blog se tinha inspirado em duas personagens fictícias que tínhamos criado no nosso bar virtual o Dagoberto e o Malaquias.

Que a ideia de se ter criado o blog, tinha sido minha e do Virgílio para manter os laços que se tinham criado durante a formação que tinha durado quase um ano,e para, sobretudo, mantermos o espírito da Mesa da Poesia.

Adiantaram , ainda, que achavam que o facto de no nosso Blog estar a imagem da sede da CGTP, e de haver links para o site da CGTP e do IBJC, poderia ser inibidor porque as pessoas não gostavam de se expor, melhor de correr riscos ou de serem conotadas com essas organizações. Argumentei que, como era do conhecimento geral, tínhamos frequentado o curso no IBJC, cujas instalações ficam situadas no mesmo edifício e que o facto de o criador do Blog ser dirigente sindical talvez tivesse influenciado esse facto, que a mim não me fazia impressão nenhuma mas se eles achavam isso que participassem no Blog e propusessem a retirada da imagem, que quanto ao risco, os Blogistas podem, se o desejarem, manter o anonimato.

Esclareci que o Blog, pelo menos para mim, não era nenhum espaço de militância política, eventualmente civica, mas uma forma, actual, de comunicarmos uns com os outros, os ex-formandos e os ex-formadores e que tínhamos um espaço mais reservado para debater, em privado, as questões relacionadas com a SST (Segurança e Saúde no Trabalho) mas que, infelizmente, também não estava a funcionar.

Lembraram-me que o Virgílio tem o seu próprio Blog em que escreve regularmente e outros membros do grupo também participam noutros blogs!!!! que se os participantes/membros, têm tempo para espreitar porque é que não dizem nem um olá, um viva, um tudo bem?

Em suma conseguiram criar-me a dúvida se vale a pena continuar a acreditar na existência de um grupo, cujo espírito de pertença, pelo menos, aparentemente já era.

Coloco-vos a questão:

- Será que o grupo ainda existe?
- Vale a pena continuar com o Blog?


Um abraço do tamanho do Mundo
Ana Fernandes

sábado, 6 de novembro de 2010

Histórias de Vida - Solidão!!!!

Naquele início de noite só lhe apetecia andar, deu consigo a calcorrear as ruas da Baixa e a pensar que não era possível em pleno mês de Novembro estar tanto calor.

Quem se deliciava com isso eram os turistas, era vê-los de manga curta a passear pela Baixa com um ar de contentamento, a Eva olhou , em frente, e viu o Castelo de S. Jorge iluminado.

- “Que bonita que é Lisboa” – pensou mais uma vez.

Sem dar conta os seus passos levaram-na para a rua onde a Maria José, a sem abrigo costumava estar, olhou para o relógio da Praça D. Pedro IV e pensou que àquela hora já não era costume encontra-la.

Deu com a Maria José no sítio habitual, mas sentada no chão, com o ar mais triste deste mundo. Aproximou-se e entregou-lhe a moeda habitual e perguntou-lhe como estava.

-Triste. - Respondeu-lhe ela.

- Porquê?

- Ele (cãozinho) está doente.

Efectivamente o cãozinho estava a dormir ao seu colo, e nem quando a Maria José lhe levantou o focinhito, abriu os olhos.

A Eva perguntou-lhe se já o tinha levado ao veterinário e a Maria José mostrou-lhe os medicamentos.

Não quis entrar em pormenores, porque a Maria José dizia, sempre, que o assunto era o cãozinho, que tinha uma senhora sua amiga a quem recorria quando o cãozinho estava doente e de quem recebia sempre ajuda.

Perguntou-lhe se não seria do frio da rua se continuavam a ir dormir ao pé do Aeroporto, no anexo, que lhe tinham dispensado.

O olhar triste e cansado da Maria José desmentiu as suas palavras:

- Que sim que continuavam a ir para lá dormir.

A Eva queria acreditar nisso mas o certo é que a Maria José estava com um ar abatidíssimo, com ar de quem dormia na rua e não num anexo.

A sua, pouca, bagagem, arrumada atrás das suas costas demonstrava a sua condição de sem abrigo.

A Eva não se sentiu com coragem para insistir no assunto. Que direito é que ela tinha de fazer com que a Maria José se sentisse ainda pior.

Perguntou-lhe se continuava a desenhar e a Maria José respondeu-lhe que agora que vinha o Inverno se ia dedicar ao desenho e à pintura.

- Já tem os materiais?

- Não, mas hei-de arranjá-los.

A Eva despediu-se e recomendou-lhe que recorresse à ajuda da Santa Casa, a algum abrigo, enfim que se protegesse.

A Maria José agradeceu-lhe o cuidado e disse-lhe:

- Que Deus a proteja!

E quem é que a protegia a ela? Interrogou-se a Eva, quando se voltou para trás para olhar mais uma vez, a Maria José e o seu cãozinho, e reparou na volta que os transeuntes davam para evitarem aquela mulher, sentada no chão, e de mão estendida.
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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Esperança

Esperança

Sei o teu nome, e chamo-te em silêncio.
Não quero despertar
O rancor assassino
Dos guardas vigilantes
Que te negam....
Vem, se puderes passar
Através do seu ódio secular,
A única tarimba onde sossegam.

Ah, que festa haveria nos meus braços,
Se batesses à porta, como outrora!
Toda a casa acredita nessa hora,
E ouve, em sobressalto,
Cada leve rumor que se aproxima...
Vem, se puderes passar.
Vem, se puderes mostrar
A eterna juventude que te anima.

"Miguel Torga"

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Um abraço
Ana

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Histórias de vida - Sentimento de culpa

A Eva não sabia o que mais lhe doía, se o corpo, de tanta chuva que tinha apanhado, se a alma, pela dor que as memórias avivaram.

Tinha-se levantado naquela manhã com a firme determinação de ir ao cemitério. Não era por se estar a aproximar o dia de finados, mas sim porque era uma rotina que já mantinha há oito anos. Tantos quantos havia desde que o seu pai falecera.

A manhã estava chuvosa, parecia um dia de inverno, mas a Eva não ia desistir dos seus propósitos.

Comprou as flores no vendedor habitual, à porta do cemitério, pediu o balde emprestado e dirigiu-se para o local da campa do seu pai.

O cemitério estava praticamente vazio. Tratou da campa do seu pai e não pôde deixar de se lembrar que o seu pai tinha sido sepultado duas vezes. A primeira aquando do seu falecimento e a segunda decorrido três anos após essa data, porque a gestão do cemitério não tinha atendido ao seu pedido, para aguardar mais algum tempo pois, ainda era cedo demais para proceder à exumação. A Eva gostava de não ter tido razão, mas tinha tido, e o seu pai voltou a ser sepultado no mesmo local.

De seguida dirigiu-se para o ossário da sua mãe, onde colocou as flores habituais sem esquecer a rosa que colocava sempre em nome dos netos.

Chovia torrencialmente e viam-se as pessoas do costume, todas idosas, não se via um jovem no cemitério.

A Eva pensou:

- “As pessoas evitam os cemitérios com medo dos mortos mas dos vivos é que devem ter medo.”

Iniciou o caminho de regresso, continuava a chover torrencialmente, e, não pôde deixar de sorrir. Um motar sénior, com o capacete ainda colocado e, com duas rosas na mão dirigia-se apressadamente para o local onde estas seriam colocadas.
De repente reparou numa senhora muito velhinha, parada, no meio da rua que dividia as campas, a falar sozinha.

Dirigiu-se a ela e perguntou-lhe se precisava de ajuda.

- Que não só não sabia bem onde ficava a campa.

- Veio sozinha?

-Vim com a minha filha, mas como ando devagar ela foi à frente.

- Vá devagarinho, ali à frente estão dois funcionários do cemitério e se não encontrar a sua filha peça-lhes ajuda – recomendou-lhe a Eva antes de se despedir.

Dirigiu-se para o carro e mais uma vez doeu-lhe a alma. Lembrou-se das palavras da sua amiga médica:

-“ Fizeste tudo o que era possível era impossível tê-los em casa.”

Seria! Mas o sentimento de culpa de os seus pais terem passados os últimos meses de vida internados, numa casa de saúde, nome pomposo para o lar e de não terem falecido em casa, não a havia de abandonar enquanto fosse viva.

Entrou no carro limpou a cara da muita chuva e das lágrimas da tamanha saudade que sentia dos pais.

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