É domingo, para alguns o fim-de-semana terminou, para outros (eu), a semana começou.
Mais uma vez estou a trabalhar, fechado junto dos doentes.
Lá fora frio , muito e alguma chuva, pouca.
As visitas estão para entrar, e já estou a imaginar os pais de uma senhora de 40 anos que está an lutar com vida, a chorarem e a pensar que depois de tanto sofrimento, estarão na eminência de ver partir a filha.
No outro dia em desabafo dizia entre os lábios com as lágrimas a correr "..não sei se terei forças para cuidar dos meus netos...".
Fiquei pensativo, porque também tenho filhos e gostaria de ter netos (ainda longe...), pois a vida realmente resume-se a nada. Há que vivê-la no dia-a-dia, com humildade e com a noção que poderá não haver o amanhã.
Tento sempre estar "up", e no outro dia a ler algo, vi este poema que realmente ilustra este sentimento que sinto quando olho para oa pais da doente.
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.(…)
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordámos e ele é opaco,
Levantámo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.(…)
Come chocolates, pequena; Come chocolates! Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Fernando Pessoa
Abraços e beijos dentro das necessidades,
Jaime Matos
1 comentário:
Força amigo.
Um abraço cheio de saudades
Ana
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