UM POEMA

Um Poema

Um poema, poeta!
É o que a vida te pede.
A fome diligente
Colhe
E recolhe
Os frutos e a semente
Doutros frutos,
Junta à fecundidade
Da natureza
Os frutos da beleza....
Versos grados e doces
Na festa do pomar!
Versos, como se fosses
Mais um ramo, a vergar

Miguel Torga Diários ....

Palavras para quê?

Bastam imagens como esta. Poesia para quê?
Acabem com os poetas. Acordem para a realidade.

Chuva

O poema "Chuva" é do Miguel Torga como não podia deixar de ser

As minhas desculpas por não o ter mencionado

Ana Fernandes

Chuva, chuva e mais chuva.....

Porque a dita, chuva, nunca mais pára aqui fica:

Chuva

Chove uma grossa chuva inesperada,
Que a tarde não pediu mas agradece.
Chove na rua, já de si molhada
Duma vida que é chuva e não parece.

Chove, grossa e constante,
Uma paz que há-de ser
Uma gota invisível e distante
Na janela, a escorrer....

Abraços
Ana Fernandes

Apontamentos

Viva

Ontem
Suponho que foi Domingo de Ramos porque foi um ver se te avias a cortar, melhor a arrancar, ramos das oliveiras que estão no parque defronte da minha casa.
Dei comigo a pensar que nós os portugueses não temos alma nem de ecologistas nem de espécie nenhuma.
Se vocês vissem as braçadas de ramos que as pessoas levavam. Para quê? Para serem benzidos na missa?
Com as pobres das árvores que foram maltratadas ninguém se preocupou!!!!
As árvores até precisam de ser podadas. Mas por quem sabe!!!!!

Hoje

Tenho o hábito de para ir para o Instituto fazer trajectos diferentes, hoje fui pela calçada do Carmo e o que vejo:
-Um lojista muito "consciente" a varrer o passeio defronte da sua loja. Apanhou o lixo? Não claro que não!!! Varreu o lixo para o meio da estrada.

Todos os dias

São distribuidos jornais gratuitos à porta da estação dos caminhos de ferro. Moral da história durante o trajecto as pessoas que os recebem lêem-nos. Depois? Depois deixam-nos abandonados em cima do banco!!!!!!

Será que como diz o Xaviota não temos remédio????


Um abraço.

Ana Fernandes

(DES) ACERTEM AS "CEBOLAS"!

Ora eu sei que anda tudo nas comprar pelos "shops" á procura disto e daquilo, do mais baratito ou não e que nem liga a esta coisa do tempo a passar! Mas essa é uma situação que não podemos controlar, mesmo que tenhamos os relógios avariados ou parados (o que agora é pouco comum) ou então nem lhes liguem!

Contudo está próximo uma segunda-feira e se queremos chegar a horas ao emprego será necessário acertar os nossos relógios para a hora de Verão. Mais logo, quando for uma da manhã toca a adiantar o relógio uma hora, para depois quando se chegar a 31 de Outubro se atrasar o mesmo tempo. Diz-se que é a hora de Verão e a hora de Inverno! Isto a mim faz-me uma confusão dos diabos... mas que hei-de fazer! Dou-me muito mal com estas alterações de horários, mas em relação a isso vocês não têm culpa nenhuma.

Neste acerta e desacerta uma coisa é certa, para não terem surpresas é melhor (des)acertarem as "cebolas"!

E bom fim-de-semana!

TERAPÊUTICA

Para que os vossos sentidos se possam recompor do cartaz abaixo, envio-vos este endereço para se babarem de prazer.
Escusam de agradecer.

http://www.youtube.com/watch?v=D7o7BrlbaDs

SOLIDARIEDADE

Não vou poder estar presente na manifestação que o Egídio divulga e ilustra abaixo, mas não quer dizer que me sinta descomprometido com ela! Já fui jovem e senti muitas dificuldades de entrar no mercado de trabalho que correspondia com as habilitações que possuía. Esse facto mandou-me para as obras (construção civil) onde fiz um estágio de 17 anos, e que foi o melhor curso de vida que poderia alguma vez ter frequentado. Aprendi a ser humilde, respeitador e a admirar gente simples. Não estou a querer dizer que os jovens de hoje tenham de se sujeitar a isso... porque de facto já se sujeitam, ter um mestrado em politicas sociais e ser caixa no Lidle (passe a publicidade) é um dos casos que conheço!

Por isso a minha solidariedade e peço ao Egídio que transmita por mim esta mensagem para as dezenas de jovens que vivem constantemente a precariedade ... ou aqueles que nem aí conseguem chegar!

Amanhã vou à Manif...Dos Jovens

Vocês meus Amigos, querem vir também?

Abraços

Exercício espiritual

Viva

Como vozes de b...o não chegam ao céu, aqui fica

Exercício espiritual

Ouço-os de todo o lado.
Eu é que sou assim,
Eu é que sou assado,
Eu é que sou o anjo revoltado,
Eu é que não tenho santidade.....

Quando, afinal, ninguém
Põe nos ombros a capa da humildade,
E vem.

Miguel Torga - Diário..

Um abraço do tamanho do mundo
Ana Fernandes

Vozes de ....o não chegam ao céu.

EPITÁFIO 2

Era uma vez um blogue que morreu de poesia.
Que descanse em paz.
Ámen.

Plateia

Não sei quantos seremos, mas que importa?!
Um só que fosse,e já valia a pena.
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!

Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.

E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste

Miguel Torga- Poesia Completa II

Um abraço muito grande para todos os que, ainda, resistem.
Ana Fernandes

Prospecção

Prospecção

Não são pepitas de oiro que procuro.
Oiço dentro de mim, terra singela!
Busco apenas aquela
Universal riqueza
Do homem que revolve a solidão:
O tesoiro sagrado
De nenhuma certeza,
Soterrado
Por mil certezas de aluvião.

Cavo,
Lavo,
Peneiro,
Mas só quero a fortuna
De me encontrar.
Poeta antes dos versos,
E sede antes da fonte.
Puro como um deserto.
Inteiramente nu e descoberto.

Miguel Torga- Poesia CompletaII

ATREVIMENTO

Alguém sem ponta de escrúpulos resolveu vir aqui anunciar a certidão de óbito deste blogue, e se pelos outros não posso falar, enquanto eu puder tal não acontecerá porque haverá sempre alguma coisa para escrever nem que seja apenas um dia por semana!

Não sei... nem quero saber, quem deu ou conferiu tais poderes a tão estranha criatura, tal como não me vou alongar muito em conjecturas sobre o modo como a sua entrada se deu e tem vindo a manifestar-se neste espaço. Enquanto eu por aqui puder andar... a porta desta casa estará sempre aberta!

E porque mais nada há dizer, e o jantar está na mesa, por aqui me fico por hoje com promessa de voltar sempre que quiser, umas vezes para ler outras para escrever!

EPITÁFIO

Para memória futura:
ISTO FOI UM BLOGUE QUE MORREU, PORQUE A VIDA O MATOU.

DEIXEMOS AS PEDRAS FALAR.

ÁMEN.

TAMBÉM REJUBILOU

Podia colocar aqui um poema meu, mas não quero! Ontem, após o jogo do Benfica, deliciei-me com muita poesia, a minha e de outros! Autores mais conhecidos, outros menos e um conjunto de gente jovem que deu provas de excelente qualidade! Até os meus poemas que só leram e treinaram meia dúzia de vezes saíram a preceito. Foi um dia (noite) lindo, homenageei o meu pai com um poema meu, e a poesia que tinha duração prevista para uma hora, durou duas! Além disso o Benfica ganhou! Que melhor poderia eu querer... só que o meu pai estivesse entre os vivos, mas esteja onde estiver certamente também rejubilou!

E viva a Poesia

Lembrança

Ponho um ramo de flores
na lembrança perfeita dos teus braços;
cheiro depois as flores
e converso contigo
sobre a nuvem que pesa no teu rosto;
dizes sinceramente
que é um desgosto.

Depois,
não sei porquê nem porque não,
essa recordação desfaz-se em fumo;
muito ao de leve foge a tua mão,
e a melodia já mudou de rumo.

Coisa esquisita é esta da lembrança!
Na maior noite,
na maior solidão,
vem a tua prsença verdadeira,
e eu vejo no teu rosto o teu desgosto,
e um ramo de flores, que não existe, cheira!

Lisba, Cadeia do Aljube, Natal de 1939
Miguel Torga

Domingo estranho.......

Que dia estranho e triste este!!!!!

De manhã como estava um sol radioso aproveitei para fazer jardinagem.

Tal como em praticamente todos os domingos, saímos de casa ao meio dia e pouco, para ir almoçar um cozido a um restaurante situado no extremo da rua em que moramos.

E tal como de costume fomos a pé.

Quase a chegar ao restaurante deparámo-nos com um grande aparato, polícia, bombeiros carro do Inen,ambulâncias e, pensámos que tinha sido mais um atropelamento numa das passagens de peões, onde os carros não gostam de parar.

Quando nos aproximámos concluímos que não tinha sido nenhum acidente mas sim um incidente dentro de uma residência.

Entretanto era um entra e sai do restaurante, todos queriam saber o que é que se tinha passadono tal prédio.

Quase no fim do almoço entrou alguém que esclareceu que se tinha tratado de um suícidio!

Não sei quem foi,homem, mulher, jovem ou senior, mas espero que tenha encontrado a paz.
Eu não consigo ter uma ideia definitiva sobre o suicídio não sei se é coragem ou fraqueza.

Entretanto o tempo começou a escurecer e a chover de tal maneira que tivemos de pedir a uma das nosssas filhas para nos ir buscar perto do restaurante, de carro, porque a chuva era tanta, que mesmo com chapéude chuva não dava para voltar a pé para casa.

A meio da tarde liguei a televisão e o que vejo: cenas de pancadaria entre a polícia e os adeptos da equipa do Porto.

Porque será que os portugueses são tão participativos, tão reivindicativos no futebol e tão pouco participativos na vida pública?

Espero que pelo menos o jogo corra bem. O meu pai era Benfiquista e a minha mãe do Porto, clube e terra e eu aprendi que nestes dias, para haver paz em casa, o melhor era ser neutra e ainda hoje nestes dias mantenho-me neutra.

Embora seja do Benfica desejo sinceramente que ganhe o que jogar melhor.

Um abraço e desejos de que o vosso domingo tenha sido mais tranquilo que o meu.

Ana Fernandes

O MEU DIA DO PAI

Como já referi outras vezes, não sou muito dado a estes dias temáticos embora alguns deles os assinale, outros os ignore e outros os adeqúe aos meus próprios sentimentos! O dia do pai é um daqueles que está nesta última condição! O meu pai faleceu há 25 anos e na época não era muito comum assinalar estas datas, então passei a ter o dia do Pai, o meu dia do Pai, a 21 de Março que foi a data do seu nascimento! Por isso hoje é o Meu Dia do Pai!

Embora hoje ele esteja no zénite de todos os meus pensamentos, não deixo de lembrar que começa a Primavera! Tal como não esqueço o Dia Mundial da Poesia, e neste caso porque estarei no II Sarau de Poesia da ARA, onde além de poemas meus, irei declamar, Ary, Pessoa, Natália, Florbela, Cesariny, Teresa Horta, Sá-Carneiro, Vinícius, Viriato Cruz, Irene Lisboa e não sei se me esqueci de algum!

E porque é o meu dia do Pai, vou dedicar a minha actuação ao meu pai... e a todos os pais do mundo com o sentimento que todos sejam sinónimos de primavera, isto é de um renascer permanente para o mundo!

OS FINS NÃO JUSTIFICAM OS MEIOS

Viva

Ultimamente tenho-me confrontado, na minha vida profissional, com algumas situações, com as mais eu não concordo de maneira nenhuma, mas que me são apresentadas, ou melhor justificadas, como se os fins justificassem os meios.

Como me tem sido dito que é uma questão de tempo até serem resolvidas, dispus-me a aguardar, mas impus a mim mesma um tempo limite, para as "suportar" porque se as situações não mudam eu tenho a obrigação moral, para comigo mesma, de ser eu a mudar.

Por uma questão de principio, para mim, os fins nunca devem servir para justificar os meios.Na vida, quando se definem objectivos, tem-se o dever de planear os "percursos" para os atingirmos uns levam mais tempo a percorrer têm mais custos mas se são os correctos não há como os "contornar"!

Vem isto tudo a propósito do estado da nossa nação, das "tricas" dos escândalos que todos os dias nos entram pelas casas dentro, escândalos, atrás de escândalos.....

Será que se cada um "impusesse" a si próprio: "Que os fins não justificam os meios" não poderíamos vir a ser um país mais SÃO de todos os pontos de vista?

um abraço e resto de bom domingo

Ana Fernandes

CREPÚSCULO 4

Para compensar a nº 3, aqui fica outra muito feliz. Quatro crepúsculos já cheira a crepúsculos a mais. Algo me diz que vamos começar a ter belas imagens das Serras da Estrela e da Gardunha, bem como fotos idílicas do Nabão.

CREPÚSCULO 3

Um sonho (em formato "small"), porque sou um nabo e não consigo pôr a imagem maior. Trata-se de uma das fotos mais lindas que vi.

Mas hoje, É dia do Pai...

Hoje é dia do Pai.

Como sou Pai, hoje também é o meu dia.

Seria bom se fosse assim...., mas não, não é assim.

è bom porque ainda tenho Pai. Ainda lhe posso dar um beijo e expressar-lhe quanto gosto dele, porventura, haverá quem não o poderá fazer.

Mas dizia eu que não será assim, pois, irei ver os meus filhos, muito menos tempo do que desejaria, estarei muito menos tempo com o meu Pai do que ele gostaria, mas, hoje é dia do Pai...

Gostaria de ser lembrado,. sempre, pelos meus filhos, como um grande Amigo, mas o que eu mais quero é ser recordado como pai.

Gostaria aqui de deixar um testemunho de filho e de pai:

"O verdadeiro amor nunca se esgota. Quanto mais se dá, mais se tem."

Antoine de Saint-Exupéry

Mas hoje é dia de reflexão.

Adeus, é um nunca mais voltar, mas também é um até já,.

Espero sinceramente, que seja um breve até já, Farelhão.

Aos amigos, mesmo um adeus, é um estarmos aqui perto para o que for preciso...

Bem, por hoje despeço-me e para todos os pais do mundo, um grande dia. Para aqueles que por diversos motivos já não o têm, saudade.

JAime

Parábola

No silêncio do parque abandonado
O repuxo prossegue a sua luta;
É um desejar alado
A sair duma gruta.

Ergue-se a pino ao céu como uma lança;
Ergue-se a pino, e sobe na ilusão;
Até que a flor do ímpeto se cansa
E cai morta no chão.

Mas a raiz do Sonho não desiste;
Subir, subir ao céu, alto e fechado!
E o repuxo persiste
Na solidão do parque abandonado.

Miguel Torga - Poesia Completa I

Um abraço do tamanho do mundo, mesmo para aqueles que só espreitam

Ana Fernandes

ADEUS CREPUSCULAR

Dois texto remetem ao crepúsculo, emoldurados em duas lindas fotografia do pôr do sol que deixam uma sensação de apaziguamento permanente! Mas há no segundo uma sensação esquisita (e não é por causa da cor), de uma despedida que se irá verificar. Pelo menos assim a entendi porque por vezes não é o que está expresso que é o mais importante, mas o que se encontra subentendido. A expressão "adeus" está lá, envolvida no carinho do texto, perto do final, como se fosse uma mensagem criptada, e os nomes de alguns dos "escrivantes" deste espaço abrem a redacção como a querer passar um testemunho a alguém! Pode ser que eu tenha entendido mal e seja apenas mais um texto para enriquecer este nosso cantinho, embelezado por crepúsculo fascinante!

O Farelhão nunca deu razão para não se confiar nele, mas sobejas vezes usou de métodos activos que convidavam a reflectir e que nos obrigavam a descobrir algo mais do que as palavras ditas, para além daquilo que concretamente proferia!

Se este adeus crepuscular, é mesmo um adeus... que não o seja, mas sim um até breve, porque em justiça se manterá viva a gratidão e amizade que lhe devemos!

CREPÚSCULO 2

Com uma dedicatória especial para a Ana, para o Virgílio, para os "nuestros hermanos" Luís e Jaime, para o Rui, para o Egídio e... vá lá... para esse tal xaviota de má memória, aqui fica um adeus, bem vermelho e bem dourado.

CREPÚSCULO

Há um certo "clima" de final de festa neste blogue. Tout s'en va, tout se meurt, cantaria o Aznavour. Também há beleza no ocaso e este de Peniche é de suster a respiração. Tranquilidade...calma...anoitecer. Lembram-se disto?
Acho que me vou. C'est finit, it's over, acabou.

2Ninguém vive indefinidamente entre parêntesis"

Anunciam os sociólogos o advento próximo da humanidade sem alma, de superfície fútil, a viver despreocupadamente o quotidiano, feliz,liberta de inquietações de qualquer ordem, políticas, morais, religiosas ou cívicas. Cada qual contente da sua condição singular, alheio ao poder, à autoridade, aos problemas do mundo. E fico-me a pensar no que será o amanhecer desse feriado egotista no longo calendário agitado do tempo. É que pergunto a mim mesmo se, depois dele , os pesadelos que agora nos afligem não voltarão redobrados. Quanto mais profundamente se dorme, mais estremunhado se acorda com a realidade. Ninguém vive indefinidade entre parêntesis.

Lisboa, 11 de Março de 1988 - Diário... Miguel Torga


Um abraço
Ana Fernandes

O "nosso" Estado laico...

Pior que um lobo com pele de cordeiro é um lobo vestido de pastor...alemão.

Há dias assim.....

Há dias em que parece que tudo é um cansaço e a desilusão é permanente.

O que se passa com o nosso País?

O que se passa nas nossas escolas onde as nossas crianças passam a maior parte do dia?

Já no outro dia assumi que me senti e sinto envergonhada, como cidadã deste país à beira mar plantado, pelo que aconteceu em Trás-os-Montes com a criança de 12 anos.

E agora a notícia do suícidio de um professor , cujo desgaste psicológico devia ser enorme, quanto isolamento.

Onde andam as auditorias de acompanhamento ao funcionamento das nossas escolas?

Não há sistema por muito bom que seja que se depois de implementado não for acompanhado não descambe!!!!

Como tenho adolescentes cá em casa , por vezes assisto às suas conversas e noutro dia assisti a uma em que várias adolescentes assumiram que utilizam uma táctica, nas respectivas escolas de:

"passar o mais despercebida possível para não atrair problemas"

Outras vezes dizem que é preciso muita paciência para não serem malcriadas para certos professores porque obrigam os alunos a cumprir uma serie de regras dentro das salas de aulas, a mais falada é a de não usar os telemóveis, mas que ele, os professores, são os primeiros a atender os respectivos telemóveis.

Noutro dia referiram, também, que um dos professores tinha atirado o livro de ponto a um aluno!!!!

Já têm comentado que há professores que parece que estão ali por não terem outro sitio para trabalhar, "estão a fazer um frete" mas que há "outros que até dá gosto assitir às suas aulas".

Noutro dia, alguns pais disseram, numa reunião, que os filhos se queixavam que a partir de certa horas não podiam ir às casas de banho porque assim que eram limpas eram de imediato fechadas!!!!!

Será que em vez de "Rankings" das melhores escolas e de premios aos melhores alunos não se devia fomentar o espirito de grupo?

Qual o gozo de se ter um aluno com o máximo da classificação e a maioria da turma ter negativa a essa disciplina????

Qual o motivo para se preterirem os alunos com menos capacidades e dar-se só atenção aos "execelentes"?

Somos um país com pais despreparados, professores despreparados e pessoal auxiliar muito mas mesmo muito despreparado!

O que é que é preciso fazer para que esta situação mude????



Um abraço
Ana Fernandes


PS - Virgilio não estejas desgostoso é uma questão de tempo até a oficina ser reaberta.

MAGOADO

Estou magoado!

Muito magoado pelo encerramento da "Oficina"! Já lá deixei o meu comentário e pouco mais será preciso dizer! Era um espaço em que se pretendia como uma extensão da nossa formação online! Não pretendo, apontar o dedo a ninguém, mas uma visita duas vezes por semana, trinta minutos de cada vez, o lançar uma dúvida ou o dar o resposta, era bem menos cansativo do que ir de quinze em quinze dias para Lisboa!

Enfim falhou, desconheço se por receio de nos expormos ao erro, ou porque não há mais nada para aprender! Quanto a mim não tenho dúvidas que só me expondo ao erro posso emendar as práticas e a teoria, já no aspecto da aprendizagem nas matérias que se pretendiam debater sou ainda um imberbe candidato a aprendiz!

Estou magoado!

Para ser grande, sê inteiro.......

Para ser grande, Sê inteiro: nada

Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a Lua toda

Brilha, porque alta vive.

"Ricardo Reis"

PS - Este é especialmente para o Virgilio

Liberdade

Liberdade

— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.

Miguel Torga, in 'Diário XII'


UM abraço
Ana Fernandes

PS Que belas imagens Nuno

Berlengas

A contemplação do belo ajuda-nos a sobreviver.

PEC (ADO) VELHO

Ora bem, assim é que é! Esta gente armada aos cucos, quais heróis da idade média entrou de vez na linha. Aplica-se um PEC qualquer e "cagam-se" umas lampanas e os parvos lá terão de ir sobrevivendo com a sua miséria.

Por agora chamemos-lhe Programa de Estabilidade e Crescimento, mostrem-se uns números assustadores e não tarda que nos coloquem num pódio elevado ao desígnio nacional dos novos salvadores da pátria! Brotarão ossanas por entre os paladinos vampiros da economia nacional que se hão-de chegar à "teta" abundante do orçamento!

Noutros tempos demos-lhe a designação de Pagamento Especial por Conta, que conta quem sabe que em certas circunstância é tão injusto que até retira a vontade de contestar a quem se vê apanhado nas malhas apertadas do sacro saqueamento de cobres dispersos! Há que alimentar as famílias gentis, de Belmiros e Amorins com a condecorações de umas quantas isenções, pois que a outros se aplique o necessário PEC.

Outrora, que as coisas eram difíceis todos sabemos, mas uns quantos honrados homens a quem nossos antepassados designaram de "filhos de algo" já usaram com grande frequência e sapiência de tais argumentos tão louváveis, para criar uma elite feudalística que muito orgulharam as armas e "os barões" assanhados e ajudaram na luta contra os infiéis! Uma pátria que tem o PEC (Parasitas, Exploradores e Corruptos) no seu código genético não pode ter receio da sua utilização quando dele necessita, sob pena de ressurgirem PECados velhos, com a plebe a querer manjar na mesa do trono!

Pôr do Sol em Peniche

Já que quem é de lá nada diz, aqui fica este Pôr do Sol penicheiro. Este sim, genuíno, embora vermelho de mais para o meu gosto.

Está a aproximar-se

Olá mais uma vez, Amigas e Amigos.

Está a aproximar-se, o nosso almoçarinto organizado pelo nosso Amigo Zé Rui, em Peniche ou onde ele quiser.

Só de saber que vamos um bom almoço é reconfortante, se lhe juntarmos o mais importante que é a almoçarada, imaginem a qualidade do almoço e o seu significado.

Apesar de alguns/algumas andarem escondidos/as, espero que dia 22 de Maio estejamos todos juntos para passar um bom dia. Pelo menos o pessoal que se mantém em contacto neste cantinho que não falte. Vamos relembrar os outros para a importância da sua presença.

Hoje fez-se Sol. Já andava escondido, dorminhoco à alguns dias. Quando acordei e olhei para o horizonte, vi sol e fiquei todo contente. Se pensar que ontem ás 23.30 estava a nevar(??), é verdade, realmente o mundo anda trocado. Bem por hoje vou... Beijos e abraços dentro da necessidade...Jaime

.......LAÇOS.........

Hoje de manhã, no Chiado, muito antes das nove, o "Latinhas, dirigiu-se a mim e disse:

- Podia dar-me uma ajuda para o pequeno almoço?

Há já algum tempo que não se dirigia a mim,para pedir ajuda, recuperou as ferramentas e dedica-se a vender as suas obras.

Olha para mim e não me pede nada. Possívelmente o dia de ontem não lhe correu bem.

Virei-me para ele e dissse-lhe:

- Bom dia, então já conseguiu a sua identificação? Já tem o cartão de cidadão?

(Foi um dos assunto de que ele me tinha falado numa das nossas primeiras conversas qaundo me contou como é que tinha ido parar à rua)

Olhou para mim e perguntou-me :

- A senhora lembra-se de mim? Lembra-se da minha conversa?

Disse-lhe que sim que me lembrava e que esperava que ele recuperasse depressa a sua identificação e que mudasse de vida.

Contribui para o seu pequeno almoço e fui trabalhar.

Hoje depois de ir almoçar aos Armazéns do Chiado passei pelo Latinhas no seu posto de venda, junto a uma loja muito conhecida de café, e vinha distraída a atender o telemovel quando sinto puxarem-me pelo braço.

Era o "Latinhas" que me estava a chamar para me oferecer uma flor feita de lata.

Disse-me:

- É para si!!!!!

Perguntei-lhe se me tinha reconhecido disse-me que sim comovido. Agradeci-lhe e não fui capaz de lhe dizer muito mais.

Espero que consiga arranjar a identificação que lhe falta e que consiga mudar de vida

UM abraço do tamanho do mundo.

Ana Fernandes

Uma vírgula, por favor

Depois do poema machista e retrógrado do Victor Hugo, peço-vos o exercício de colocarem uma vírgula no texto que se segue:

SE A MULHER SOUBESSE O PODER QUE TEM O HOMEM ANDARIA DE GATAS À SUA PROCURA.

O Homem e a Mulher

O homem é a mais elevada das criaturas.
A mulher é o mais sublime dos ideais.

Deus fez para o homem um trono.
Para a mulher, um altar.
O trono exalta.
O altar santifica.

O homem é o cérebro; a mulher é o coração.
O cérebro fabrica a luz; o coração produz Amor.
A luz fecunda.
O Amor ressuscita.

O homem é forte pela razão.
A mulher é invencível pelas lágrimas.
A razão convence.
As lágrimas comovem.

O homem é capaz de todos os heroísmos.
A mulher, de todos os martírios.
O heroísmo enobrece.
O martírio sublima.

O homem tem a supremacia.
A mulher, a preferência.
A supremacia significa a força.
A preferência representa o direito.

O homem é um gênio; a mulher, um anjo.
O gênio é imensurável; o anjo, indefinível.
Contempla-se o infinito.
Admira-se o inefável.

A aspiração do homem é a suprema glória.
A aspiração da mulher é a virtude extrema.
A glória faz tudo grande.
A virtude faz tudo divino.

O homem é um código.
A mulher, um evangelho.
O código corrige.
O evangelho aperfeiçoa.

O homem pensa.
A mulher sonha.
Pensar é ter no crânio uma larva.
Sonhar é ter na fronte uma auréola.

O homem é um oceano.
A mulher um lago.
O oceano tem a pérola que adorna.
O lago, a poesia que deslumbra.

O homem é a águia que voa.
A mulher é o rouxinol que canta.
Voar é dominar o espaço.
Cantar é conquistar a alma.

O homem é um templo.
A mulher é o sacrário.
Ante o templo nos descobrimos.
Ante o sacrário nos ajoelhamos.

Enfim, o homem está colocado onde termina a terra.
E a mulher onde começa o céu.

(Vitor Hugo)

Um abraço para todos vós

Celebrações (3)

Retrato de Mulher Triste

Vestiu-se para um baile que não há.
Sentou-se com suas últimas jóias.
E olha para o lado, imóvel.

Está vendo os salões que se acabaram,
embala-se em valsas que não dançou,
levemente sorri para um homem.
O homem que não existiu.

Se alguém lhe disser que sonha,
levantará com desdém o arco das sobrancelhas,
Pois jamais se viveu com tanta plenitude.

Mas para falar de sua vida
tem de abaixar as quase infantis pestanas,
e esperar que se apaguem duas infinitas lágrimas.

Cecília Meireles, in 'Poemas (1942-1959)'

ESTÁ VISTO!

Não sendo muito de celebrações, considero-as importantes para que, pelo menos alguns não passem vazios nesta vida sem uma palavra de simpatia para com os seus semelhantes: hoje o facto deve-se às mulheres, os seres mais fortes do universo! Todos nós tivemos uma mãe, e salvo raras excepções, foi ela que nos moldou (homens ou mulheres) vivendo por vezes mal e mesmo assim, das fraquezas fazendo forças! Foi com medo dessa força que a Igreja a tentou e continua a tentar amordaçar!

Nestas poucas linhas venho apenas desafiar as nossas amigas para não deixarem a Ana sozinha, é esta a minha celebração!

Está visto que não bastam celebrações... há passos mais importantes a dar, continuemos a respeitar o nosso semelhante: homem ou mulher!

Celebrações (2)...

Olá caros AMigas e Amigos. Hoje um beijo especial para as Amigas.

Já á algum tempo que tenho andado desaparecido, não em combate, mas em trabalho.

Apesar de não aparecer em "antena", tenho andado pelos bastidores e lido todas as mensagens publicadas e comentários..

MAs hoje o que me move nesta nossa loja é sobre "o dia da Mulher".

Como já referi num comentário atrás, respeito a Mulher na sua integridade, não vendo qualquer diferença de direitos para com os homens, por isso, somos iguais.

Mas o que gostaria de dizer, é que não gosto muito de celebrações. Celebração faz-me um pouco lembrar algo que é esquecido durante o restante tempo, mas, que se celebra para ser lembrado. Assim, celebrar o "dia da Mulher", pode não deixar de fugir a isto. Durante todo o tempo existem pessoas (Homens e Mulheres) que se esquecem do direito das Mulheres, da sua dignidade, integridade física e psíquica, dos seus direitos enquanto mãe, da sua beleza, ou seja esquecem-se que existe o género feminino no seu todo. Mas neste dia, televisões, rádios, jornais, todos se lembram de "celebrar" o Dia da Mulher.

Como dizia o chato "vamos mas é trabalhar...", isto é mudem de mentalidades, de modo a que as mulheres sejam respeitadas e "celebradas" todos os dias.

Celebrações.....

Viva,


Já passaram 100 anos desde o 08 de Março de 1910, 1ª Celebração do Dia Internacional da Mulher e, tanto, tanto, ainda por mudar.
Não há Lei da Paridade que resulte se não mudarem os comportamentos, e isso começa em cada uma de nós.
Temos de deixar de nos sentir culpadas por não podermos responder a tudo ao mesmo tempo, temos de deixar de ser super-polivalentes.....

Alguém disse.

"""" a igualdade de oportunidades será efectiva quando uma mulher incompetente for nomeada para funções de responsabilidade..."""""

Deixo-vos com votos de uma boa semana e um trecho do belissimo poema "Calçada de Carriche" de António Gedeão


".........

Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada;
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce a calçada,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga;
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina,
volta à toada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga.
Regressa a casa
é já noite fechada.
Luísa arqueja
pela calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada. "


Um abraço
Ana Fernandes

DIREITOS E LIVROS

Tenho andado atarefado a preparar a celebração do Dia Mundial dos Direitos do Consumidor que se assinala no próximo dia 15 do presente mês. Como único trabalhador no meu serviço, além de fazer atendimento ao público e encaminhar as questões de conflito de consumo, tenho ainda a meu cargo a tarefa de organizar, planear e representar o município em diversas actividades em que esta matéria é tratada! Como aconteceu em Janeiro na Biblioteca Municipal numa iniciativa da Escola Secundária Jacome Ratton, fazendo o papel de moderador numa palestra onde participaram professores universitários e um dos maiores especialistas de Direito do Consumo, Dr. Beja Santos, ou como está previsto para Maio próximo, tendo já sido pedida a minha participação/colaboração como orador num seminário do Instituto Politécnico de Tomar!

Mas o Direito não me larga e os livros também não! Na sexta-feira assisti por especial convite à apresentação de "A Máquina de Fazer Espanhóis" de valter hugo mãe (licenciado em Direito, não exercendo) seguido de um jantar bem regado e conversado. No sábado o meu amigo Vasco Marques (advogado de barra) apresentou o seu primeiro romance "A Vida Muda num Segundo", fazendo-me rasgados elogios (claro que fiquei vaidoso!!!) por tê-lo incentivado a abraçar aquele projecto!

O Direito e os livros parecem ter marcado a minha vida desde sempre, e se a minha formação de base não se enquadra demasiado nas questões Jurídicas, o facto de ter uma pós-graduação em Direito do Consumo, parece confirmar a apetência antes referida!

O ar cândido e dócil dos Guerreiros Templários

Non nobis, Domine... Nunca seremos suficientemente machos para Te defender, Senhor.
(entretanto agradecíamos-Te, Senhor, que mandasses fritar o Filipe IV em lume brando, mesmo que a título póstumo)

Recreio......

Recreio

Chilreio de crianças numa escola.
Brincam no intervalo.
Largam da mão
O Pássaro da Ilusão,
E vão depois felizes, agarrá-lo.

O mestre aquece os pés ao sol de inverno.
Já foi também menino...
Mas cresceu,
Aprendeu,
E descobriu as manhas do destino...

Sabe que ele nos engana,
Seja qual for o oiro que nos dê.
O Pássaro da Ilusão
É uma ilusão:
Só a inocência o vê, porque não vê.

Miguel Torga


Assim que é devia ser. Estou tão chocada, tão envergonhada com o que aconteceu em Trás-Os-Montes, com a criança que se atirou ao rio Tua, que desespero pode levar uma criança a desistir..... tanta solidão...tanto desespero....onde andam os adultos???
Que país é este?
Quando oiço dizer que o futuro é das crianças, estremeço...... como podem as crianças ter futuro se muitos adultos não têm presente???????

Um abraço
Ana Fernandes

Partilha....

Viva

Lembram-se da "Mesa da Poesia"?

- Que bom que tenhas "descoberto" Miguel Torga através dessa experiência de partilha que foi a Mesa da Poesia, e, pegando em parte do poema que o Nuno tanscreveu:

"Nenhum de nós desista, se é verdade!
Ligado às próprias achas da fogueira,
Mantenha-se por toda a eternidade
Senhor da sua inteira liberdade
De dizer o que queira."

.... Diário IV 1947

Que força e actualidade que a poesia de Miguel Torga ainda hoje tem.

Um abraço para todos e obrigada Nuno por nos lembrares que:

"fica sempre um pouco de perfume nas mãos de quem oferece rosas"

Ana Fernandes

PELOS 850 ANOS

Poucas linhas! Poucas palavras! Apenas para recordar que aqui pela minha "terreola", ontem se assinalaram os 850 anos da sua existência... pelo menos com o nome de TOMAR, pois "Sellium" ou mesmo "Nabância" (Nabantia) perderam-se nos tempos e nem se sabe a localização exacta nem o nível administrativo que possuíam!

Terra de Templários e Cavaleiros de Cristo, coração das Descobertas, tenho muito orgulho e amor a esta terra, por vezes tão ingrata, mas tão sedutora e apaixonante!

Berlengas e Farelhões, ou um aperitivo para Maio

sem palavras...

Torga nas Berlengas, ao lado do Farelhão

Esta não esperavas, Ana. Torga e as Berlengas... um paraíso quase perdido.

Eu vejo passar o vento, atento...

Meu testamento de Poeta, quero
Que fique na pureza destas ilhas,
Gravado pelas ondas sem sossego.
Para que o leia o sol,
E o vento,
E quem gosta da Vida e movimento,
- Só escrito
Nestas folhas de espuma e de granito.

Em versos com medida das marés,
Rodeado de cor e solidão:
Talvez tenha beleza a doação,
E sentido…
Talvez que finalmente eu seja ouvido,
E cada herdeiro queira o seu quinhão.

(A riqueza que tenho,
Só em fraga despida
E com velas à vista
A posso dar a alguém…
Sou artista
Por humana conquista
E por me ter parido minha mãe.)

Mas se ninguém quiser o meu legado,
Nestes penedos, recusado,
Terá asas em cima…
Asas abertas sobre cada rima
De silêncio salgado.

Aqui, portanto, fique,
Como um ovo num ninho de saudade.
E que ninguém o modifique.
Só este texto indique
A minha última vontade.

Deixo…
(os poetas, coitados,
Têm quintas de papéis arrumados
E barras de oiro… quando a tarde cai… )
Deixo…
Mas a herança aqui vai.

Nenhum de nós desista, se é verdade!
Ligado às próprias achas da fogueira,
Mantenha-se por toda a eternidade
Senhor da sua inteira liberdade
De dizer o que queira.

Tenha amor aos sentidos
E a toda a criadora excitação.
Pouse na terra os olhos comovidos,
Como remos nos flancos coloridos
Da vaga onde navega a embarcação.

Leal e simples, saiba desvendar
Mistérios que é preciso descobrir:
O gesto natural de semear,
E a fome de colher e mastigar
O fruto que do gesto há-de sair.

Nada queira distante da razão,
Por saber que estiola o que não tem
Sol a jorros a dar-lhe projecção
Na rasa lei do chão
Donde a raiz lhe vem.

Veja passar o vento
Carregado de sonhos e poeira…
Veja-o passar, atento
À beleza do próprio movimento…
Entenda num segredo a vida inteira!

E siga como alegre quiromante
Que mesmo no ludíbrio se procura.
Romeu viúvo que perdeu a amante
E lhe fica constante,
Até que a vai amar na sepultura.

E agora assino e selo o testamento.
Leve-me o barco, e fique a barlavento
Esta bruma de mim.
E que o farol, à noite, quando alguém vier,
Ilumine o que eu digo, e o deixe ler
Até ao fim.

Berlengas, 6 de Julho de 1947.
Miguel Torga, in Diário IV.

ESPERANÇA

Esperança

Espremo o sol num poema, e bebo o sumo.
Pode muito esta humana fantasia!
Navegava a direito, no meu rumo,
Quando nisto,
A monção
Desvia-me das velas a ilusão
E atola-me num mar de calmaria!

Mas resisto,
Embebedo-me assim na solidão.
E aguardo que renasça a ventania......

Miguel Torga-Poesia Completa I


Um abraço
Ana Fernandes

Realmente a vida tem propriedades magníficas, mas também as tem desoladoras. Penso que no combuto geral signifique o requerimento de um equilibrio, onde ela própria se apresenta como um desafio que é criado à nossa altura, para que possamos ultrapassar obstáculos, procurar que evoluamos como pessoas, sempre por nós, e por quem nos rodeia...pois sem eles...muito ficaria por fazer...e por viver. A distância é arrasadora, a presença física assume-se sempre como algo fundamental (até no elearning se manifestou), pois as palavras não são tudo, nem se pretende que sejam...no entanto as palavras têm quanto a mim, um poder excepcional...elas ficam, permanecem como que suspensas no tempo, tal e qual foram escritas, e ali estão sempre guardadas à espera de nós. Nem sempre aqui deixo um texto ou comentário cada vez que vos visito e mesmo quando o faço...não é sempre na vertente de poesia...mas sim o é na sinceridade e partilha perante aqueles que a mim são semelhantes em valores. Calma Ana e Virgílio, pois é certo que pessoas como vocês, nunca na vida estarão sós...nem aqui.

Mas não vou embora sem deixar de vos felicitar, é mesmo vosso o mérito da forma como conduzem este blogue. É realmente nas pequenas coisas da vida, que se encontra toda a diferença...e na pequenez de gestos...que se avaliam grandezas.

Um abraço de saudades