quarta-feira, 24 de março de 2010

Plateia

Não sei quantos seremos, mas que importa?!
Um só que fosse,e já valia a pena.
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!

Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.

E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste

Miguel Torga- Poesia Completa II

Um abraço muito grande para todos os que, ainda, resistem.
Ana Fernandes

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