sexta-feira, 29 de abril de 2011

Uma Alegria para partilhar com @s meus Amig@s

Já sabiam que vou ser avô?

Pois bem...Hoje, fui "oficialmente" informado que se vai Chamar Inês... É uma menina!

Beijos e abraços
ef

quinta-feira, 28 de abril de 2011

HISTÓRIAS DE VIDA – METRALHAS E COMPANHIA

Cada vez que os via lembrava-se dos irmãos Metralha dos livros do Tio Patinha.

Referia-se às equipas de controlo, de bilhetes/passes, que a CP tinha em algumas estações.

Não sabia se seria pela cor do vestuário, mas lembrava-se, sempre, que os via, dos irmãos Metralha.

Na sua estação, apareciam periodicamente e acompanhados, sempre, por uns seguranças com um aspecto pouco amigável e algo desajustado à situação.

Não é que alguma vez a tivessem tratado menos bem, mas só o facto de vedarem, de uma forma ostensiva, o acesso aos cais de embarque era incomodativo.

Colocavam-se, não sabia se estrategicamente, lado a lado, de forma a não permitirem a passagem a ninguém, sem antes lhe mostrarem os títulos de transporte nome pomposo para os passes.

Por vezes no comboio também aparecia o revisor e na estação do Rossio lá estavam as “máquinas” de controlo vigiadas por seguranças, pelas quais era obrigatório passar o título de transporte.

- “As receitas de bilheteira na CP andam bem controladas”. Pensava ela quando os via.

Mas naquele dia a coisa tinha-se descontrolado.

Na estação de Campolide entrou uma dessas equipas, acompanhada pela escolta dos seguranças e entre os membros estava uma mulher. Devia ser para respeitar as quotas, uma mulher numa equipa maioritariamente masculina cai bem……

Quando os viu entrar pensou que era aparato a mais. Mas mostrou o seu passe e continuou entretida a ler.

Nisto ouviu uma voz feminina dizer, alto e bom som:

- A senhora não sabe que tem que validar o seu título de transporte?

- A tal senhora respondeu-lhe:

- Se não sabe o que anda a fazer aprenda, eu não tenho de validar nada, só tenho de lhe mostrar o passe quando mo pede.

Aí parou de ler.

E é claro que um dos tais seguranças já se tinha aproximado e tinha-se colocado ao lado da fiscal, que entretanto continuava a argumentar com a passageira sobre as suas obrigações.

A passageira que não tinha gostado de se sentir ameaçada resolveu continuar a discussão e perguntar, para a geral, se a CP não teria mais nada em que gastar o dinheiro se era preciso aquilo tudo para controlar os passes.

A situação era incomodativa porque entretanto os ditos fiscais começaram a agrupar-se na sua carruagem e juntos eram muitos.

Lembrou-se, então, da cena a que tinha assistido numa estação de metro, de Londres, na semana anterior.

Face ao congestionamento, nas bilheteiras, o funcionário da estação dirigiu-se aos passageiros que estavam na fila dizendo-lhes para embarcarem que pagariam o bilhete na estação do destino!

Ao comparar as atitudes pensou para consigo como as mesmas funções podem ser exercidas de uma forma tão diferente e, lembrou-se de uma frase que tinha lido há muito tempo:

- “A autoridade quando mal exercida retira toda e qualquer dignidade a quem a pratica.”

domingo, 24 de abril de 2011

"Os meus Poetas....."

Lisboa, Cadeia do Aljube, 30 de Dezembro de 1939

CANÇÃO


À janela da casa,
Ave só na lembrança,
Já nem levanta a asa
Que a mãe lhe deu de herança

A sua dor é clara:
Bate-lhe o sol em cheio;
Um sol branco que vara
Tudo de meio a meio.

Não é sede nem fome
(Água tem ela à mão,
E comida que não come),
Doença má também não.

Falta-lhe a liberdade.
Só essa dor lhe dói.
Mas só por ela há-de
Não ser o ser que foi.

Miguel Torga - Diário

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E ABRIL ONDE ESTÁ

Quando menos se espera...apareço, pelo menos para desejar boa Páscoa! Mas essencialmente para que todos e cada um reflicta nas suas culpas do caminho que o país está a levar! Aliás este blogue parece o retrato disso. O nosso desinteresse (enquanto cidadãos responsáveis) levou o país ao beco em que estamos hoje. E Abril onde está?


Tal como os direitos adquiridos hoje são postos em causa, aliás negados, amanhã será a democracia a ser-nos negada. É preciso uma outra manhã, não só de esperança mas de confiança, não só de liberdade mas também de responsabilidade. Abril terá de reconstruir-se a cada momento com novos desafios, porque cada dia é um dia diferente. E Abril onde está?


Acho que está nas nossas mãos com as armas do trabalho!

"Os meus poetas...."

PÁTRIA

Flor desenhada no jardim suspenso
Que gravita no céu,
É uma pinta de terra colorida;
Uma rosa de eterna despedida
Que só vive da vida
De cada devotado jardineiro
Se desmaia no mapa ressequida,
Tem de ser mais regada no canteiro

Miguel Torga – Diário 1949

domingo, 10 de abril de 2011

"Os meus Poetas............"

- Bem quero, mas não consigo alhear-me da comédia democrática que substituiu a tragédia autocrática no palco do país. Só nós! Dá vontade de chorar, ver tanta irreflexão. Não aprendemos nenhuma lição política, por mais eloquente que seja. Cinquenta anos a suspirar sem glória, pelo fim de um jugo humilhante, e quando temos a oportunidade de ser verdadeiramente livres escravizamo-nos às nossas obsessões.
Ninguém aqui entende outra voz que não seja a dos seus humores. É humoralmente que elegemos que legislamos, que governamos. E somos uma comunidade de solidões impulsivas a todos os níveis da cidadania. Com oitocentos anos de História, parecemos crianças sociais. Jogamos às escondidas nos corredores das instituições.

Miguel Torga – Diário 1978

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sábado, 9 de abril de 2011

HISTÓRIAS DE VIDA…..Ouvir e ter de calar!!!!!

Na sexta-feira dia de greve na CP tinha posto o despertador para as 6 da manhã para assim poder apanhar boleia e não chegar atrasada ao emprego.

Como acordou mais cedo devido a insónias,ligou a televisão e ficou a saber que a greve tinha sido desconvocada.

-“Menos mal é porque os trabalhadores conseguiram aquilo porque lutavam” - pensou para consigo

Aproveitou o já estar acordada para tratar de algumas tarefas domésticas que não requeriam fazer barulho.

Apanhou o comboio à hora habitual e vinha praticamente vazio!

A meio da viagem deu por si a escutar uma discussão acalorada sobre a desconvocação da greve e o facto de o comboio vir praticamente vazio.

“ Que não era assim em cima da hora, que deviam ter avisado as pessoas, que não havia direito ……….”

Na véspera à noite, na viagem de regresso para casa, a conversa era ao contrário:

- “Que não havia direito, tantas greves e etc. etc. …..”~

Enfim:

“ É-se preso por ter cão e preso por não ter” – pensou para consigo

Como era dia de jogar no Euromilhões dirigiu-se para a casa, a dita da sorte, que abre cedo.

Estava na fila quando ouviu dizer para quem estava à sua frente:

-“Então ó chefe agora desconvoca-se a greve e não se avisam as pessoas, sim porque este senhor é um dos sindicatos”- Justificou-se o empregado.

Entretanto outro empregado da dita casa também reclamou com o cliente que apenas sorria, sobre o facto de a greve ter sido desconvocada, sim porque ele tinha pago o passe e tinha tido que trazer o carro.

Não se conteve e tentou dizer: “ Olhe que ás cinco da manhã eu ouvi no noticiário….”

O empregado nem a deixou terminar e respondeu-lhe:

“ Era o que mais me faltava por causa da greve ter de me levantar de madrugada.”

A confusão já era muita e todas as pessoas davam o seu palpite.

Não se conteve e quando já estava a receber o troco disse para o tal empregado.

- “ Já agora como é que queria ser avisado por SMS? É só pedir amigo.”

Deu os bons dias e saiu.

terça-feira, 5 de abril de 2011

HISTÓRIAS DE VIDA - Lisboa Fora de Horas

Aquela pomba fazia-a sorrir.

A estação do Rossio às sete da manhã já estava por sua conta.
Andava ligeira de cais para cais, a debicar, e, não se inibia de dar o seu voo e pousar nas escadas rolantes.

Seria sempre a mesma? Não sabia, mas só a via por volta das sete da manhã.
Sobrevivência? Adaptação? Quem sabe!!


Da mesma maneira que por volta dessa hora estava, sempre, um sem abrigo, enrolado num saco cama na base da estatua na Praça D.Pedro IV.

Porquê ali e não numa qualquer porta de loja? Quem sabe!!


Lisboa, a Baixa, tem um rosto e uma luz diferente a esta hora. Parece que não há pressa e há mais humanidade, nos olhares que se cruzam.



Às seis da tarde, na porta de uma loja, sempre na mesma, em pleno centro da Baixa, dorme, sempre, um sem abrigo.

A essa hora está completamente coberto. Repousa a cabeça num daqueles sacos de compras com rodas e dorme profundamente.

Depois das dez da noite está desperto, recostado, e a olhar para quem passa com um olhar que reflecte curiosidade.

Dorme de dia porquê? Por medo da noite? Quem sabe!!!!



Lisboa, a Baixa, a esta hora tem um ar festivo, são os turistas, que parecem não ter frio, que percorrem as nossas ruas e aproveitam tudo o que a cidade tem para oferecer, sobretudo as esplanadas e os restaurantes.

São de todas as nacionalidades. Parece que à noite têm mais visibilidade. Qual a razão? Quem sabe!!!


Não tinha a resposta para estas questões, mas uma coisa sabia, gostava, muito, de Lisboa, da Baixa, fora de horas.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

"Os meus Poetas - Balada de Lisboa"

Balada de Lisboa


Em cada esquina te vais
Em cada esquina te vejo
Esta é a cidade que tem
Teu nome escrito no cais
A cidade onde desenho
Teu rosto com sol e Tejo

Caravelas te levaram
Caravelas te perderam
Esta é a cidade onde chegas
Nas manhãs de tua ausência
Tão perto de mim tão longe
Tão fora de seres presente

Esta e a cidade onde estás
Como quem não volta mais
Tão dentro de mim tão que
Nunca ninguém por ninguém
Em cada dia regressas
Em cada dia te vais

Em cada rua me foges
Em cada rua te vejo
Tão doente da viagem
Teu rosto de sol e Tejo
Esta é a cidade onde moras
Como quem está de passagem

Às vezes pergunto se
Às vezes pergunto quem
Esta é a cidade onde estás
Com quem nunca mais vem
Tão longe de mim tão perto
Ninguém assim por ninguém

“Manuel Alegre - "Babilónia"

sábado, 2 de abril de 2011

"Os meus Poetas ..UM POEMA"

Não tenhas medo, ouve:

É um poema.

Um misto de coração e de feitiço….

Sem qualquer compromisso,

Ouve-o atentamente,

De coração lavado.

Poderás decorá-lo

E rezá-lo

Ao deitar,

Ao levantar,

Ou nas restantes horas de tristeza.

Na segura certeza

De que mal não te faz.

E pode acontecer que te dê paz….

“Miguel Torga – Diário “

sexta-feira, 1 de abril de 2011

"Os meus Poetas ............................ Tempo"

Tempo — definição da angústia.
Pudesse ao menos eu agrilhoar-te
Ao coração pulsátil dum poema!
Era o devir eterno em harmonia.
Mas foges das vogais, como a frescura
Da tinta com que escrevo.
Fica apenas a tua negra sombra:

— O passado,
Amargura maior, fotografada.

Tempo...
E não haver nada,
Ninguém,
Uma alma penada
Que estrangule a ampulheta duma vez!

Que realize o crime e a perfeição
De cortar aquele fio movediço
De areia
Que nenhum tecelão
É capaz de tecer na sua teia!

"Miguel Torga - Cântico do Homem"

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Por onde andam?
Deixem-se ouvir.

Um abraço Ana

Passeio BTT Aboboreiras