quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Histórias de Vida – Amorfismo ou Medo?

Um destes dias ouvi um dirigente sindical afirmar em público que tínhamos que acabar com o amorfismo em que os portugueses estão.
Há muito tempo que não ouvia empregar este termo e tive dúvidas se o estava a entender bem. Pensando melhor penso que o que quereria dizer é que os Portugueses precisam de reagir de partir para a luta de não se acomodarem….
Não sei se os Portugueses estão a sofrer de amorfia mas tenho a certeza que a uma boa parte deles o que os impede de falar é o MEDO, MEDO de perderem o emprego, MEDO de serem agredidos. MEDO !!!!! MEDO !!!!! De tudo.
Vem isto a propósito de uma cena a que assisti nos Armazéns do Chiado na cafetaria dum espaço que vende livros, música….
Estava eu sentada a uma mesa, a comer, quando vejo uma jovem com uma chávena de chá numa mão e um prato com um bolo na outra dirigir-se para uma mesa que estava vazia. Volto a olhar e vejo-a a voltar para trás a abanar a cabeça, com um ar indignado.
Moral da história, estava um grupo na fila para pagar os cafés e um dos membros saiu da fila para ir “marcar” a mesa e a jovem que estava à frente ficou sem lugar.
Ofereci-lhe lugar na minha mesa, que aceitou, e fiquei com vontade de a questionar porque é que não tinha dito nada, mas não o fiz. Certamente o que a travou a ela foi o medo de uma discussão em público. O que me travou a mim foi o pudor, não a quis incomodar mais do que já estava.
Será que já não vale a pena reagir? Que já estamos tão esgotados? Que já nos consideramos derrotados?
Quem responde ????

5 comentários:

efernandes disse...

Respondo eu!
Há alguns anos atrás um (então) amigo dizia-me:
Já reparaste que parece que estás a obrigar os teus colegas a serem felizes?
Esta história vivida por ti Ana, é uma das multiplas histórias que eu vivo por esse País aonde me desloco e vejo que o uso dos direitos conquistados está adornado pelo abuso de quem, dos direitos apenas conhece e reconhece os seus. Dos outros...Não existem.
Sinto-me por vezes, a pregar no deserto(factos).
Um dia destes, consegui trazer ao mneu local de trabalho o Manuel Carvalho da Silva.
Todo satisfeito por ter uma sala cheia de gente a ouvir o Sec. geral da Intersindical.
Verifico no entanto que, dos oitenta e tal trabalhadores que lá estavam, apenas uns 20 pertenciam à Empresa que me paga o salário. Os restantes eram precários.
Será que os meus colegas não têm problemas suficientes ou não terão filhos precários? Será que os meus colegas não amam os seus filhos?
Será que os meus colegas já acham que isto de solidariedade, unidade, luta, reivindicação são coisas do passado e que o salário lhes cai do céu?
Acho que a nossa sociedade se descaracterizou nos últimos 10 a 12 anos.
Abraço
Grande!
egídio

Xaviota disse...

O medo é um sentimento bem animal (gato escaldado...), razão pela qual não devemos ter medo de ter medo. O medo está na base das religiões, o melhor negócio do medo da morte. Seguem-se os seguros, negócio do medo de perder coisas, dinheiro ou a vida. Sem medo seríamos uns tolos inconscientes e acabaríamos por matar-nos uns aos outros.
Eu cá tenho muito medo da senhora de Fátima e da irmã Lúcia. Se elas deixam de zelar por nós o que será deste país. Quanto ao pai natal, já tive mais medo dele do que agora. Mas medo , medo à séria, tenho do pastor alemão. Aqueles dentes e aquele focinho são de arrepiar !!! Ratz,busca...busca...

09virgilio disse...

Claro que mudou, caro amigo Egídio. Ana, Amorfismo? Medo? Apatia? Individualismo? Mas é claro que tudo isto se confunde num padrão único da nossa cultura que é o egoísmo! Um caldo de pré-conceitos preconceituosos que nos vem do "berço" e em que se misturam diferentes sentimentos. Na maior parte dos nossos tempo de história vivemos como povo subjugado, "acobardado" aos ditames do poder. Estamos a regressar ao nosso natural "modus vivendi".
Desculpe a teorização.
Beijinhos e abraços!

efernandes disse...

Li uma vez um livro em que uma personagem dizia: "Tenho Arreceio"
Mas na minha terra quando se fala de medo também se costuma dizer que nem um feijão cabe no cu, quer dizer, cu apertado,onde eu já vou...
Sem medos amig@s envio-vo o meu abraço

jaime matos disse...

Olá Ana um beijo de saudade.
Vale sempre a pena falar, pois quando não falamos fica-nos algo na garganta...
Penso que amorfismo é uma das palavras que se lançam para as pessoas para as deixar a pensar que quem as usa sabe alguma coisa.
A palavra portuguesa, tipicamente é medo mesmo.
Hoje as pessoas para além do medo, penso que sofrem é de indiferença, pois desde que o seu prato esteja composto não se ralam com o prato dos outros. agora com as dificuldades, essa indiferença é mais notória.
Beijos e abraços dentro das necessidades, Jaime

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