sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Mar

Viva

Só depois de adulta senti a dôr de ver partir os meus ente queridos. Não consigo imaginar a DOR de uma criança ao perder o avô.

É tão revoltante que passados 55 anos ainda continuem a morrer pescadores portugueses no mar, que ainda se arrisque tanto por necessidade de sobreviver, que com tanto plano tecnológico, tanta tecnologia, se corram tantos riscos......

Lembram-se daquela conversa que vos contei que ouvi em Alcaçer do Sal?

"a minha mãe não tinha um pedaço de chão para plantar uma couve,éramos ....muitos, tínhamos de ir ao mar senão não comíamos...........e o meu irmão tão pequenino sempre a chorar ....."

Para o Nuno Paulo:

Mar

Mar!
Tinhas um nome que ninguém temia:
Era um campo macio de lavrar
Ou qualquer sugestão que apetecia...

Mar!
Tinhas um choro de quem sofre tanto
Que não pode calar-se, nem gritar,
Nem aumentar nem sufocar o pranto....

Mar!
Fomos então a ti cheios de amor!
E o fingido lameiro a soluçar,
Afogava o arado e o lavrador!

Mar!
Enganosa sereia rouca e triste!
Foste tu quem nos veio namorar,
E foste tu que depois nos traíste!

Mar!
E quando terá fim o sofrimento!
E qundo deixará de nos tentar
O teu encantamento!

Miguel Torga - Poesia Completa II

Um abraço
Ana Fernandes

1 comentário:

Farelhão disse...

Ana, Miguel e Mar. Uma trilogia de encantamento.

Um grande chicoração para ti, Ana.

Passeio BTT Aboboreiras