A Esperança olhava para o grupo das amigas, sentadas a almoçar, sem as ver, entregue aos seus pensamentos.
Quem diria que a vida lhe reservaria ainda esta surpresa e que seria a sua amiga Sofia a responsável.
“Não há dúvida que a Sofia é muito generosa, sempre foi, não é de agora “pensava a Esperança para com os seus botões.
- Esperança atende o telemóvel, está a tocar. Avisou a Matilde.
Depois de sossegar a filha de que estava tudo bem e de que estava a gostar de Londres, a Esperança continuou entregue aos seus pensamentos.
Mesmo antes de ter recebido a herança, dos pais, a Sofia já era generosa, na disponibilidade de partilhar o seu tempo com as amigas, na disponibilidade para ficar com os filhos das amigas para elas poderem ir trabalhar aos sábados, dia em que não havia escolas abertas, na disponibilidade para despender tempo á procura da prenda certa, na disponibilidade para adoptar uma criança negra,nos anos setenta, o filho de quem ela muito se orgulhava, na disponibilidade para emprestar dinheiro sempre que o mês era mais comprido, etc. etc.
Tão diferentes e todas tão solidárias, a Esperança não sabia dizer quem era a melhor amiga, para ela eram todas iguais.
A Sofia tinha feito sessenta anos e a prenda que dera a si própria tinha sido organizar uma visita a Londres, para si e para as quatro amigas.
- Obrigada Sofia – disse a Esperança.
- Obrigada porquê - retorquiu a Sofia.
- Por nos teres permitido realizar o nosso sonho de adolescentes. Visitar Londres.
A Catarina que até ali tinha estado calada atirou-lhe, provocando-a:
- Não terá sido, antes o teres encontrado o Joaquim no zoo de Londres?
A Esperança sorriu e caiu novamente nos seus pensamentos.
É, tinha sido uma agradável surpresa. Quem diria que o Joaquim podia ser uma boa companhia. Tinham-se encontrado à porta do zoo de Londres, inesperadamente, e tinham feito a visita na companhia um do outro. Tinha sido uma grata surpresa ao fim de tantos anos o Joaquim revelara-se-lhe um óptimo conversador fazendo-a esquecer-se do Joaquim deprimido, que só falava de desgraças e, diga-se de verdade ela evitava encontrar para não ficar deprimida.
-Esperança, chamou a Sofia – Vá, ainda é cedo, anda vamos dar uma volta.
- Não vale a pena Sofia, está noutra, está na Lua, parece uma adolescente apaixonada. Disse a Catarina.
- Quem sabe! Respondeu-lhe a Esperança e continuando:
- São os Segredos do Destino.
FIM
2 comentários:
Bela História Ana!
Espero que tenha sido pelo menos lida. Por mim, está guardada, embora não tenha contribuído para ela.
És e continuarás a ser a mesma pessoa sensível que conhecemos durante vários meses.
Obrigado por seres quem és.
Um Beijo
ef
Viva Egidio.
Com grande pena minha, constato que o grupo já não se manifesta.
A intenção do desafio era que se deixassem ouvir.
Não pretendia ser eu a escrever a história toda.
Obrigada pelas tuas palavras.
Beijos e um abraço do tamanho do mundo.
Ana
PS -Pelo menos nós os dois continuamos a deixar-nos ouvir qaundo vieres a Lisboa diz-me com antecedência para eu me organizar.
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