terça-feira, 21 de setembro de 2010

SEGREDOS DO DESTINO (VI)

O Joaquim olhou e não queria acreditar no que via. Não podia ser quem ele estava a pensar. Não, não podia ser.
Ainda incrédulo perguntou:

- És o Octávio não és?

- Sou – respondeu-lhe o Octávio dando-lhe um grande abraço - e estou tão contente por te encontrar Joaquim.

- Já jantaste?

- Não, ainda não. Respondeu-lhe o Joaquim

- Anda daí.

O Octávio não deu tempo ao amigo para reagir e dando-lhe o braço encaminharam-se para o primeiro restaurante que encontraram

A meio do jantar, o Octávio que não via o amigo há mais de trinta anos e não cabia em si de contente disse:

- Quem havia de dizer que nos havíamos de encontrar à saída do cinema passados tantos anos e ambos já reformados.

O Octávio confidenciou-lhe que se tinha divorciado há pouco tempo e o Joaquim não conseguiu reprimir o espanto:

- Ao fim de quarenta anos, porquê?

- Casámos muito novos, nunca tivemos filhos e na prática já só partilhávamos a mesma casa. Não fazia sentido os interesses não eram comuns, nem sequer as amizades. Acabámos por crescer cada um para seu lado. Vendemos a casa, que era grande demais e cada um comprou a sua casa, mais pequena e continuamos a ser amigos.

- E como é que te organizas no dia-a-dia?

- Como é que tu te organizas sendo viúvo?

- Mal o que me vale é a lavandaria, sobretudo desde que a minha filha foi para França.

- Por falar em França não queres ir fazer um cruzeiro pela Europa?

Os olhos do Joaquim arregalaram-se:
Um cruzeiro era a sua viagem de sonho mas a sua mulher, sempre adoentada, nunca lhe tinha permitido concretizar esse sonho, e depois sozinho nunca tinha tido coragem.

- Não é muito caro? Perguntou o Joaquim sem saber como esconder o seu entusiasmo

O seu problema nunca tinha sido o de gastar o dinheiro que tinha poupado para uma aflição, mas sim a falta de companhia, pensou ele.

O Octávio continuou a dar detalhes, sobre o cruzeiro, e o entusiasmo era tanto que não se aperceberam que todos os outros clientes do restaurante já tinham saído e que por delicadeza ainda não lhes tinham pedido para sair.

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