- Passou-se. Fiquei em casa a ler e vi as marchas na televisão. - Respondeu a Maria Esperança quando a sua amiga Carolina lhe perguntou como tinha sido o seu Santo António.
- Nem foste dar uma volta? Perguntou-lhe a Catarina, ainda incrédula.
- Onde e para quê? Respondeu-lhe a Maria Esperança.
A Catarina era amiga de infância da Maria Esperança e ultimamente fazia de tudo para que ela voltasse a ter objectivos. Mas, a Maria Esperança não correspondia, não estava preparada para enfrentar esta fase da vida, a reforma juntamente com a viuvez, andava desanimada e triste.
A Maria Esperança tinha pensado que ao chegar a esta fase da vida estaria acompanhada, mas a vida ou quem sabe o destino não quis assim, nem mesmo os netos cá estavam, estavam todos no estrangeiro com os pais.
Pensar ela que sempre tinha tido como adquirido que os filhos iriam ter uma vida mais fácil por terem mais habilitações. Qual quê, três dos seus quatros filhos estavam no estrangeiro e a única rapariga a Ana, também estava a pensar ir para Itália.
Tudo isto passava pela cabeça da Maria Esperança enquanto ouvia a sua amiga a falar, sem escutar absolutamente nada do que ela dizia.
- Acorda Esperança! Estás a pensar em quê? – Perguntou a Catarina.
Em nada. Respondeu-lhe esta.
Tal como acontecia todos os meses, tinham-se encontrado para o seu almoço habitual e estavam, à espera que chegassem as outras três amigas que, ainda, faltavam.
- Que se passa Esperança? Perguntou a Catarina. – Tu não estás bem.
- Sinto-me sem alento, sem vontade para nada. – Respondeu-lhe a Maria Esperança.
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