sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Para onde vamos, Quem assume o Leme?

Temos assistido há já algum tempo, a um tempo a que chamo de “faz de conta que somos um povo livre, civilizado, evoluído e bem governado”. Mas continuamos a fazer de conta.

Se alguns tiverem a memória para conseguirem fazer um “rewind” na sua “fita” magnética alguns anos, talvez seja possível encontrarem frases no ar tais como: A Europa dos cidadãos, A Europa dos direitos e oportunidades, a Europa da economia social e do progresso, a Europa Solidária, a Europa da Paz e da cooperação, entre outras. Se puxarmos mais atrás a bobine, talvez alguns se lembrem de frases como Sociedade sem classes, Sociedade Solidária, Educação gratuita, Igualdade de oportunidades, Serviço Nacional de Saúde Tendencialmente gratuito e universal, Trabalho para todos com direitos e deveres, Justa distribuição da riqueza produzida, entre outras também.

Tudo isto, inscrito na constituição da República, não necessariamente com estas ordens e frases, constituía para os cidadãos alguma segurança quer nos valores, quer nos direitos.

Penso para mim que 2003 depois de uma era “cavaquista” de aproveitamentos de dinheiros públicos e/ou mal utilizados, é o tal ano de viragem de muitos dos conceitos sociais aceitáveis e que muitos dos países civilizados os resguardam ainda “religiosamente” não sendo por isso que as suas economias sejam diminuídas, antes pelo contrário.

A partir do ano em que um tal primeiro-ministro tem a “lata” de dizer na sede da Democracia Portuguesa que o nosso país estava de “tanga”, nunca mais a esperança com que cada um tem o direito de viver, sorriu, antes pelo contrário.

Nessa altura, dão-se mudanças estruturais radicais no “puzle” Português e Europeu que conduziram sem qualquer margem para dúvidas ao estado actual de esmagamento dos mais pobres ou remediados pelos muito ricos. A Luta de classes põe os poderosos com cada vez mais força à custa de incoerentes sectores e organizações que, cognominando-se de organizações de esquerda, nos seu actos, facturam vitórias para a direita mais conservadora ou mais retrógrada que age como uma Monarquia fossilizada.

Chegamos assim, a uma altura da nossa vida, em que a generalidade dos cidadãos, deixa de acreditar perigosamente nos políticos e nas políticas perseguidas.

A verdade é mesmo essa – A propósito de relançar a economia, relançar o emprego e desenvolver as empresas, há um tal “Iluminado” que inventa (?) a criação de um tal Código do Trabalho que com as sucessivas remodelações e contestações, mesmo do Partido que hoje é Poder que diga-se o agravou, não conseguiu nenhum dos objectivos a que se tinham proposto e argumentado quanto aos seus benefícios. Pelo contrário, a desregulamentação do trabalho já de si com regras na prática de aplicação duvidosa, com a Autoridade para as condições de trabalho praticamente imobilizada, com o incentivo á criação das Empresas de Trabalho Temporário que colocam todos os dias trabalhadores temporários nas empresas em trabalho efectivo, agrava-se o tecido laboral com todas estas implicações no tecido social. O desemprego, o desrespeito pela sociedade e o descrédito no futuro está de facto instalado na sociedade sem dúvida nenhuma. É um facto que estamos a perder a luta por melhores condições de vida e cuja volta ou luta pela volta só se conseguirá com lutas profundas, sérias e aguerridas dos sectores democráticos (Associações, Sindicatos, Movimentos, Partidos, etc).

Portugal tem definitivamente e há muito tempo um problema que me recuso ainda, a considerá-lo como intrinsecamente Português: A tendência para desenvolver desigualdades e para distribuir a riqueza produzida de forma disforme. É inaceitável este estado de coisas.

Sabemos que o Estado só pode proporcionar os bens sociais impreteríveis e outros, se tiver dinheiro, se tiver fundos e se tiver política séria. Para a prossecução dos objectivos sociais, os impostos dos contribuintes são assaz importantes. É inaceitável que Um banco ou um qualquer empreiteiro de obras públicas ou outro, pague menos impostos do que os seus trabalhadores – Falo de Justiça e neste caso, de Justiça fiscal.

Creio com todas as bases que o problema de fundo deste País não está nas pessoas. Durante mais de 30 anos, tivemos à frente das finanças e da economia deste país (segundo dizem), os melhores “mestres” nas matérias, catedráticos que ainda hoje “botam faladura” como que não fossem eles também os responsáveis por este estado de coisas. O Problema principal como dizia, está nas POLÍTICAS adoptadas. Mudem de políticas que este Estado mudará certamente.

Acho mesmo assim, que o País tem futuro, porque remadores não faltam para levar esta “grande barcaça” a bom porto. O que falta são timoneiros e homens do leme que não enganem os remadores e que não estejam do lado dos “Adamastores”. Há muito mais vida para além do deficit que o capitalismo mundial nos impõe a cumprir rapidamente e que o Partido Socialista de Portugal com a ajuda dos seus companheiros de viagem se mantém refém. Os trabalhadores não são madraços.

ef

3 comentários:

Ana Fernandes disse...

Viva Egidio,

É o que acontece quando a economia se sobrepõe à politica.

Quanto ao leme não sei não. A esquerda não para de cometer erros e às vezes não se distingue da direita, nós os da nossa geração crescemos a pensar que a esquerda era sinónimo, só, de virtudes, mas algumas práticas ......parafraseando:

- Á Esquerda perdoa-se tudo e se for preciso da Direita até se inventa.

Qual de nós não se lembra das crises dos anos oitenta? O FMI não foi pior do que isto que se avizinha.

Como dizia Lenine:

- Aprender, aprender sempre.

Beijos
Ana

09virgilio disse...

Caro(s) camarada(s) e amigo(s), não tenho nem nunca terei a presunção que sei tudo (bem pelo contrário ainda tudo tenho para aprender), contudo há uma expressão que me está atravessada na garganta e sobre a qual se tem feito as políticas dos anos recentes: "A morte das ideologias".
A esquerda nacional, internacional, mais interventiva ou menos interventiva, mais revolucionária ou menos revolucionária tem que parar para pensar e o seu desafio é a reinvenção das ideologias. Porque a morte propagada foi o modo da extrema-direita ultra-liberal tomar conta da sociedade. É necessário um grito de revolta afirmando "A ESQUERDA EXISTE E É DIFERENTE" A IDEOLOGIA É O MOTOR SOCIAL!
Desculpem a parvoíce!!!

efernandes disse...

Nada de parvoíces Virgílio. o que escreveste não é parvoíce. A parvoíce é cada um, em cada momento da vida ser uma coisa e pensar que é outra!
Abraços
ef

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