Naquela manhã de Santo António a Maria Esperança acordou meia tristonha.
Estava assim a modos que desalentada.
Pensou:
"Hoje acordei virada do avesso"
Não tinha preocupações de maior, os filhos estavam criados, e graças a Deus
tinham a sua vida organizada.
A sua reforma não era grande mas tinha-se reformado, ainda, a tempo.
Lembrou-se que era dia de Santo António e que a sua rua ia ficar virada do avesso,
também.
Sorriu, e lembrou-se da agitação de anteriores noites de Santo António, lembrou-se
do seu marido e pensou que o tempo não apaga a dor. Há dias melhores e dias em que
a saudade aperta mais.
Bom pensou ela:
- Vou ligar à minha filha a ver se ela quer cá vir jantar e depois vamos a duas dar
uma volta pelo bairro.
Se bem o pensou melhor o fez.
Mas se já não estava bem pior ficou, a sua Ana já tinha programa combinado.
Disse-lhe que não dava mas para ela ficar descansada que no domingo iria lá jantar.
Não lhe levou a mal mas não lhe apetecia nada passar a noite de Santo António, mais uma vez sózinha, à janela a ver os jovens a passar.
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