sábado, 21 de agosto de 2010

Roupa de domingo....

Um dia destes estava a trabalhar com a televisão ligada e ouvi este desabafo de uma desempregada:

" Não tinha filhos, ganhava acima da média, pensava que tinha um emprego para sempre e agora, dependo da minha mãe.... não compro roupa, a que tinha fui-a usando e tenho uma melhor, de parte, para ir às entrevistas de emprego, é como se fosse a roupa de domingo."

Parei de trabalhar ouvi o programa até ao fim e pensei que há muito tempo não ouvia essa expressão. Expressão que se usava, e muito, na minha infância.

Os da minha geração, os que nasceram nos anos cinquenta lembram-se que usávamos bata na escola, desde a primária até ao fim do liceu, e que não tinhamos luxos nenhuns.

Compravam-nos um par de sapatos no inico do inverno e outro no verão e quando havia dinheiro tínhamos direito a roupa nova. Ninguém se chateava de herdar roupa dos irmãos mais velhos...e tínhamos uma roupa melhor para os domingos.

Contavam-se pelos dedos da mão os que continuavam a estudar após a quarta classe e o destino estava traçado.

Os que continuavam a estudar, mas sem muitas posses iam para as escolas técnicas, para terem uma ferramenta para começarem a trabalhar mal acabassem o curso comercial/industrial, com qauinze/ dezasseis anos, os com dinheiro iam para o liceu.

Os pais diziam que se quisessemos estudar mais já era connosco!!!

As opções para distracções eram poucas e o tempo para estudar, aqueles que de nós podiam, era muito.

Lia-se muito, eu e as minhas irmãs, pelo menos, não porque os nossos pais tivessem dinheiro para comprar livros mas porque existia a biblioteca de turma e ouvia-se muita "telefonia" e conversava-se muito mais do que se conversa hoje.

Ia-se de longe em longe à matiné ver um filme e era um acontecimento ir ao cinema.

Não, não estou saudosista, estou indignada>/revoltada porque acabei de ouvir, na televisão, o discurso do Snr Primeiro Ministro e segundo ele estamos na maior. O desemprego já era está a baixar tanto que qualquer dia é negativo!!!!!!

Não há pior cego do que o que não quer ver.

Não há ninguém que não tenha alguém de família desempregado e parece que ter emprego no nosso País é uma questão de sorte e não um direito.

Voltámos aos tempos em que a competência de nada vale sem conhecimentos..........e estamos na maior!!!!!!

Abraços
Ana






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