quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

As palavras

Meu caro amigo Xaviota,

Permita-me que o trate assim. Não percebo a sua indignação, senão gosta de poesia paciência. Tem bom remédio não a leia.

É evidente que a poesia não lhe paga a renda da casa nem o IRS em atraso, mas os poetas não são menos cidadãos que os outros senão atente neste texto de um poeta:

"Coimbra 16 de Maio de 1993 - Continua o tráfego de consciências na feira política nacional. Compram-se e vendem-se convicções por todos os preços. Os jornais denunciam, o povo comenta, mas no dia seguinte chega a notícia de nova transacção.
Depois de quase meio século de ditadura, o país, mal refeito do pesadelo passado, agoniza sobre nova opressão, ainda mais tenebrosa. A arbitrariedade e a perversão policial de outrora deram lugar ao terrorismo de Estado........"

Miguel Torga - Diário VXI


-Meu caro amigo já reparou na actualidade deste texto escrito por um poeta?

E antes que me "desanque" por causa de eu só citar Miguel Torga, senão sabe fica a saber que sou transmontana e neta de transmontanos e minhotos..... e que a culpa da minha actual "dependência" de Miguel Torga é de uma certa Mesa 6, que por causa da poesia me fez querer voltar a ler, ou melhor reler, Miguel Torga.

Se me permite dou-lhe um conselho se não gosta de poesia, não leia poesia, mas leia, leia prosa , vai ver que se sente outro.

Par terminar, o seu amigo não o enganou, este grupo é mesmo especial. Hoje tive uma grande alegria, à hora de almoço, encontrei o Luís, claro que não sabe quem é o Luís, olhe, resumindo, é outro dos poetas do grupo, que por acaso mora em Castelo Branco, que alegria reencontrá-lo em Lisboa e que bem que me soube aquele abraço.

Vá anime-se a vida não é só chatices...

Um abraço
Ana Fernandes

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