terça-feira, 4 de maio de 2010

Um olhar ..... vazio

Viva

Tenho andado preocupada porque o Latinhas desapareceu. Deixou de estar no sitio habitual a fazer e a comercializar as suas peças feitas com latas de diversas embalagens.

Últimamente, tinha um ar mais triste, deixei de o ver com o cachorro e pensei que lho tinham tirado. O cachorro apareceu e entretanto desapareceram os dois.

Será que conseguiu a tão falada documentação, cartão de cidadão e foi para fora?

Depois de me ter oferecido a flor nunca mais me pediu dinheiro olhava para mim e não dizia nada.

Espero que não lhe tenha acontecido nenhum mal.


Vem isto a propósito de uma cena que hoje presenciei:

- Na rua Ivens há uns arrumadores/sem abrigo ou sem abrigo/arrumadores, logo no inicio da rua, na zona que está em obras, hoje reparei que um deles estava sentado,na beira do passeio, com meio cigarro e um isqueiro nas mãos, e que não parava de os mexer de uma mão para a outra, com um olhar completamente, sem esperança, vazio. Não não estava drogado estava simplesmente triste, movimentava as mãos mas o olhar não estava lá.

Tinha um olhar desesperançado como aqueles que os doentes terminais têm.

Não sei se me entendem,se compreendem como a situação destas pessoas me dói.

Vejo-os dia após dia no mesmo sitio.

Enquanto trabalhei no Alentejo, apenas vi, uma única vez, um sem abrigo na cidade de Beja.

Agora em Lisboa, pricipalmente na Baixa, vejo muitos e não consigo ficar indiferente, à tristeza, à miséria das suas vidas.

Há um ou uma, ainda não consegui saber, que dorme à porta de um teatro na zona do Chiado.

Tem uma particularidade, está completamente tapado/a, com um velho cobertor, e tem sempre os chinelos e as meias arrumadas aos pés da cama!!!!

Se eu por lá passar às 8 da manhã lá está ele ou ela a dormir. Deve dormir até por volta das dez da manhã, porque a essa hora já lá não está.

Agora que o tempo melhorou já não dorme à porta do teatro, local mais abrigado, mas debaixo de uma escadas de ferro ao lado da porta do teatro.

Será que correram com ele/a da porta?

Qual terá sido a história de vida destas pessoas? Como é que se tornaram sem abrigos.

Não estou à espera que me respondam, mas uma coisa tenho a certeza não é certamente uma opção de vida voluntária e consciente.

Um abraço
Ana

1 comentário:

efernandes disse...

Não será certamente Ana!
O País está pobre, os pobres mais pobres mas outros nem por isso. Em Beja a miséria, se houver, dá mais nas vistas.
Quel o futuro da nossa sociedade?

Passeio BTT Aboboreiras