Viva
Tenho andado preocupada porque o Latinhas desapareceu. Deixou de estar no sitio habitual a fazer e a comercializar as suas peças feitas com latas de diversas embalagens.
Últimamente, tinha um ar mais triste, deixei de o ver com o cachorro e pensei que lho tinham tirado. O cachorro apareceu e entretanto desapareceram os dois.
Será que conseguiu a tão falada documentação, cartão de cidadão e foi para fora?
Depois de me ter oferecido a flor nunca mais me pediu dinheiro olhava para mim e não dizia nada.
Espero que não lhe tenha acontecido nenhum mal.
Vem isto a propósito de uma cena que hoje presenciei:
- Na rua Ivens há uns arrumadores/sem abrigo ou sem abrigo/arrumadores, logo no inicio da rua, na zona que está em obras, hoje reparei que um deles estava sentado,na beira do passeio, com meio cigarro e um isqueiro nas mãos, e que não parava de os mexer de uma mão para a outra, com um olhar completamente, sem esperança, vazio. Não não estava drogado estava simplesmente triste, movimentava as mãos mas o olhar não estava lá.
Tinha um olhar desesperançado como aqueles que os doentes terminais têm.
Não sei se me entendem,se compreendem como a situação destas pessoas me dói.
Vejo-os dia após dia no mesmo sitio.
Enquanto trabalhei no Alentejo, apenas vi, uma única vez, um sem abrigo na cidade de Beja.
Agora em Lisboa, pricipalmente na Baixa, vejo muitos e não consigo ficar indiferente, à tristeza, à miséria das suas vidas.
Há um ou uma, ainda não consegui saber, que dorme à porta de um teatro na zona do Chiado.
Tem uma particularidade, está completamente tapado/a, com um velho cobertor, e tem sempre os chinelos e as meias arrumadas aos pés da cama!!!!
Se eu por lá passar às 8 da manhã lá está ele ou ela a dormir. Deve dormir até por volta das dez da manhã, porque a essa hora já lá não está.
Agora que o tempo melhorou já não dorme à porta do teatro, local mais abrigado, mas debaixo de uma escadas de ferro ao lado da porta do teatro.
Será que correram com ele/a da porta?
Qual terá sido a história de vida destas pessoas? Como é que se tornaram sem abrigos.
Não estou à espera que me respondam, mas uma coisa tenho a certeza não é certamente uma opção de vida voluntária e consciente.
Um abraço
Ana
1 comentário:
Não será certamente Ana!
O País está pobre, os pobres mais pobres mas outros nem por isso. Em Beja a miséria, se houver, dá mais nas vistas.
Quel o futuro da nossa sociedade?
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