domingo, 25 de julho de 2010

Confidencial

CONFIDENCIAL

Não me perguntes, porque nada sei
Da vida,
Nem do amor,
Nem de Deus,
Nem da morte.
Vivo,
Amo,
Acredito sem crer,
E morro, antecipadamente
Ressuscitado,
O resto são palavras
Que decorei
De tanto as ouvir,
E a palavra
É o orgulho do silêncio envergonhado.
Num tempo de ponteiros, agendado,
Sem nada perguntar,
Vê, sem tempo, o que vês
Acontecer
E na minha mudez
Aprende a adivinhar
O que de mim não possas entender.

Miguel Torga - Diário

Abraços
Ana

PS - Parabéns Virgilio para ti especialmente um abraço do tamanho do mundo.

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