A Eva sentia-se muito mas mesmo muito cansada. O mês de Janeiro tinha sido terrível em termos de trabalho e o de Fevereiro ainda se avizinhava pior. Pensava em tudo isto quando às oito e meia da noite se dirigia para a estação do Rossio para apanhar o comboio para casa .
Estava tão cansada que nem lhe apetecia olhar para as montras e nem se apercebia do que a rodeava. Sentia-se alheada apenas com uma ideia determinada: chegar o mais depressa possível a casa e ir dormir.
Tomou o caminho habitual e mais uma vez pensou que rara era a vez que passava por aquele local que não pensasse na Mª José e no seu cãozinho. Há já algum tempo que não a via, nem mesmo no local onde costumava dormir. Como estariam?
Olhou e ao longe pareceu-lhe ver um sem abrigo no sítio da “casa “ da Mª José. Quando se aproximou viu que afinal a Mª José tinha um ou uma vizinha e não pôde deixar de se enternecer com a cena que viu.
A Mª José já tinha a sua cama feita, o saco cama até tinha dobra, como se faz quando se abre a cama em nossa casa, e, estava de joelhos, de costas voltadas para os transeuntes a dar biscoitos ao seu cãozinho que estava deitado com uma mantinha por cima.
Na montra ao lado estava outro, ou outra sem abrigo já a dormir completamente tapado/a.
A Eva sentiu vontade de perguntar à Mª José como ia, mas conteve-se. A oportunidade havia de chegar. A Eva já tinha reparado que a Mª José tinha os seus momentos e que gostava de ser ela a provocar a aproximação e que não gostava que as outras pessoas interferissem na sua vida.
A Eva antes de se afastar olhou, mais uma vez, e reparou que ao lado do saco com comida estava uma chávena com café ….. solidariedade …… quem sabe?
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Um abraço
Ana
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