“” ...........................................................................
O movimento surpreendeu toda a gente. Surpreendeu os seus organizadores, que não contavam com tão pronta e ampla aceitação das palavras dadas. E surpreendeu as autoridades, que não haviam acreditado nos boatos de greve chegados de todo o lado através da rede de informadores. Se, a partir de 17 para 18, haviam ido prender Gaspar a sua própria casa, não fora tanto por receio da greve, como para pôr fim a tais boatos, que várias informações atribuíam a Gaspar.
Depois, no dia 18, aqueles mesmos que na véspera desdenhavam da possibilidade duma greve, julgaram tratar-se do prólogo duma insurreição. Daí os apelos ao governo das autoridades locais apavoradas e as impressionantes forças enviadas para a região.
Querendo punir exemplarmente todos os que participaram no movimento, os fascistas prenderam milhares de pessoas na tarde do dia 18. Prenderam a eito, sem fazerem seleção, como um monstro furiosos dando sapatadas no escuro.
Homens, mulheres e crianças, operários e camponeses, artesãos e comerciantes, todos quantos foram encontrados nos locais das manifestações, foram cercados, fechados em círculos de espingardas e metralhadoras e assim mantidos, enquanto um vaivém de camiões os ia levando para a capital. Na maior manifestação, aquela em que Paulo fora arrastado, a tropa, depois de cercar os manifestantes de depois de alguns recontros com tiros espadeiradas, fê-los entrar na arena da praça de touros e daí os acartou durante a noite e na manhã do dia seguinte.
................................................................................
Uma semana depois do movimento, apareciam em toda a região novos manifestos, em várias fabricas Comissões pediam à gerência para transmitir às autoridades a reclamação dos trabalhadores de que fossem libertados os seus companheiros presos e o mesmo era feito em vilas e aldeias junto das autoridades locais.
.................................................................................
No dia 19, apresentaram-se ao trabalho quantos estavam em liberdade, mas, em muitos casos, quer em fábricas e oficinas quer nos campos, a faina foi reduzida, dado o elevado número de presos.
................................................................................
Ainda no mês de Maio, tanto nos campos como nas fábricas e oficinas registaram-se apreciáveis aumentos de salários e por todas as terras da região apareceram géneros que há muito faltavam. Em todos os casos, era dito que tais medidas só eram possíveis com ordem nas ruas e com espírito de cooperação entre as classes e entre o povo e o governo e que, a verificarem-se mais perturbações como a do 18 de Maio, não poderiam ter lugar ou manter-se as melhorias. Os trabalhadores e a população em geral sorriam dessas razões, pois estava à vista que só em virtude do 18 de Maio tais concessões haviam sido alcançadas.””
“Até Amanhã Camaradas Manuel Tiago – Edições Avante”
................................................................................
Um abraço do tamanho do mundo
Ana
2 comentários:
Que pena eu tenho deste espaço estar tão vazio!
Tantos lugares superpreenchidos e aqui apenas duas pessoas...
Porquê, Porquê???
Boa tarde Egídio
Vazio? Já viste o nº de visitas?
Estás-te a referir aos nossos companheiros de curso?
Por onde andarão?
Um abraço
Ana
Enviar um comentário