Na terça -feira enquanto se dirigia para o seu local de trabalho, a Eva pensava se iria encontrar a Mª José a dormir ao relento no mesmo local.
Estava muito frio e tinha começado a chover. Tomou o caminho habitual e lá estava a Eva a dormir no mesmo sitio, pareceu-lhe que profundamente. Tinha um edredão por debaixo do saco cama e um cobertor grosso por cima.
De onde teria vindo o cobertor? Certamente de alguma associação daquelas que calcorreiam meia Lisboa, de noite, para ajudar os sem-abrigo.
Estrategicamente tinha mudado a posição da “cama” para um sítio mais abrigado
Voltou a olhar e viu um focinhito a espreitar por debaixo do cobertor era o cãozinho. Afinal ainda estava com a Mª José.
Como é que se consegue dormir com este frio? Perguntou a Eva a si própria.
Na quinta -feira a Eva teve, ainda de ir mais cedo e não resistiu a ir pelo mesmo caminho para ver como estava a Mª José .
Não, não, era bisbilhotice, era preocupação por um ser humano com quem se tinha cruzado e que sem conhecer a Eva de lado nenhum se tinha aberto em confidências sobre o seu passado. Dizia, muitas vezes, que o seu maior sonho era sair da rua e voltar a ter uma casa.
Surpresa!!!! a Mª José estava de pé, bem acordada em amena cavaqueira com um homem também com ar de sem abrigo.
Tal como fazia, ultimamente, olhou para a Eva e fingiu não a ver.
Seria por não ser ali o local onde habitualmente pedia? Seria que ali, naquele sitio onde tinha a “sua casa” não queria conversas?
A Eva nem pensou em abordá-la, seria indelicadeza ir interromper a conversa. E para mais com que direito?
Voltou a olhar e o cãozinho, estava a dormir todo refastelado.
Mais à frente viu uma idosa a arrastar uma mala e um saco. Mais uma sem abrigo a deixar livre o seu poiso, a sua casa , a sua porta de loja!!!!!!
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Um abraço
Ana
1 comentário:
Parabéns Ana pela tua presença, SEMPRE!
Beijinho
ef
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