sábado, 17 de setembro de 2011

" O direiro à diferença"- Resposta a um amigo



Já ontem, achava eu, te tinha respondido, mas a mensagem deve ter–se perdido pelo caminho.

A primeira vez que vi um casal de homossexuais a beijarem-se foi num aeroporto, em Berlim, há muitos, muitos anos, o que achei estranho não foi o gesto deles foi sim a indiferença das pessoas, se fosse em Portugal não faltariam murmúrios.... e olhares de esguelha…..

Compreendo a tua posição e o incómodo que sentes, mas os homossexuais são tão seres humanos como todos nós. Não há seres humanos de 1ª e de 2ª.

O que me choca, às vezes, é ver casais, de heterossexuais, sem a noção do que é a via pública, tão entusiasmados que estão que acabam por perder o respeito por si próprios ao exporem toda a sua intimidade.

Lembras-te que antes do 25 de Abril quase que não se podia andar de mão dada na rua!!!!

O que estava em causa no episódio que relatei é a liberdade de um cidadão de assumir as suas opções, sejam elas quais forem, sem ser ameaçado.

A minha consciência de cidadã e de mãe, não me ia permitir pactuar com a indiferença geral face às agressões verbais, de que aquele jovem foi vitima e, às agressões físicas que, segundo os “justiceiros”se lhe iriam seguir.

A surdez emocional está a tomar cada vez mais conta do nosso País, a tendência geral é olhar, ouvir, para dentro…….tudo o que nos ponha em risco, seja ele qual for, a opção , generalizada, é olhar para dentro, é como no velho ditado português, que eu detesto

- “Ser cego, mudo e surdo”

A continuarmos assim não vamos chegar a lado nenhum.

A minha esperança é:

Esperança

Canto.
Mas o meu canto é triste.
Não sou capaz de nenhum outro, agora.
Em cada verso chora
Uma ilusão,
Tolhida na amplidão
Que lhe sonhei…
Felizmente que sei
Cantar sem pressa.
Que sei recomeçar…
Que sei que há uma promessa.
No acto de cantar…
- Miguel Torga – Antologia Poética”


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Um abraço do tamanho do mundo

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