Cada vez que os via lembrava-se dos irmãos Metralha dos livros do Tio Patinha.
Referia-se às equipas de controlo, de bilhetes/passes, que a CP tinha em algumas estações.
Não sabia se seria pela cor do vestuário, mas lembrava-se, sempre, que os via, dos irmãos Metralha.
Na sua estação, apareciam periodicamente e acompanhados, sempre, por uns seguranças com um aspecto pouco amigável e algo desajustado à situação.
Não é que alguma vez a tivessem tratado menos bem, mas só o facto de vedarem, de uma forma ostensiva, o acesso aos cais de embarque era incomodativo.
Colocavam-se, não sabia se estrategicamente, lado a lado, de forma a não permitirem a passagem a ninguém, sem antes lhe mostrarem os títulos de transporte nome pomposo para os passes.
Por vezes no comboio também aparecia o revisor e na estação do Rossio lá estavam as “máquinas” de controlo vigiadas por seguranças, pelas quais era obrigatório passar o título de transporte.
- “As receitas de bilheteira na CP andam bem controladas”. Pensava ela quando os via.
Mas naquele dia a coisa tinha-se descontrolado.
Na estação de Campolide entrou uma dessas equipas, acompanhada pela escolta dos seguranças e entre os membros estava uma mulher. Devia ser para respeitar as quotas, uma mulher numa equipa maioritariamente masculina cai bem……
Quando os viu entrar pensou que era aparato a mais. Mas mostrou o seu passe e continuou entretida a ler.
Nisto ouviu uma voz feminina dizer, alto e bom som:
- A senhora não sabe que tem que validar o seu título de transporte?
- A tal senhora respondeu-lhe:
- Se não sabe o que anda a fazer aprenda, eu não tenho de validar nada, só tenho de lhe mostrar o passe quando mo pede.
Aí parou de ler.
E é claro que um dos tais seguranças já se tinha aproximado e tinha-se colocado ao lado da fiscal, que entretanto continuava a argumentar com a passageira sobre as suas obrigações.
A passageira que não tinha gostado de se sentir ameaçada resolveu continuar a discussão e perguntar, para a geral, se a CP não teria mais nada em que gastar o dinheiro se era preciso aquilo tudo para controlar os passes.
A situação era incomodativa porque entretanto os ditos fiscais começaram a agrupar-se na sua carruagem e juntos eram muitos.
Lembrou-se, então, da cena a que tinha assistido numa estação de metro, de Londres, na semana anterior.
Face ao congestionamento, nas bilheteiras, o funcionário da estação dirigiu-se aos passageiros que estavam na fila dizendo-lhes para embarcarem que pagariam o bilhete na estação do destino!
Ao comparar as atitudes pensou para consigo como as mesmas funções podem ser exercidas de uma forma tão diferente e, lembrou-se de uma frase que tinha lido há muito tempo:
- “A autoridade quando mal exercida retira toda e qualquer dignidade a quem a pratica.”
1 comentário:
Olá Ana, boa noite...Sempre interventiva e sempre uma boa amiga.
Beijinhos
ef
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