Pagina oficial de Um Grupo Excepcional de Aprendentes e Formadores que têm em comum a AMIZADE e a SOLIDARIEDADE
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
DECLARAÇÃO
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
2011......
Canta, poeta, canta!
Violenta o silêncio conformado.
Cega com outra luz a luz do dia.
Desassossega o mundo sossegado.
Ensina a cada alma a sua rebeldia.
"Miguel Torga"
Um ano de 2011 com tudo de bom e.....
......................................Um abraço do maior que o mundo.
Ana
BOM ANO NOVO
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
Natal
Um anjo dialéctico, actual,
Ergueu a mão e disse: - É noite de Natal,
Paz à imaginação!
E todo o ritual
Que antecede o milagre habitual
Perdeu a exaltação.
Em vez de excelsos hinos de confiança
No mistério divino,
E de mirra, e de incenso e oiro
Derramados
No presépio vazio,
Duas perguntas, regeladas
Como a neve que cai,
E breves como o vento
Que entra por uma fresta, quelizento,
Redemoinha e sai:
À volta da lareira
Quantas almas se aquecem
Fraternamente?
Quantas desejam que o Menino venha
Ouvir humanamente
O lancinante crepitar da lenha?
Miguel Torga
____________________________"____________________________"______________________
Feliz Natal e um abraço, cheio de saudades, do tamanho do mundo.
Ana
É NATAL
Que os Homens não esperem por esta quadra para sentirem o Natal.
HISTÓRIA ANTIGA
Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto: Uma cara de burro sem cabresto E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via Que naquela figura não havia Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia, O malvado, Só por ter o poder de quem é rei Por não ter coração, Sem mais nem menos, Mandou matar quantos eram pequenos Nas cidades e aldeias da Nação.
Mas, Por acaso ou milagre, aconteceu Que, num burrinho pela areia fora, Fugiu Daquelas mãos de sangue um pequenito Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou Esse palmo de sonho Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus; E meter no inferno o tal das tranças,S ó porque ele não gostava de crianças.
Miguel Torga
UM FELIZ NATAL CHEIO DE AMIZADE, PAZ E ALEGRIA.
Jaime Matos
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Histórias de Vida - Sentimentos
Tinha sido isto que lhe dissera a sua filha mais velha quando a tinha visto com lágrimas nos olhos, por causa da coroa de flores que estava depositada a meia dúzia de metros da porta da sua casa.
No inicio dessa semana tinha havido na sua rua, habitualmente pacata, uma perseguição policial a uns alegados traficantes de droga.
A Eva estava no seu quarto quando ouviu o que lhe pareceu o barulho de tiros e de choques de carros. Já era habitual, no tempo de chuva, na rotunda frente ao seu prédio, alguns carros despistarem-se e irem bater nos que estavam estacionados.
Correu para a sala abriu a janela e deparou-se com uma cena de filme, uma série de carros de pantanas, um grande aparato policial um carro virado em sentido contrário, carros civis a pararem e deles a saírem, homens à civil, a sacarem de armas.
O marido e uma das suas filhas saíram para a rua, mas a Eva limitou-se a ficar a observar da janela.
A filha veio dizer-lhe que era, ou tinha sido uma perseguição policial, que os alegados traficantes estavam algemados a sangrar, deitados no chão e que a polícia já dominava a situação e que afinal os civis armados eram afinal polícias.
Entretanto chegaram três ambulâncias e a preocupação da Eva era porque é que os jovens continuavam no chão, algemados, a sangrar.
A Eva não tinha estômago para ver cenas daquelas sem dizer nada, por isso fechou a janela.
Quando o marido voltou disse-lhe que os jovens já tinham sido levados do local.
No outro dia alguém comentou que o mais novo (18 anos) estava em prisão domiciliária e que o outro de 25 anos estava em prisão preventiva.
No chão onde o mais novo tinha estado algemado as marcas de sangue continuavam visíveis.
A Eva ficou em estado de choque quando reparou que nesse local, passados dois dias, estava uma coroa de flores.
Afinal o mais novo dos alegados traficantes tinha morrido.
Os comentários, nos locais públicos, eram de todo o tipo. Que não se tinha perdido nada, que a coroa era para provocar a polícia etc., etc.
A Eva não conhecia os pormenores do que tinha acontecido mas não podia deixar de pensar que algures, uma mãe chorava por um filho adolescente que tinha morrido antes de tempo, e que nenhum mãe ou pai, por muito bem que eduque os filhos está livre de desgostos.
A coroa entretanto foi retirada mas a Eva continua a pensar, cada vez que passa pelo local, que na sua rua, muito perto da sua casa, um jovem morreu antes de tempo.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Boas Festas

Um muçulmano durante o período do Ramadão senta-se junto a um alentejano no voo Lisboa - Funchal. Quando o avião descola começam a servir as bebidas aos passageiros.
O alentejano pede um tinto de Borba. A hospedeira pergunta ao muçulmano se quer beber alguma coisa. Responde o muçulmano com ar ofendido:
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
PARA TODOS
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
FELIZ NATAL...
http://www.youtube.com/watch?v=tgtnNc1Zplc
FELIZ NATAL : )
Beijos e abraços dentro das necessidades...
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Ídolos - Cromos da Política
Quem terá perdido tempo a fazer isto?
* GENIAL*
1 Abraço dos grandes
ef
domingo, 12 de dezembro de 2010
Histórias de Vida - Sensações....
Tinha sido assim o dia todo e agora às sete e tal quando se dirigia para a porta do escritório pensou com os seus botões:
- “De certeza que vou ter de cá voltar”
E não é que quando já vinha a descer a rua do Carmo o telefone tocou e lá teve ela de voltar para retirar um cheque do cofre que tinha de ser entregue naquele dia.
Apanhou o comboio mais tarde e como fazia ultimamente escolheu o lugar !!!!
Ao seu lado ia uma senhora a ler e nem quando a Eva pediu licença para se sentar lhe concedeu um simples olhar!
- “Cada um virado mais para dentro que o outro ” - pensou a Eva.
Duas filas à frente reparou numa jovem de cabelo vermelho que se assoava. A senhora da fila ao lado olhou para a Eva e fez um encolher de ombros. A Eva voltou a olhar para a jovem ruiva e reparou que as lágrimas lhe caíam silenciosamente pela cara e que discretamente as enxugava com a mão.
A Eva já tinha estado na mesma situação a chorar num lugar público sem se conseguir conter. A sua vontade foi mudar de lugar, ir sentar-se junto da jovem e perguntar-lhe se podia ajudar mas conteve-se e pensou que se a situação piorasse iria lá oferecer-lhe ajuda.
Foi desviada do problema da jovem por uma serie de vozes femininas que falavam em português do Brasil, mas muito alto. A Eva não tinha nada contra ninguém mas porque raio é que algumas, muitas, brasileiras tinham, sempre de falar tão alto. Era como que dissessem chegámos, vimos e vencemos.
Se lhe perguntassem, a Eva sem olhar era capaz de descrever a maneira como estavam vestidas. Enfim, cada um sobrevive como pode.
E a jovem ruiva continuava a chorar e a mandar mensagens pelo telemóvel.
Na estação seguinte entrou um homem na casa dos trinta anos com uma mala de viagem de um tal tamanho que a Eva deu consigo a sorrir e a pensar que não era ele que trazia a mala mas sim o contrário. Reparou que a mala não estava devidamente fechada e pensou:
- “ Será que saiu de casa à pressa. Que foi uma daquelas separações de que agora tanto se fala por causa de alguma brasileira?” – Será?
Estava quase a chegar à sua estação e a Eva reparou que o homem na casa dos trinta também ia sair.
Olhou uma vez mais para a jovem ruiva e achou-a mais calma.
O homem passou pela Eva arrastando a mala e dirigiu-se para a outra porta mais distante.
A Eva sorriu e pensou:
- “ Vou deixar-me ficar para trás para ver se está alguém à sua espera”.
Na plataforma estava uma mulher com uma saia mais curta do que o habitual com ar de quem estava à espera.
- “Deve ser brasileira pensou a Eva”.
A Eva abrandou o passo, olhou para trás e viu o tal homem beijar a tal mulher.
Abrandou, ainda, mais o passo de forma a deixá-los passar por ela e não é que a mulher falava português do Brasil !!!!
Os beijos que deram até saírem da estação foram mais que muitos.
-“Que sejam felizes” pensou a Eva enquanto passava por eles.
Convivio

Nesse mesmo dia em que o Tornado passou por Tomar, disse para comogo, "espero que o Virgìlio esteja bem".
A preocupação ficou, mas infelizmente e por culpa do raio da vida, só hoje quando vi o blog é que vi que falhei, devia ter telefonado.
Amigo Virgílio, DESCULPA.
Espero que tenha recuperado não só do susto, mas acima de tudo a tua casa. Sei que provavelmente já é tarde mas se precisares de alguma ajuda, diz.Abraço, Jaime
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
OBRIGADO ANA!!!
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
JÁ ABRI
domingo, 5 de dezembro de 2010
"Os meus poetas" - Eugénio de Andrade
Os amigos amei
despido de ternura
fatigada;
uns iam, outros vinham,
a nenhum perguntava
porque partia,
porque ficava;
era pouco o que tinha,
pouco o que dava,
mas também só queria
partilhar
a sede de alegria —
por mais amarga.
"Eugénio de Andrade"
sábado, 4 de dezembro de 2010
COM DESCULPAS... E TUDO!
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
"Os meus poetas".....Outono
Outono.
(A palavra é cansada...)
Tudo a cair de sono,
Como se a vida fosse assim, parada!
Nem o verde inquieto de uma folha!
O próprio sol, sem força e sem altura,
Olha
Dum céu sem luz e levedura.
Fria,
A cor sem nome duma vinha morta
Vem carregada de melancolia
Bater-me à porta.
Miguel Torga - Poesia Completa
sábado, 27 de novembro de 2010
"Os meus poetas"...... Liberdade
- Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te humildemente,
O pão de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.
- Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.
Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
- Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome
" MIguel Torga - Poesia Completa"
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
ESTA GENTE
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco
Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis
Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre
Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome
E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada
Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo
Sophia de Mello Breyner Andresen
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Pensamentos do dia
O que eu queria dizer era:
Janeiro de 1974
Abraços
Ana
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Pensamento do dia
Tenho tentado fazer disso um lema, mas está a tornar-se dificil.
Em Janeiro de 2004, em pleno regime facista a empresa onde eu trabalhava, fez greve durante três dias.O espirito de luta e de coesão era tal que a "parada" estava cheia de operários de administrativos, enfim, com todos os trabalhadores.
Hoje, em pelo regime "democratico", em vesperas de se fazer uma greve geral o meu entusiasmo é praticamente nulo.
Perguntarão porquê?
E eu respondo com perguntas:
- Quantos jovens irão fazer greve? Quantos trabalhadores?
- Será que não vão ser só os trabalhadores de cinquenta e tal anos que vão ter coragem ?
Vem isto a propósito de alguns comentários que ouvi hoje e que se resumem num deles:
" A Malta tem medo"!!!!!!!
Um abraço
Ana
Pensamento do Dia
Quantos de nós por vezes não nos levantamos com um pensamento que nos acompanha ao longo do dia.
Hoje deixo um pensamento que nos deve permitir pensar e talvez sorrir...
Abraços e beijos dentro das necessidades,
Jaime Matos
domingo, 21 de novembro de 2010
MISSÃO
Havia sentinelas a guardar
A fronteira do sonho proibido.
Mas ergui, atrevido,
A voz de sonhador,
E passei
Como um rei,
Sem dar mostras do íntimo terror.
E cá vou, a passar,
Aterrado e sozinho,
A lembrar
O santo-e-senha com que abri caminho....
"Miguel Torga - Diário"
- Para o Jaime e para o Luis e para todos aqueles que embora lidando com a morte todos os dias, continuam a acreditar na vida...
Um abraço do tamnho do mundo
Ana
Mais uma vez estou a trabalhar, fechado junto dos doentes.
Lá fora frio , muito e alguma chuva, pouca.
As visitas estão para entrar, e já estou a imaginar os pais de uma senhora de 40 anos que está an lutar com vida, a chorarem e a pensar que depois de tanto sofrimento, estarão na eminência de ver partir a filha.
No outro dia em desabafo dizia entre os lábios com as lágrimas a correr "..não sei se terei forças para cuidar dos meus netos...".
Fiquei pensativo, porque também tenho filhos e gostaria de ter netos (ainda longe...), pois a vida realmente resume-se a nada. Há que vivê-la no dia-a-dia, com humildade e com a noção que poderá não haver o amanhã.
Tento sempre estar "up", e no outro dia a ler algo, vi este poema que realmente ilustra este sentimento que sinto quando olho para oa pais da doente.
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.(…)
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordámos e ele é opaco,
Levantámo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.(…)
Come chocolates, pequena; Come chocolates! Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Fernando Pessoa
Abraços e beijos dentro das necessidades,
Jaime Matos
SILVO
Ouvi o apelo, e sigo nestes versos
Ao vosso encontro.
A noite é um largo leito de renúncias
Adormecidas,
Mas nós não temos sono
E abrasa-nos a fé na madrugada.
Vamos! Vamos, fraternos,
Paralelos nos trilhos do destino,
Dizer bom dia ao sol, o deus menino,
Eternamente loiro e renascido
No presépio dos mundos apagados.
Saudar a esperança é o prémio concedido
Aos acordados!
"Miguel Torga - Diario"
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
REPENSAR AS LUTAS
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Um destes dias ouvi um dirigente sindical afirmar em público que tínhamos que acabar com o amorfismo em que os portugueses estão.
Há muito tempo que não ouvia empregar este termo e tive dúvidas se o estava a entender bem. Pensando melhor penso que o que quereria dizer é que os Portugueses precisam de reagir de partir para a luta de não se acomodarem….
Não sei se os Portugueses estão a sofrer de amorfia mas tenho a certeza que a uma boa parte deles o que os impede de falar é o MEDO, MEDO de perderem o emprego, MEDO de serem agredidos. MEDO !!!!! MEDO !!!!! De tudo.
Vem isto a propósito de uma cena a que assisti nos Armazéns do Chiado na cafetaria dum espaço que vende livros, música….
Estava eu sentada a uma mesa, a comer, quando vejo uma jovem com uma chávena de chá numa mão e um prato com um bolo na outra dirigir-se para uma mesa que estava vazia. Volto a olhar e vejo-a a voltar para trás a abanar a cabeça, com um ar indignado.
Moral da história, estava um grupo na fila para pagar os cafés e um dos membros saiu da fila para ir “marcar” a mesa e a jovem que estava à frente ficou sem lugar.
Ofereci-lhe lugar na minha mesa, que aceitou, e fiquei com vontade de a questionar porque é que não tinha dito nada, mas não o fiz. Certamente o que a travou a ela foi o medo de uma discussão em público. O que me travou a mim foi o pudor, não a quis incomodar mais do que já estava.
Será que já não vale a pena reagir? Que já estamos tão esgotados? Que já nos consideramos derrotados?
Quem responde ????
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Sementeira
Foi a mão como um ralo a semear
Que me disse que sim, que acreditasse;
Que a vida era um poema a germinar,
E portanto cantasse
Miguel Torga -Poesia Completa I
domingo, 14 de novembro de 2010
Esta Gente / Essa gente
O que é preciso é gente
gente com dente
gente que tenha dente
que mostre o dente
Gente que não seja decente
nem docente
nem docemente
nem delicodocemente
Gente com mente
com sã mente
que sinta que não mente
que sinta o dente são e a mente
Gente que enterre o dente
que fira de unha e dente
e mostre o dente potente
ao prepotente
O que é preciso é gente
que atire fora com essa gente
Essa gente dominada por essa gente
não sente como a gente
não quer
ser dominada por gente
NENHUMA!
A gente
só é dominada por essa gente
quando não sabe que é gente
Ana Hatherly, "Um Calculador de Improbabilidades"
Uma boa semana e .... um abraço do tamanho do mundo
Ana
MORREU O HOMEM DO MOUCHÃO
Na Noite...
Aqui estou eu no meu trabalho a fazer mais uma noite....
Aqui dentro o ambiente é pesado. Uma pessoa nova, mal e outros um pouco mais velhos acabados, mas quente.
A vida é isto mesmo, um crescendo, queremos que sempre bem, mas às vezes, nem por isso.
Lá fora frio, chuva e vento.
Parece que chegou o Inverno.
Penso naqueles que por infortúnio da vida ou por outros azares estarão ao relento, sem a possibilidade se se aquecerem física, social ou até mentalmente.
Já nem direi que mais uma vez será NAtal, esse tempo que, blá, blá, blá, blá.
Tenho pena que apessar de todas as dificuldades emergentes na sociedade, continuamos a pensar só em nós, no nosso bem estar e pouco preocupados com os outros.
Que apesar de tudo começemos a ser mais solidários e abrangentes com os outros.
Boa preparação para o Natal.
Mas antes, que a solidariedade apareça a 24 mas de Novembro. Que caminhemos todos por mais justiça, igualdade e solidariedade.
Um abraço ou beijinho, dentro das necessidades.
Jaime Matos
sábado, 13 de novembro de 2010
Histórias de Vida - Medo, racismo ou precaução
Parou, olhou em volta e escolheu o local onde se queria sentar, sem antes pensar com os seus botões que estava a ficar medricas.
Na semana anterior tinha perdido por pouco o comboio das 20,00 horas e teve de esperar pelo seguinte.
Quando entrou na carruagem esta estava vazia e sentou-se no primeiro lugar que lhe apareceu. Quando o comboio estava quase a partir entraram três mulheres, negras, que se sentaram nos lugares ao pé da Eva.
A que se sentou ao seu lado, quando o fez, deu-lhe uma cotovelada e, nem se dignou pedir-lhe desculpa.
A que se sentou à sua frente ferrou-se a dormir e ninguém a ouviu durante toda a viagem.
O problema foi o comportamento das outras duas. Iam entretidas a comer castanhas, cruas, a cuspirem as cascas e a Eva continuou a levar cotoveladas durante a viagem.
Cada vez que levava uma cotovelada a Eva olhava para a sua companheira de viagem que nunca se deu ao trabalho de lhe pedir desculpa nem de cuidar se quando cuspia as cascas a atingia.
A situação estava a ficar deveras desagradável para já não falar que conversavam animadamente, aos gritos, mas as em crioulo.
A Eva cada vez se encolhia mais no seu lugar até que a outra mulher que estava sentada ao lado da que dormia, disse meio em crioulo meio em português, para a outra ter cuidado que ainda partia a “branquela”.
Quando ouviu isto a Eva olhou em volta e reparou que 90% dos passageiros da carruagem eram de cor negra e pensou com os seus botões que o melhor era aguentar calada porque ninguém viria em seu socorro se o caldo entornasse.
Quando as duas mulheres saíram a Eva respirou de alívio sem deixar de reparar na sujeira que tinham deixado no chão e nos bancos do comboio.
Olhou para a que estava à sua frente e reparou que tinha um bonito penteado entrançado, olhou melhor e, reparou que no dito cabelo se passeava um bichinho.
- Será algum piolho?
- Mau, mau só me faltava agora apanhar piolhos para completar a viagem.
- “Não, não é racismo mas sim medo” - pensou a Eva com os seus botões - “A partir de determinada hora tenho de começar a ter mais cuidado onde me sento, porque isto hoje, podia ter dado para o torto.”
A Eva recordava tudo isto quando se sentou ao lado de uma mulher de cor, com bom aspecto.
- " Hoje a viagem vai correr melhor"- pensou ela.
- Estarei a ficar medrosa? interrogou-se
- Não, não é medo nem sequer racismo, é, apenas precaução. Concluiu a Eva após se ter sentado.
__________________________//______________________________________________________
Bom domingo
Um abraço
Ana
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
"Antes tarde que nunca"

- Por onde andariam quase todos os bloguistas e restantes formandos?
- Porque foi adiado sine die, o almoço de convívio que tanto expectávamos?
- Será que as pessoas podiam ter mudado tanto?
Hoje e após alguns tempos de reflexão e após a mensagem do Virgílio, decidi voltar novamente, espero mais regularmente, para dizer nem que seja o que me vai na alma.
Para a Ana, coragem sem excepção, não posso de deixar o primeiro beijinho. admito que não sou muito virado para a poesia, nem para a prosa, mas gosto de ler todas as suas histórias e apontamentos. Não tenho muito jeito para escrever, mas gosto de ler e reflectir.
Para o Virgílio, grande Amigo, Homem eternamente grande, um abraço de saudade. Quando penso nesses tempos passados juntos com a maior harmonia e sinceridade, não posso de pensar numa grande pessoa e num amigo sempre coerente e sempre com uma pontinha de reflexão, obrigando-me a questionar .
Para o Egídio"Pai e Mãe" do blogue, grande companheiro de estadia, sempre com o lugar de estacionamento reservado "que saudades deve ter a EMEL de ver esse carrito sempre no mesmo sítio", com a enorme capacidade de conciliar e de espicaçar para motivar, grande impulsionador de um almoço "esquecido". um enorme abraço de amizade, Temos falado "pouco" por mail, mas já tenho saudades de falar pessoalmente.
O Luís, esse companheiro de viagens e do dia-a.-dia, não preciso de dizer nada, pois tenho a sorte de o ver todos os dias e de o abraçar.
Para os outros, o António, ainda me manda mails, mas para todos os outros, um grande beijinho e abraços de saudade.
Já disse que a vida dá voltas, mas uma volta tão grande que não tenham dito mais nada?
Sei que todos temos muito mais vida para além do blogue, mas sem os amigos, a vida não vale de nada. Na minha profissão, e porque vejo muita coisa, defendo e pratico que devemos viver a nossa vida no dia-a-dia, se possível rodeado daqueles que mais queremos .
Zé Rui já és Presidente? grande amigo.
Para terminar e tendo a noção que estive um pouco afastado só fisicamente, queria propor-vos um desafio.
Que tal marcar um almoçarito com comida tipicamente beirã, em Castelo Branco par o início de Janeiro? Pode ser que seja o recomeço de grandes momentos de grandes tertúlias.
Por agora beijos e abraços dentro das necessidades,
Sempre amigo, Jaime Afonso de Matos
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
MAIS UM CRIME EUROPEU!
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Sabedoria do Mundo
Não fiques em terreno plano.
Não subas muito alto.
O mais belo olhar sobre o mundo
Está a meia encosta.
"Friedrich Nietzsche "
Formação - Saiu-me a Fava
CARTA ABERTA COM SENTIDO...
domingo, 7 de novembro de 2010
Esperança
Espremo o sol num poema, e bebo o sumo.
Pode muito esta humana fantasia!
Navegava a direito, no meu rumo,
Qundo nisto,
A monção
Desvia-me das velas a ilusão
E atola-me num mar de calmaria!
Mas resisto,
Embebedo-me assim na solidão,
E aguardo que renasça a ventania....
"Miguel Torga"
Será que vale a pena continuar?
Ontem, numa conversa sobre o nosso Blog, disseram-me que não fazia sentido, para eles, eu, continuar a escrever num Blog colectivo, em que só eu, praticamente, escrevo ,embora sublinhassem que gostavam do que eu escrevo, e sugeriram-me que criasse o meu próprio Blog.
Lembrei que o Blog tinha sido criado para substituir a Mesa da Poesia que tinha funcionado tão bem durante a nossa formação à distância, e que o nome do Blog se tinha inspirado em duas personagens fictícias que tínhamos criado no nosso bar virtual o Dagoberto e o Malaquias.
Que a ideia de se ter criado o blog, tinha sido minha e do Virgílio para manter os laços que se tinham criado durante a formação que tinha durado quase um ano,e para, sobretudo, mantermos o espírito da Mesa da Poesia.
Adiantaram , ainda, que achavam que o facto de no nosso Blog estar a imagem da sede da CGTP, e de haver links para o site da CGTP e do IBJC, poderia ser inibidor porque as pessoas não gostavam de se expor, melhor de correr riscos ou de serem conotadas com essas organizações. Argumentei que, como era do conhecimento geral, tínhamos frequentado o curso no IBJC, cujas instalações ficam situadas no mesmo edifício e que o facto de o criador do Blog ser dirigente sindical talvez tivesse influenciado esse facto, que a mim não me fazia impressão nenhuma mas se eles achavam isso que participassem no Blog e propusessem a retirada da imagem, que quanto ao risco, os Blogistas podem, se o desejarem, manter o anonimato.
Esclareci que o Blog, pelo menos para mim, não era nenhum espaço de militância política, eventualmente civica, mas uma forma, actual, de comunicarmos uns com os outros, os ex-formandos e os ex-formadores e que tínhamos um espaço mais reservado para debater, em privado, as questões relacionadas com a SST (Segurança e Saúde no Trabalho) mas que, infelizmente, também não estava a funcionar.
Lembraram-me que o Virgílio tem o seu próprio Blog em que escreve regularmente e outros membros do grupo também participam noutros blogs!!!! que se os participantes/membros, têm tempo para espreitar porque é que não dizem nem um olá, um viva, um tudo bem?
Em suma conseguiram criar-me a dúvida se vale a pena continuar a acreditar na existência de um grupo, cujo espírito de pertença, pelo menos, aparentemente já era.
Coloco-vos a questão:
- Será que o grupo ainda existe?
- Vale a pena continuar com o Blog?
Um abraço do tamanho do Mundo
Ana Fernandes
sábado, 6 de novembro de 2010
Histórias de Vida - Solidão!!!!
Quem se deliciava com isso eram os turistas, era vê-los de manga curta a passear pela Baixa com um ar de contentamento, a Eva olhou , em frente, e viu o Castelo de S. Jorge iluminado.
- “Que bonita que é Lisboa” – pensou mais uma vez.
Sem dar conta os seus passos levaram-na para a rua onde a Maria José, a sem abrigo costumava estar, olhou para o relógio da Praça D. Pedro IV e pensou que àquela hora já não era costume encontra-la.
Deu com a Maria José no sítio habitual, mas sentada no chão, com o ar mais triste deste mundo. Aproximou-se e entregou-lhe a moeda habitual e perguntou-lhe como estava.
-Triste. - Respondeu-lhe ela.
- Porquê?
- Ele (cãozinho) está doente.
Efectivamente o cãozinho estava a dormir ao seu colo, e nem quando a Maria José lhe levantou o focinhito, abriu os olhos.
A Eva perguntou-lhe se já o tinha levado ao veterinário e a Maria José mostrou-lhe os medicamentos.
Não quis entrar em pormenores, porque a Maria José dizia, sempre, que o assunto era o cãozinho, que tinha uma senhora sua amiga a quem recorria quando o cãozinho estava doente e de quem recebia sempre ajuda.
Perguntou-lhe se não seria do frio da rua se continuavam a ir dormir ao pé do Aeroporto, no anexo, que lhe tinham dispensado.
O olhar triste e cansado da Maria José desmentiu as suas palavras:
- Que sim que continuavam a ir para lá dormir.
A Eva queria acreditar nisso mas o certo é que a Maria José estava com um ar abatidíssimo, com ar de quem dormia na rua e não num anexo.
A sua, pouca, bagagem, arrumada atrás das suas costas demonstrava a sua condição de sem abrigo.
A Eva não se sentiu com coragem para insistir no assunto. Que direito é que ela tinha de fazer com que a Maria José se sentisse ainda pior.
Perguntou-lhe se continuava a desenhar e a Maria José respondeu-lhe que agora que vinha o Inverno se ia dedicar ao desenho e à pintura.
- Já tem os materiais?
- Não, mas hei-de arranjá-los.
A Eva despediu-se e recomendou-lhe que recorresse à ajuda da Santa Casa, a algum abrigo, enfim que se protegesse.
A Maria José agradeceu-lhe o cuidado e disse-lhe:
- Que Deus a proteja!
E quem é que a protegia a ela? Interrogou-se a Eva, quando se voltou para trás para olhar mais uma vez, a Maria José e o seu cãozinho, e reparou na volta que os transeuntes davam para evitarem aquela mulher, sentada no chão, e de mão estendida.
__________________________________________//_________________________________________
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Esperança
Sei o teu nome, e chamo-te em silêncio.
Não quero despertar
O rancor assassino
Dos guardas vigilantes
Que te negam....
Vem, se puderes passar
Através do seu ódio secular,
A única tarimba onde sossegam.
Ah, que festa haveria nos meus braços,
Se batesses à porta, como outrora!
Toda a casa acredita nessa hora,
E ouve, em sobressalto,
Cada leve rumor que se aproxima...
Vem, se puderes passar.
Vem, se puderes mostrar
A eterna juventude que te anima.
"Miguel Torga"
______________________________//_____________________________
Um abraço
Ana
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Histórias de vida - Sentimento de culpa
Tinha-se levantado naquela manhã com a firme determinação de ir ao cemitério. Não era por se estar a aproximar o dia de finados, mas sim porque era uma rotina que já mantinha há oito anos. Tantos quantos havia desde que o seu pai falecera.
A manhã estava chuvosa, parecia um dia de inverno, mas a Eva não ia desistir dos seus propósitos.
Comprou as flores no vendedor habitual, à porta do cemitério, pediu o balde emprestado e dirigiu-se para o local da campa do seu pai.
O cemitério estava praticamente vazio. Tratou da campa do seu pai e não pôde deixar de se lembrar que o seu pai tinha sido sepultado duas vezes. A primeira aquando do seu falecimento e a segunda decorrido três anos após essa data, porque a gestão do cemitério não tinha atendido ao seu pedido, para aguardar mais algum tempo pois, ainda era cedo demais para proceder à exumação. A Eva gostava de não ter tido razão, mas tinha tido, e o seu pai voltou a ser sepultado no mesmo local.
De seguida dirigiu-se para o ossário da sua mãe, onde colocou as flores habituais sem esquecer a rosa que colocava sempre em nome dos netos.
Chovia torrencialmente e viam-se as pessoas do costume, todas idosas, não se via um jovem no cemitério.
A Eva pensou:
- “As pessoas evitam os cemitérios com medo dos mortos mas dos vivos é que devem ter medo.”
Iniciou o caminho de regresso, continuava a chover torrencialmente, e, não pôde deixar de sorrir. Um motar sénior, com o capacete ainda colocado e, com duas rosas na mão dirigia-se apressadamente para o local onde estas seriam colocadas.
De repente reparou numa senhora muito velhinha, parada, no meio da rua que dividia as campas, a falar sozinha.
Dirigiu-se a ela e perguntou-lhe se precisava de ajuda.
- Que não só não sabia bem onde ficava a campa.
- Veio sozinha?
-Vim com a minha filha, mas como ando devagar ela foi à frente.
- Vá devagarinho, ali à frente estão dois funcionários do cemitério e se não encontrar a sua filha peça-lhes ajuda – recomendou-lhe a Eva antes de se despedir.
Dirigiu-se para o carro e mais uma vez doeu-lhe a alma. Lembrou-se das palavras da sua amiga médica:
-“ Fizeste tudo o que era possível era impossível tê-los em casa.”
Seria! Mas o sentimento de culpa de os seus pais terem passados os últimos meses de vida internados, numa casa de saúde, nome pomposo para o lar e de não terem falecido em casa, não a havia de abandonar enquanto fosse viva.
Entrou no carro limpou a cara da muita chuva e das lágrimas da tamanha saudade que sentia dos pais.
_______//_____________________________________//____________________________________
domingo, 31 de outubro de 2010
Frustação /abandono
Não sei se é da chuva se da triste telenovela a que fomos sujeitos com a "história " do orçamento para 2011, mas este verso não me sai da cabeça.
Hora de abandono
Não dizer nada, chorar.
Chorar como uma criança
Que já não tem confianaça
No próprio Deus da doutrina.
Não dizer nada, chorar
Até o pranto coalhar
Na lucidez da retina.
Miguel Torga
Um abraço do tamanho do mundo e por favor, deixem-se ouvir.
Ana
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Histórias de Vida -" Náusea"
Tinha começado a sentir-se assim logo a seguir a ter assistido a um debate num estação de televisão, em que os “analistas” riam que nem uns alarves quando o tema era a situação do país. Ainda por cima o debate era moderado por uma jornalista.
Foi o deboche total riram a bandeiras despregadas e terminaram a sessão a comentar os últimos livros que tinham lido e a presentearem-se mutuamente com eles.
A Eva fazia um esforço enorme para continuar a acreditar que o nosso País tinha solução e aquilo tinha sido demais. Tinha-lhe “mexido” com os nervos.
Naquela quinta feira, às sete da manhã, na sua viagem de comboio para Lisboa, tentou concentrar-se na leitura mas não conseguiu, no banco à sua frente, ia sentada uma criança que não devia ter mais do que três anos a tentar comer uma sandes mista. Ao seu lado a mãe comia tranquilamente, também uma sandes, nada preocupada com o facto de o comboio não ser o local mais indicado para uma criança tomar o pequeno-almoço. A sensação de náusea que a Eva sentia aumentou.
Escusado será dizer que a criança nada comeu e quase no fim da viagem os pontapés que a Eva levou, estava sentada frente a ela, foram mais que muitos, porque a criança fez uma birra e a mãe não esteve com meias medidas e deu-lhe umas palmadas.
Não foram os pontapés que a Eva levou que a fizeram sentir-se mal. Foram sim as palmadas que a criança levou.
- “Estupor de País que trata tão mal as crianças.” Pensou a Eva ao dirigir-se à Praça do Rossio.
Era demasiado cedo para ir para o seu emprego, iria atrapalhar as senhoras da limpeza, e resolveu ir dar uma volta para fazer tempo.
No Rossio foi alertada pelos gritos estridentes de uma gaivota, a chamar o seu bando e deu consigo a pensar que até os animais tinham espírito de grupo, só no nosso País é que o espírito de grupo, de equipa, era cada vez menor.
Olhou em frente e ficou espantada com a fila que já estava à porta da “Casa da Sorte” à espera que abrisse. O desespero era tanto que as pessoas pensavam que a Lotaria o Totoloto, etc., lhes iria resolver a crise pessoal. – “Pobre País - pensou a Eva - ou melhor pobres de nós”.
Às nove e tal da noite, na viagem de regresso a casa, a Eva sentia-se “mortalmente” cansada quando o seu telemóvel tocou era uma das suas filhas, preocupada, a perguntar se não vinha jantar.
O comboio ia praticamente vazio, - “Pudera quem é que trabalha até tão tarde” pensou a Eva.
A sensação de náusea tinha-a atormentado todo o dia e parecia que não iria conseguir livrar-se dela.Tentou concentrar-se, na leitura, mas não conseguiu.
Perto da sua estação o telemóvel voltou a tocar. Era a sua filha mais velha a pedir-lhe que saísse por determinado lado da estação porque estava à sua espera. A sensação de náusea começou a dissipar-se.
Quando chegou a casa toda a família estava à sua espera para jantar.
Pensou: - Se este País tivesse espírito de família, de comunidade talvez a crise não fosse tão grande.
Sentou-se à mesa, olhou em volta, sentiu a ternura que andava no ar e, a sensação de náusea passou-lhe.
__________//______________________//____________________
Um abraço do tamanho do mundo.
Ana
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
NEGOCEIA-SE A FOME!!!
domingo, 17 de outubro de 2010
Histórias de Vida ..... Tão pouco que era preciso
Institivamente abriu a mala e retirou do porta moedas uma moeda de 2 euros.
Quando chegou ao pé da sem abrigo entregou-lhe a moeda sem esta ter de lha pedir.
- "Olha ......(Nome do cãozinho) esta é das grandes. Grande amiga. Que Deus lhe dê saúde e muito boa sorte."
A Eva estava cansada, continuava a sentir-se triste, mas parou e perguntou-lhe se continuava a viver "a dormir " no tal anexo perto do aeroporto.
- Quando tenho dinheiro para voltar no dia seguinte sim, senão durmo aqui mesmo na rua.
- Mas porque é que não pede ajuda à Santa Casa, à Segurança Social?
- Roubaram-me o cartão de cidadã e os documentos dele (Cãozinho) mas já tive apoio para os substituir. Eu já tentei obter apoio, vou para lá e estou horas à espera que me atendam. Sabe eu descontei para a Segurança Social. Já me dava por satisfeita se me pagassem o passe.
A Eva ganhou coragem e perguntou-lhe o nome e, mais uma vez, ouviu a história da sua viuvez e de como é que tinha vindo parar à rua.
- Drogas não,nunca, mas às vezes bebo uma cervezinha a mais. Sabe tenho vergonha de pedir e assim arranjo coragem, e forças, para continuar na rua, não consigo arranjar trabalho e se não pedir não como.
A conversa continuou durante mais alguma tempo e de repente a MªJosé, é assim que se chama, retirou, do seu saco, umas páginas de um livro, com pinturas e disse:
- Precisava de arranjar papel e aguarelas para fazer desenhos, sabe eu desenho bem e tenho cada vez mais vergonha de pedir. Agora, com a crise as pessoas cada vez dão menos.Se tivesse materiais em vez de pedir, vendia os desenhos.
A Eva despediu-se a pensar onde iria arranjar um estojo de pintura para oferecer àquela sua amiga.
Nos dias seguintes deu consigo a olhar para as montras das lojas da especialidade e a constatar o preço elevado desses materiais.
Não viu a Mª José qaundo voltou a passar pelo mesmo local e pesnou:
-Será que arranjou dinheiro para os transportes e já foi para casa?
- Quem sabe!
terça-feira, 12 de outubro de 2010
VINTE E DOIS ANOS
sábado, 9 de outubro de 2010
HISTÓRIAS DE VIDA - Uma pequena esperança.
- "Uma pequena esperança, mesmo uma esperança sem esperança, não prejudica ninguém."
Lera-a há muito tempo num livro de um dos seus autores favoritos John Steinbeck e ,não lhe saía da ideia, será devido ao estado do nosso País pensava ela nessa manhã chuvosa.
Voltou a lembrar-e dela quando, às sete horas da manhã reparou que já estava um vendedor, na estação de caminhos de ferro, a oferecer guarda chuvas.
Veio-lhe à memória durante o dia quando reparou na quantidade de vendedores de guarda chuvas que tinham "invadido" a Baixa.
Lembrou-se dela à noite quando respondeu, com um sorriso, às nove da noite, que não obrigada, não precisava de chapéu de chuva, ao mesmo vendedor que tinha encontrado nessa manhã.
É apesar desta " crise" enquanto à vida há esperança pensou a Marta pouco antes de adormecer.
_____________________________________________________________________________________
Bom fim se semana
Ana
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Não há Inocentes... são todos culpados!
sábado, 2 de outubro de 2010
HISTÓRIAS DE VIDA
Na véspera tinha ido lanchar com uma amiga, a Marta, que lhe tinha dito que a achava muito triste e perguntado se estava com algum problema para além da crise em que todos estávamos mergulhados.
A Eva tinha-lhe respondido que os últimos meses não tinham sido nada agradáveis a nível profissional e para resumir tinha dito que se a desilusão matasse já teria certamente caído redondinha para o lado.
Enxugou as lágrimas para que a família não a visse naquele estado enquanto pensava no que tinha passado nos últimos meses.
Tinha aceitado um novo desafio profissional que se lhe tinha apresentado como a possibilidade de ter uma vida mais tranquila e sobretudo mais próxima de casa, o que lhe permitiria passar mais tempo com a família. Puro engano, ainda tinha menos tempo para a família do que quando trabalhava a centenas de quilómetros de Lisboa. Era "obrigada" a trabalhar muito para além do horário normal tal a sobrecarga de trabalho. Cada vez que marcava férias tinha de as alterar porque lhe marcavam compromissos para os períodos em que deveria estar de férias.
Andava esgotada e sobretudo muito magoada com a falta de ética de trabalho que cada vez vinha mais ao de cima.
Pensou numa frase que a sua mãe lhe dizia frequentemente:
- “ A dissimulação é uma qualidade quando o excesso de franqueza nos põe em perigo”.
- “Não se trata de excesso de franqueza, não sou capaz de ser dissimulada, de dizer que concordo quando se está a cair em erros sucessivos”. Pensava a Eva enquanto se lembrava de uma cena deveras desagradável que tinha vivido, na última semana, e no seguimento da qual tinha redigido a sua carta de demissão.
Não a tinha, ainda, entregado, porque alguém da entidade para a qual trabalhava se tinha apercebido da situação e lhe tinha pedido calma e mais algum tempo.
Era-lhe difícil manter a calma perante tanta tacanhez de espírito, mas a Eva sentia-se mais tranquila, apesar da noite não dormida, ia deixar passar mais algum tempo, mas se as coisas não mudassem quem se mudava era ela. Nunca tinha tido medo de ir à luta e não era agora que ia começar a ter medo de dizer o que pensava.
_____________________________________________________________________________________
Um abraço do tamnaho do mundo e deixem-se ouvir.
Ana
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Para onde vamos, Quem assume o Leme?
Se alguns tiverem a memória para conseguirem fazer um “rewind” na sua “fita” magnética alguns anos, talvez seja possível encontrarem frases no ar tais como: A Europa dos cidadãos, A Europa dos direitos e oportunidades, a Europa da economia social e do progresso, a Europa Solidária, a Europa da Paz e da cooperação, entre outras. Se puxarmos mais atrás a bobine, talvez alguns se lembrem de frases como Sociedade sem classes, Sociedade Solidária, Educação gratuita, Igualdade de oportunidades, Serviço Nacional de Saúde Tendencialmente gratuito e universal, Trabalho para todos com direitos e deveres, Justa distribuição da riqueza produzida, entre outras também.
Tudo isto, inscrito na constituição da República, não necessariamente com estas ordens e frases, constituía para os cidadãos alguma segurança quer nos valores, quer nos direitos.
Penso para mim que 2003 depois de uma era “cavaquista” de aproveitamentos de dinheiros públicos e/ou mal utilizados, é o tal ano de viragem de muitos dos conceitos sociais aceitáveis e que muitos dos países civilizados os resguardam ainda “religiosamente” não sendo por isso que as suas economias sejam diminuídas, antes pelo contrário.
A partir do ano em que um tal primeiro-ministro tem a “lata” de dizer na sede da Democracia Portuguesa que o nosso país estava de “tanga”, nunca mais a esperança com que cada um tem o direito de viver, sorriu, antes pelo contrário.
Nessa altura, dão-se mudanças estruturais radicais no “puzle” Português e Europeu que conduziram sem qualquer margem para dúvidas ao estado actual de esmagamento dos mais pobres ou remediados pelos muito ricos. A Luta de classes põe os poderosos com cada vez mais força à custa de incoerentes sectores e organizações que, cognominando-se de organizações de esquerda, nos seu actos, facturam vitórias para a direita mais conservadora ou mais retrógrada que age como uma Monarquia fossilizada.
Chegamos assim, a uma altura da nossa vida, em que a generalidade dos cidadãos, deixa de acreditar perigosamente nos políticos e nas políticas perseguidas.
A verdade é mesmo essa – A propósito de relançar a economia, relançar o emprego e desenvolver as empresas, há um tal “Iluminado” que inventa (?) a criação de um tal Código do Trabalho que com as sucessivas remodelações e contestações, mesmo do Partido que hoje é Poder que diga-se o agravou, não conseguiu nenhum dos objectivos a que se tinham proposto e argumentado quanto aos seus benefícios. Pelo contrário, a desregulamentação do trabalho já de si com regras na prática de aplicação duvidosa, com a Autoridade para as condições de trabalho praticamente imobilizada, com o incentivo á criação das Empresas de Trabalho Temporário que colocam todos os dias trabalhadores temporários nas empresas em trabalho efectivo, agrava-se o tecido laboral com todas estas implicações no tecido social. O desemprego, o desrespeito pela sociedade e o descrédito no futuro está de facto instalado na sociedade sem dúvida nenhuma. É um facto que estamos a perder a luta por melhores condições de vida e cuja volta ou luta pela volta só se conseguirá com lutas profundas, sérias e aguerridas dos sectores democráticos (Associações, Sindicatos, Movimentos, Partidos, etc).
Portugal tem definitivamente e há muito tempo um problema que me recuso ainda, a considerá-lo como intrinsecamente Português: A tendência para desenvolver desigualdades e para distribuir a riqueza produzida de forma disforme. É inaceitável este estado de coisas.
Sabemos que o Estado só pode proporcionar os bens sociais impreteríveis e outros, se tiver dinheiro, se tiver fundos e se tiver política séria. Para a prossecução dos objectivos sociais, os impostos dos contribuintes são assaz importantes. É inaceitável que Um banco ou um qualquer empreiteiro de obras públicas ou outro, pague menos impostos do que os seus trabalhadores – Falo de Justiça e neste caso, de Justiça fiscal.
Creio com todas as bases que o problema de fundo deste País não está nas pessoas. Durante mais de 30 anos, tivemos à frente das finanças e da economia deste país (segundo dizem), os melhores “mestres” nas matérias, catedráticos que ainda hoje “botam faladura” como que não fossem eles também os responsáveis por este estado de coisas. O Problema principal como dizia, está nas POLÍTICAS adoptadas. Mudem de políticas que este Estado mudará certamente.
Acho mesmo assim, que o País tem futuro, porque remadores não faltam para levar esta “grande barcaça” a bom porto. O que falta são timoneiros e homens do leme que não enganem os remadores e que não estejam do lado dos “Adamastores”. Há muito mais vida para além do deficit que o capitalismo mundial nos impõe a cumprir rapidamente e que o Partido Socialista de Portugal com a ajuda dos seus companheiros de viagem se mantém refém. Os trabalhadores não são madraços.
ef
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
SEGREDOS DO DESTINO VIII
Quem diria que a vida lhe reservaria ainda esta surpresa e que seria a sua amiga Sofia a responsável.
“Não há dúvida que a Sofia é muito generosa, sempre foi, não é de agora “pensava a Esperança para com os seus botões.
- Esperança atende o telemóvel, está a tocar. Avisou a Matilde.
Depois de sossegar a filha de que estava tudo bem e de que estava a gostar de Londres, a Esperança continuou entregue aos seus pensamentos.
Mesmo antes de ter recebido a herança, dos pais, a Sofia já era generosa, na disponibilidade de partilhar o seu tempo com as amigas, na disponibilidade para ficar com os filhos das amigas para elas poderem ir trabalhar aos sábados, dia em que não havia escolas abertas, na disponibilidade para despender tempo á procura da prenda certa, na disponibilidade para adoptar uma criança negra,nos anos setenta, o filho de quem ela muito se orgulhava, na disponibilidade para emprestar dinheiro sempre que o mês era mais comprido, etc. etc.
Tão diferentes e todas tão solidárias, a Esperança não sabia dizer quem era a melhor amiga, para ela eram todas iguais.
A Sofia tinha feito sessenta anos e a prenda que dera a si própria tinha sido organizar uma visita a Londres, para si e para as quatro amigas.
- Obrigada Sofia – disse a Esperança.
- Obrigada porquê - retorquiu a Sofia.
- Por nos teres permitido realizar o nosso sonho de adolescentes. Visitar Londres.
A Catarina que até ali tinha estado calada atirou-lhe, provocando-a:
- Não terá sido, antes o teres encontrado o Joaquim no zoo de Londres?
A Esperança sorriu e caiu novamente nos seus pensamentos.
É, tinha sido uma agradável surpresa. Quem diria que o Joaquim podia ser uma boa companhia. Tinham-se encontrado à porta do zoo de Londres, inesperadamente, e tinham feito a visita na companhia um do outro. Tinha sido uma grata surpresa ao fim de tantos anos o Joaquim revelara-se-lhe um óptimo conversador fazendo-a esquecer-se do Joaquim deprimido, que só falava de desgraças e, diga-se de verdade ela evitava encontrar para não ficar deprimida.
-Esperança, chamou a Sofia – Vá, ainda é cedo, anda vamos dar uma volta.
- Não vale a pena Sofia, está noutra, está na Lua, parece uma adolescente apaixonada. Disse a Catarina.
- Quem sabe! Respondeu-lhe a Esperança e continuando:
- São os Segredos do Destino.
FIM
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
SEGREDOS DO DESTINO (VII)
- Não, não fui ao cinema e se tivesse ido?
A vontade dela era dizer à Catarina que o melhor era arranjar outros interesses para além das amigas, pois às vezes cansava, e o pior é que se alguma delas fazia algum programa sem ela amuava.
- Vá lá conta. Voltou a pedir a Matilde.
- No outro dia à saída do cinema, à porta do cinema, na rua, encontrei uma antiga colega dos tempos da escola que me contou que está a participar num projecto muito interessante.
- Que projecto? – Perguntou a Catarina, interrompendo a amiga.
A Esperança tinha vontade de a mandar calar, mas o pontapé que a Matilde lhe deu por debaixo da mesa fê-la parar.
- É um projecto que ela baptizou de regresso à escola. È voltar a estudar.
- Já tenho pensado nisso - disse a Esperança - mas não me vejo com paciência para voltar aos bancos da escola.
A Teresa disse-lhes que já se tinha ido informar e que por agora ia só tentar concluir o 12º ano, que até já se tinha escrito num Centro de Novas Oportunidades e que tinha gostado da entrevista e do “percurso” que teria de fazer para obter o diploma.
A Catarina, não se contendo, disse-lhe:
- Ah, agora já queres voltar a estudar mas quando eu e a Esperança te falámos nisso há uns anos, não quiseste, que não que não tinhas tempo. De onde te vem tanto entusiasmo agora? E, não dando sequer tempo à amiga para responder:
- Vamos mas é escolher para comermos que estou cheia de fome.
- A Sofia ainda não chegou, disse a Matilde, não esperamos por ela?
A Sofia não conseguia nunca cumprir um horário. Ou chegava, muito antes ou muito depois da hora combinada de modo que ninguém tinha estranhado a sua ausência.
Já estavam no café quando a Sofia entrou ofegante.
- Foste correr a Maratona? disparou a Catarina
- Não, respondeu-lhe a Sofia que personificava a calma em pessoa, fui tratar da nossa viagem. Vamos viajar as cinco.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
SEGREDOS DO DESTINO (VI)
Ainda incrédulo perguntou:
- És o Octávio não és?
- Sou – respondeu-lhe o Octávio dando-lhe um grande abraço - e estou tão contente por te encontrar Joaquim.
- Já jantaste?
- Não, ainda não. Respondeu-lhe o Joaquim
- Anda daí.
O Octávio não deu tempo ao amigo para reagir e dando-lhe o braço encaminharam-se para o primeiro restaurante que encontraram
A meio do jantar, o Octávio que não via o amigo há mais de trinta anos e não cabia em si de contente disse:
- Quem havia de dizer que nos havíamos de encontrar à saída do cinema passados tantos anos e ambos já reformados.
O Octávio confidenciou-lhe que se tinha divorciado há pouco tempo e o Joaquim não conseguiu reprimir o espanto:
- Ao fim de quarenta anos, porquê?
- Casámos muito novos, nunca tivemos filhos e na prática já só partilhávamos a mesma casa. Não fazia sentido os interesses não eram comuns, nem sequer as amizades. Acabámos por crescer cada um para seu lado. Vendemos a casa, que era grande demais e cada um comprou a sua casa, mais pequena e continuamos a ser amigos.
- E como é que te organizas no dia-a-dia?
- Como é que tu te organizas sendo viúvo?
- Mal o que me vale é a lavandaria, sobretudo desde que a minha filha foi para França.
- Por falar em França não queres ir fazer um cruzeiro pela Europa?
Os olhos do Joaquim arregalaram-se:
Um cruzeiro era a sua viagem de sonho mas a sua mulher, sempre adoentada, nunca lhe tinha permitido concretizar esse sonho, e depois sozinho nunca tinha tido coragem.
- Não é muito caro? Perguntou o Joaquim sem saber como esconder o seu entusiasmo
O seu problema nunca tinha sido o de gastar o dinheiro que tinha poupado para uma aflição, mas sim a falta de companhia, pensou ele.
O Octávio continuou a dar detalhes, sobre o cruzeiro, e o entusiasmo era tanto que não se aperceberam que todos os outros clientes do restaurante já tinham saído e que por delicadeza ainda não lhes tinham pedido para sair.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
SEGREDOS DO DESTINO V
Estavam nisto quando chegaram as outras amigas e uma delas a Teresa vinha particularmente contente.
A conversa continuou e às tantas a Catarina não se conteve e disse:
- Olhem-me para estas duas almas, a Teresa parece que lhe saiu a sorte grande e à Esperança parece que nem a terminação.
- O que queres - respondeu-lhe a Teresa. Estou mesmo, mas mesmo, muito contente.
- Mau… Há mouro na costa? - Perguntou a Catarina.
- Porque é que para estarmos contentes tem de haver mouro na costa? Perguntou-lhe a Esperança já a começar a ficar irritada.
- Não vejo outra razão para tanto entusiasmo! Respondeu-lhe a Catarina
- Não vês? Ou não consegues deixar de ser Maria Casamenteira respondeu-lhe a Esperança, já irritada.
A Teresa não atava nem desatava, continuava com um sorriso de orelha a orelha sem partilhar com as amigas a razão para tanto entusiasmo.
Vá lá conta - Pediu a Matilde, que até aí se tinha mantido calada a observar as amigas.
- No outro dia à saída do cinema.
- Foste ao cinema e não nos convidaste, disse a Catarina interrompendo-a.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
SEGREDOS DO DESTINO iv
- “ O meu problema é lembrar-me demais”. Pensou ele.
-“ Não parar de lembrar-me do passado e não me entusiasmar com o presente esse sim é o meu problema”.
De que tratará o filme? Perguntou ele a si próprio.
Vou? Olhou em volta e decidiu-se. Já estava farto de andar às voltas no Centro Comercial a ver tudo o que já tinha visto.
Dirigiu-se à bilheteira e comprou um bilhete para a sessão que estava quase a começar, a das seis.
Entrou e ficou à espera do arrumador. Olhou em volta e não viu nenhum.
Lá encontrou o seu lugar pensando com os seus botões. – “Já não há arrumadores? Que antigo que eu sou….”
Gostou do filme, uma história de encontros e desencontros. Custou-lhe a aceitar o fim. E, voltou a sentir a mesma mágoa que tinha sentido quando reviu algumas das imagens do 11 de Setembro.
Vinha a sair do cinema quando ouviu chamar:
- Joaquim ó Joaquim.
- Bem me parecia que eras tu.
domingo, 5 de setembro de 2010
SEGREDOS DO DESTINO (III)
- Nem foste dar uma volta? Perguntou-lhe a Catarina, ainda incrédula.
- Onde e para quê? Respondeu-lhe a Maria Esperança.
A Catarina era amiga de infância da Maria Esperança e ultimamente fazia de tudo para que ela voltasse a ter objectivos. Mas, a Maria Esperança não correspondia, não estava preparada para enfrentar esta fase da vida, a reforma juntamente com a viuvez, andava desanimada e triste.
A Maria Esperança tinha pensado que ao chegar a esta fase da vida estaria acompanhada, mas a vida ou quem sabe o destino não quis assim, nem mesmo os netos cá estavam, estavam todos no estrangeiro com os pais.
Pensar ela que sempre tinha tido como adquirido que os filhos iriam ter uma vida mais fácil por terem mais habilitações. Qual quê, três dos seus quatros filhos estavam no estrangeiro e a única rapariga a Ana, também estava a pensar ir para Itália.
Tudo isto passava pela cabeça da Maria Esperança enquanto ouvia a sua amiga a falar, sem escutar absolutamente nada do que ela dizia.
- Acorda Esperança! Estás a pensar em quê? – Perguntou a Catarina.
Em nada. Respondeu-lhe esta.
Tal como acontecia todos os meses, tinham-se encontrado para o seu almoço habitual e estavam, à espera que chegassem as outras três amigas que, ainda, faltavam.
- Que se passa Esperança? Perguntou a Catarina. – Tu não estás bem.
- Sinto-me sem alento, sem vontade para nada. – Respondeu-lhe a Maria Esperança.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Abraço...

É demonstração de afecto
Carinho e muito amor
É saudade e lágrima
Mas também o calor
Abraço é amar
É querer aconchego
É sentir um amigo
Com todo o seu apego
Podemos abraçar
Uma causa uma pessoa
Abraço é abraço
É cingir e cercar
É não sentir espaço
Abraçar uma causa
É o que nos faz sentir
Que quem luta acredita
E nunca deve desistir
Abraçar uma criança
Transmitir-lhe carinho
É dizer-lhe com os braços
Que nunca estará sozinho
Abraçar um amigo
Com toda a fraternidade
E como dizer estou aqui!
Para a toda a eternidade
Abraçar um amor
Com toda a compreensão
É desatar todos os nós
E fazer um laço de união
Vamos assim abraçar
Uma criança, uma causa
Um amigo e o nosso amor?
Custa tão pouco abraçar...
Acreditem não dá dor!
"Se pudéssemos ter consciência do quanto nossa vida é passageira, talvez pensássemos duas vezes antes de deitar fora as oportunidades que temos de ser e de fazer os outros felizes!"
Então, vamos lá! ….
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
SEGREDOS DO DESTINO (II)
Estava assim a modos que desalentada.
Pensou:
"Hoje acordei virada do avesso"
Não tinha preocupações de maior, os filhos estavam criados, e graças a Deus
tinham a sua vida organizada.
A sua reforma não era grande mas tinha-se reformado, ainda, a tempo.
Lembrou-se que era dia de Santo António e que a sua rua ia ficar virada do avesso,
também.
Sorriu, e lembrou-se da agitação de anteriores noites de Santo António, lembrou-se
do seu marido e pensou que o tempo não apaga a dor. Há dias melhores e dias em que
a saudade aperta mais.
Bom pensou ela:
- Vou ligar à minha filha a ver se ela quer cá vir jantar e depois vamos a duas dar
uma volta pelo bairro.
Se bem o pensou melhor o fez.
Mas se já não estava bem pior ficou, a sua Ana já tinha programa combinado.
Disse-lhe que não dava mas para ela ficar descansada que no domingo iria lá jantar.
Não lhe levou a mal mas não lhe apetecia nada passar a noite de Santo António, mais uma vez sózinha, à janela a ver os jovens a passar.
SEGREDOS DO DESTINO (I)
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Desafio ou.....
Vou-vos lançar um desafio, vamos escrever uma texto, uma história, a vários mãos.
Se cada um de nós escrever cinco ou seis linhas não custará nada.
Adianto ou melhor proponho para começar dois personagens: A D. Maria Esperança e o Snr. Joaquim Infortúnio.
Quem começa?
Abraços
Ana
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
A História do Ratinho
" Os direitos existem para ser exercidos na sua plenitude e não apenas quando nos interessa, ou quando quem está no poder é um adversário político."
Citando Miguel Torga (Diário -11/1964):
- Sim vivemos na ambiguidade. Mas é preciso distinguir a que nos é imposta da que escolhemos por cálculo"
Passados 36 anos do 25 de Abril ainda é preciso coragem para lutarmos por aquilo em que acreditamos, tanta ambiguidade, tanto faz de conta, tanto deixa andar... os outros que resolvam,.... não te envolvas que te prejudicas.... não reclames que te prejudicas .. enfim.... tanta .... tanta hiprocrisia.... tanto jogo de interesses, tanta desistência..... tantas cedências....tanto Abril por cumprir.
Abraços
Ana
A HISTÓRIA DO RATINHO
O problema de um é problema de todos
Há muito tempo que não lia nada tão actual e ao mesmo tempo tão ternurento.
O problema é que a natureza humana só olha para o próprio umbigo.
A semana passada ia-me "passando" estava num local público e alguém em voz alta, dizia que se fosse governo acabava com o subsidio de desemprego porque se o subsidio não existisse as pessoas procuravam emprego, como se os empregos fossem de geração espontânea, estão ali ao virar da esquina, como se fosse uma questão apenas de vontade própria.
Deu-me vontade de lhe chamar de estúpido para cima, mas contive-me.
Pobres ignorantes que nem sabem que todos os meses nos descontos, que nós fazemos, para da Segurança Social, uma parte se destina ao Fundo de Desemprego e que anteriormente esse fundo estava separado e que só posteriormente foi agregado.
Enfim... perdoai- lhes senhor porque não sabem do que falam
Beijos
Ana